IV - a human side

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O crepúsculo do anoitecer tomou conta completamente do quartel general da tropa de exploração. Era tarde, há tempos todos os soldados estavam descansando em seus aposentos, exceto um: Mikasa Ackerman.

Sorrateiramente, ela caminhava pelos corredores na tentativa de não ser pega por ninguém, dirigia-se a cozinha para refrescar-se um pouco com um copo de água, pois a noite nunca havia sido tão quente antes. As goticulas de suor percorriam por todo o seu corpo, suas roupas largas e o cachecol apenas ajudavam a aquecer ainda mais aquele clima abafado, contudo, a garota não conseguia estagnar os pensamentos sobre o que havia acabado de acontecer entre ela e Jean. Os toques, as caricias, os beijos, os abraços, as sensações, as palavras de afirmações... foi tudo tão mágico que seu cérebro ainda estava tentando processar esses eventos. Com toda certeza o que mais lhe surpreendeu foi a tamanha cautela e o respeito que Jean teve com ela. Sempre perguntando se estava tudo bem ou se ela tinha certeza do que fazia, pedindo permissão para toca-la; ele a olhava como se estivesse diante de uma divindade. A começar por isso, foi admirável da parte de Jean todo o cuidado e veneração.

Mikasa chegou a cozinha, encaminhou-se para o filtro de barro em cima da bancada, tirou um dos copos da bandeja e finalmente pode refrigerar-se com um gole de água. Ainda perdida em meio aos seus pensamentos, ela se deu conta que estava sorrindo boba ao relembrar o fato ocorrido instantes atrás. Todavia, a Ackerman com sua guarda baixa, não pode notar que estava sendo observada.

Havia alguém do lado obscuro da cozinha, sentada na ponta da mesa a encarando esdruxulamente, enquanto mastigava o que parecia ser um pedaço de pão cedo. Foi apenas quando a pessoa em questão engasgou-se e tossiu, que Mikasa pôde notar que estava sendo espionada e quem era sua espiã.

— Que susto, Sasha! Não te vi ai! — exclamou Mikasa, em tom de espanto.

— Desculpa! — respondeu a garota batata com um pouco de dificuldade. Ela tomou alguns goles de água para que o pão pudesse descer e assim, para que pudesse conversar com sua amiga. — Pensei que você me notaria aqui.

— No escuro fica dificil. — ela disse, em seguida, puxou uma cadeira próxima a Sasha e sentou-se no lugar — O que você está fazendo aí?

— Bateu uma fome, então vim comer um pouco. E você, o que está fazendo?

— Nada demais, vim apenas beber uma água.

— Hm, você estava toda besta sorrindo para o vento. Eu nunca tinha visto você assim antes.

— É que aconteceram algumas coisas...

— Que coisas? — curiosa, Sasha perguntou.

Um rubor subiu pelo rosto de Mikasa com a pergunta de sua amiga. Ela ainda não havia pensando para quem contaria tamanho acontecimento, ou se de fato contaria para alguém. É evidente que não falaria nada para Armin por razões óbvias, mesmo que ele fosse seu melhor amigo. Sasha por outro lado, era sua única amiga mulher em quem ela confiava totalmente e cegamente, seria conveniente desabafar com ela sobre um assunto considerado feminino.

— Bom, eu fiz coisas... tipo, coisas inapropriadas digamos assim. — ela tentava encontrar as palavras certas para não ser tão direta.

— Existem muitas coisas inapropriadas, Mikasa.

— Eu sei, é que é uma coisa que... — ainda tentando encontrar as palavras certas, Mikasa pensou que seria mais apropriado que ela desembuchar de uma vez o que estava querendo falar. — ah, que seja, eu dei!

— Ah, você deu...

Sasha não pareceu surpresa com a informação e voltou a tomar alguns goles de água. Passado alguns milésimos de segundos, ela constatou o que sua amiga disse ter feito e acabou se engasgando novamente pelo choque da notícia.

𝐖𝐇𝐀𝐓 𝐈𝐅 𝐈 𝐋𝐎𝐕𝐄𝐃 𝐘𝐎𝐔 ★ (𝐣𝐞𝐚𝐧𝐤𝐚𝐬𝐚)Onde histórias criam vida. Descubra agora