Macarronada 🍝

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Sinto meu cabelo todo se arrepiar, enquanto penso se abro a porta do meu banheiro, e averiguo sob minha própria sorte... Ou se saio e chamo a polícia... Claro, o mais inteligente seguindo minhas experiências maratonando séries de seriais killer, seria sair do apartamento. Mas claro que eu não fiz isso.

Abro a porta do banheiro, e... Não tinha nada? Nem sinal de ninguém, mas claramente o banheiro tinha sido usado. Tinha uma toalha usada estendida, o vidro do box, e do espelho condensados... Claramente alguém tinha estado ali. Então eu vou passando por todo o apartamento ao concluir que quem quer que estivesse estado ali, já não estava mais... Mas nada tinha sido roubado, nem quebrado. "Porque entrariam no meu apartamento? Principalmente se for somente para tomar um banho? Sei que eu não tenho lá muitas coisas para roubar mas né".

Verifico minha cozinha, e percebo que tinham alguns biscoitos faltando na dispensa, e meu molho de tomate também estava vazio.

— Mas que invasor folgado! Usa meu chuveiro, come da minha comida e vai embora! Mas de certa forma pelo menos não roubou nada... Afinal roubar pra comer não é errado né?...

Digo antes de olhar para meu fogão e ver uma panela fechada. Me aproximo e abro a panela, e dentro dela teria uma macarronada de almondegas e molho vermelho, que ainda estava quente... Mas não tinha carne no meu apartamento antes de eu sair... "Que?... Ele comprou carne? Mas se a pessoa tem dinheiro para comprar carne, porque invadir a casa de alguém para cozinhar e ir embora?". 

Paro encarando aquela panela de macarronada (Que por sinal estava cheirando muito bem) e me pergunto se eu deveria experimentar... Mas e se estivesse envenenada? ou sla com alguma droga para me dopar?! Mas esse pensamento logo muda ao ouvir meu estomago roncar... É verdade, eu não tinha almoçado ainda..

Olho em volta, e decido trancar as janelas e a porta duas vezes por segurança, então olho a panela de novo... "Bom... Se eu morrer pelo menos não vou ter mais que pagar o aluguel atrasado né?...". Então eu finalmente decido pegar um prato e me servir daquele macarrão que parecia tão apetitoso, e depois de colocar ele no prato, ainda olho receoso para ele como se fosse um bicho pronto para me morder... Mas coloco uma garfada na boca e... Meu Deus... Que delícia!

— Até... até que vale a pena ser envenenado após comer algo tão bom...

Bato no meu próprio rosto em protesto interno. Mas que merda eu estava dizendo?! Uma pessoa entra no seu apartamento e te deixa uma macarronada e tudo oque eu digo é que vale a pena morrer por comer algo tão bom?! Só posso estar pirando de vez, sabia que tanta pressão naquele trabalho não ia me fazer bem. "É mesmo... o trabalho...". Engulo em seco após pensar que teria que encontrar outro emprego... Passar por tudo de novo.

Por fim, decido comer o macarrão enquanto pego meu celular e me sento no sofá para procurar algumas vagas de emprego.

Já a noite... Percebo que passei a tarde toda procurando vagas, mandando currículos, e olhando meu instagram (Não necessariamente na mesma quantidade). Suspiro e me levanto do sofá, então decido abrir as cortinas e as janelas de novo, ligar as luzes e ir tomar um banho... Olho pela janela e incrivelmente a chuva torrencial de mais cedo tinha passado, e o céu estava limpo, com uma bela lua cheia lá fora.

Então pego um banco e me sento na janela para admirar a noite... Mas sinto um frio na espinha, a ansiedade do dia não tinha passado completamente, era como se eu não estivesse seguro nem dentro de casa mais... Mas aquele cara... Não tinha sido nada além de... Estranho. "Eu deveria ter tido tanto medo dele?... Talvez se eu não tivesse corrido eu não teria sido demi-". Escuto um barulho vindo da cozinha...

Me levanto, e olho para a cozinha de longe... Porém não vejo nada. Engolindo em seco, pego a primeira coisa que encontro (que era um guarda-chuva meio torto) e tomo coragem para ir até a cozinha... Porém... Não havia nada lá além de um potinho com um restinho de macarronada no chão... Estremeço e decido que talvez meu lar não fosse mais tão seguro, me viro e vou pegar meu celular para ligar para a polícia, mas estranhamente não o encontro. Então vou até o meu telefone fixo (que nem sabia se ainda funcionava), e disco o número da polícia, ainda com o guarda-chuva torto em mãos.

O Preço da CriaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora