Está tudo bem agora

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— Hmm… — Gemi devido a dor.

Aos poucos fui tomando consciência do meu corpo. Parecia pesado e quebrado. Devagar, abri os olhos. Era um quarto de hospital?

— Sasuke! Oh meu Deus, finalmente. — Encarei Hinata que estava emocionada.

— Meus filhos! Naruto... — Agitei-me.

— Calma, não fique nervoso, está tudo bem. Seus filhos estão seguros e Naruto saiu por um momento.

Respirei fundo. Estava cansado e ansioso. Quando entrei naquela mata, não pensei muito, bastava sobreviver, mas depois de um tempo correndo, cai em um barranco e acordei aqui.

— Está sentindo alguma coisa? Eu vou chamar o médico!

— Não. Apenas me ajude a sentar, por favor.

— Acho que ainda não pode sentar, mas não fará mal se inclinar um pouco. — Hinata apertou o botão ao lado da cama e regulou a altura devagar. Depois, ajeitou o travesseiro. — Tenha cuidado com seu braço — Olhei meu braço imobilizado e depois para Hinata, inquieto. — Estou tão feliz e agradecida. Só te encontraram dois dias depois do início das buscas pela mata. Naruto não descansou um dia sequer.

— Onde ele está?

— Ele foi resolver alguma coisa, acho que de trabalho. — Hinata desviou o olhar por um momento.

— Eu conheço você quando está mentindo.

— Ele deve voltar em breve, não se preocupe.

— Meu celular, me dê, por favor — pedi, impaciente.

— Sasuke…

— Eu preciso falar com ele. Onde ele está? — O bip contínuo daquela máquina aumentou, logo se tornou irritante. — Desligue isso! Droga! Chame-o aqui!

Onde ele estava?

Por que não está aqui comigo?

Ele me deixou sozinho…

— Se acalme, por favor. — Hinata me abraçou e percebi que estava chorando. Então, me deixei chorar mais ainda. — Está tudo bem, você está seguro.

— Hinata… — Fechei os olhos e tentei relaxar. Era tão difícil.

Hinata acariciou minhas costas com leveza. Ela tinha essa delicadeza. No passado, quando estava esperando Tae, ela costumava fazer isso quando eu não conseguia dormir, era tão bom. Ela foi tão importante. Por que as coisas tinham que ser assim? Ela está aqui mais uma vez tentando não me deixar cair.

O choro foi demorado, mas depois que passou, senti algum alívio. Eu sempre me forço a ser forte. Sempre procuro ser uma melhor versão, mas a verdade é que sou frágil como uma louça de vidro. É tão fácil me despedaçar, eu me remendo, mas a cicatriz fica lá para me lembrar que já quebrei e posso quebrar de novo. Lembrar que uma vez remendado, já não serei o mesmo pois sempre faltará um pequeno caco que de tão pequeno, se perdeu.

Os abusos psicológicos fizeram parte da minha vida. Mesmo os sutis escondidos atrás de olhares arrogantes deixaram marcas. O que eu deveria pensar? Que eu não deveria ter nascido? Por que nascer para viver em um mundo tão pesado? Será mesmo que tudo são provações para um crescimento? Tantos questionamentos…

Se eu não tivesse conseguido fugir…

Pensar nesse “se” parece tão torturante quanto o “se tivesse acontecido”. Eu me sinto sujo, ainda consigo sentir aquela mão asquerosa em meu corpo, consigo sentir seu hálito… consigo lembrar dos meus pés dormentes ao correr dentro daquela mata; no entanto, não era só isso. Tudo se mistura. As palavras de Minato… os sentimentos antigos que voltam e me atormentam…

Folhas de Outono- Narusasu - ABO (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora