-Que zona é essa!?- Amara repreendeu os quatro jovens adormecidos no chão do mesmo quarto. Todos pularam no mesmo instante, de rostos inchados e olhos fundos... -Raquel, anda logo, estamos atrasadas.-
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Tia Jesse colocou as malas na caminhonete e se preparou para dar carona para as duas, Raquel se despedia enquando sua mãe foi direto para o banco da frente, aguardando quieta e de braços cruzados.
Vó Alice acariciou as cabelos da neta com ternura... -Sentirei a sua falta minha querida.-
Vô Francisco a abraçou ainda tentando e fechar... -Volte quando quiser.-
Maria voou no pescoço da prima... -Não se esqueça de nós, tá?-
Pedro apertou sua mão e piscou... -Não entre em nenhuma confusão sem a gente!-
Até que chegou a vez de Kalebe... -Então você vai mesmo?-
-Eu tenho outra escolha?- Olharam no fundo dos olhos um do outro esperando por alguma alternativa que os permitisse ficar juntos, mas nada surgiu...
-Acho que não...- Apertaram as mãos de cabeça baixa e se distânciaram de uma vez.
Raquel entrou na caminhonete e chorou silêciosamente o caminho todo até a rodoviária, Amara também não ousou dizer nada enquanto a irmã dirigia. Chegando lá, tia Jesse voltou direto pra casa e Amara comprou as passagens para ás quatro da tarde. Quatro da tarde? se indignou por não ter um horário mais cedo.
-Se tivéssemos ficado, não teríamos esse problema. Acho melhor voltar e esperar em casa.- Tentou a filha.
-Não seja cara de pau, Raquel! Vamos esperar o ônibus aqui mesmo!-
-O dia todo?-
-O dia todo!-
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Maria marchou até o cowboy assim que a caminhonete partira... -Kalebe você é muito burro! Não percebe que ela queri que você pedisse pra ela ficar?-
-O que eu podia fazer? Ela escolheu ir.-
-Ela não escolheu nada, foi obrigada a ir!-
-Bom... Agora não tem mais volta né?- Foi para o estábulo e trabalhou o dia todo por lá.
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Ao meio da tarde, Francisco se sentou em sua varanda arrependido, olhava repedidas vezes para sua xícara de café para os campos de seu quintal. Perdido em seus pensamentos, se arrependendo e sentindo ainda mais falta da filha e da neta. Kalebe tirou um intervalo, avistou Francisco de longe e decidiu se sentar ao lado dele, todo suado e sujo do trabalho ele suspirou aliviado por descansar um pouco.
-Não chegue muito perto rapaz, meus maus hábitos podem passar para você.-
-Seu Francisco, tudo que aprendi com você até hoje é puramente bom.-
-Não nesse caso... Queria tanto que minha filha voltasse, mas quando ela voltou a mandei embora sem pensar duas vezes.-
-Já ouviu a parábola do filho pródigo?-
-Tantas vezes... E mesmo assim não aprendi com ela.-
-Acho que não é questão de aprender, mas sim de refletir e praticar. O filho pródigo queria muito sair de casa mas depois se arrependeu amargamente.-
-Ele voltou pra casa arrependido e o pai o acolheu. Eu não fiz isso.-
-Está correto, mas antes de voltar, o pródigo refletiu muito se o pai o aceitaria de volta. Talvez a senhora Amara queria voltar a muitos anos, mas tinha medo que o senhor a rejeitasse.-
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Onde A Simplicidade Mora
RomansaRaquel é uma adolescente rica e mimada que tem tudo o que quer na hora que quer. Após o divórcio de seus pais, ela foi passar um tempo com a família de sua mãe, em uma fazendo no interior. Raquel, contra sua vontade, teve que deixar seu namorado, s...