O pé de Carol batia freneticamente no chão num misto maluco de ansiedade com nervosismo. Parte de si queria falar, a outra parte rezava para que Natália se pronunciasse, o vento frio da madrugada tocava a pela de ambas o que causava leves arrepios e levava até Carolina o cheiro do perfume de sua amiga. Perfume doce e característico dela, Carol sem perceber deu um leve sorriso, a forma como Natália não muda certas coisas pra ela é apaixonante.Depois de longos minutos em silêncio, Natália que até então não havia dito nada resolveu quebrar o clima.
– O que você veio fazer aqui?- Natália perguntou encarando Carol intensamente.
– Eu vim pra Casa Natália, e-eu precisava voltar, Canadá não é o meu lugar - disse com nervosismo carregado na voz.
– Então por que você foi? - Natália questionou chorosa encarando a fisioterapeuta com lágrimas nos olhos – Por que você foi Carolina? Por que você me deixou? Por que nem se quer pensou em ficar? Por que? - a cada palavra lágrimas caia de seus olhos
A morena ficou em silêncio, podia-se ouvir as batidas aceleradas do seu coração, por um momento ela pensou em inventar qualquer coisa mas seu coração mandou o contrário, já estava na hora de ser sincera com Natália e principalmente consigo mesma.
– Natália...- respirou fundo – E-eu não sei como te responder – prendeu seus cabelos na intenção de acalmar-se um pouco mas era impossível segurar as lágrimas – Lá no fundo a verdade é que eu tentei enganar a mim mesma, eu busquei de todas as formas possíveis fugir desse sentimento, eu quis me enganar mentindo para mim mesma que eu não sentia o mesmo que você, que eu não te amo, que quando você chega meu coração dispara, que teu perfume me deixa embriagada e de dez pensamentos, onze é você - desabafou de uma só vez – Eu tentei Natália, eu juro que tentei...
Os olhos de Natália brilhavam ouvindo tudo aquilo, porém suas palavras não eram capazes de apagar aquele um ano em que esteve longe.
– Por-por que? Por que você fez isso? Se você sente tudo isso, por que você quis fugir? - questionou de cenho franzido enxugando suas lágrimas de jeito desajeitado.
– Porque eu fui covarde - Carol respondeu num sussurro- Eu fui covarde Natália, eu deixei meus medos me dominarem e me assustei, você me apresentou um sentimento que eu ainda não reconhecia, eu não sabia que todo esse sentimento guardado por 25 anos era amor - ela gesticulava com as mãos da forma que fazia sempre – Eu não entendia e tive medo de aceitar e só depois consegui entender porquê foi depois da sua chegada que eu me envolvi com tantas pessoas, eu só estava tentando depositar todo meu amor nas pessoas erradas. Eu nunca consegui amar nenhum deles... Todo aquele amor já era seu- ela falou encarando Natália da forma mais singela possível e automaticamente seu coração foi aliviando e foi saindo um peso das suas costas – Todo esse amor é seu...
Natália não tinha palavras, apenas encarava a mulher a sua frente sem acreditar em tudo aquilo, que por todo esse tempo seu amor era recíproco, que ela não estava amando sozinha. Seu coração pulava de alegria em saber que aquele sentimento tão puro existia em ambas, mas contudo, era difícil deixar de lado tudo que aconteceu.
Seu silêncio permaneceu por minutos, o que pareceram horas para Carol. Natália voltou a olhar para o céu e viu que a noite já estava por se acabar, o sol ainda não aparecia mas o céu já não estava na imensa escuridão. Ela levantou-se e ficou de pé, apoiando seus cotovelos sobre o parapeito enquanto sua cabeça descansava sobre suas mãos cobrindo seus olhos, sem ao menos perceber mais e mais lágrimas caíram de seus olhos dando início a um choro, um choro cheio de dor, de amor, de felicidade, de angústia, cheio de sentimentos que ela não sabia explicar ou se quer sentir de forma normal. Até porque Natália nunca fora normal e ela sabia disso.
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REENCONTROS
Romance"Alguns amores nunca morrem, apenas se apagam por um tempo" "Ela foi embora! Me declarar para Carol, falar o quanto eu a amo foi inútil, foi perca de tempo. Foi na manhã de uma segunda qualquer que eu vi a mulher da minha vida ir embora sem olhar pa...