Capítulo 2 - Órion

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Órion, de acordo com a mitologia grega, foi um caçador que, apesar de brilhante, recebeu um castigo por seu amor e sua rebeldia, sendo assim fadado a prisão de constituir o eterno tapete negro. O gigante caçador, filho de Netuno, levou o universo ao estandarte da paixão. Ao se envolver com Diana, despertou a fúria de seu irmão, Apolo, que o assolou, tendo assim sua vida fatalmente transformada em poeira cósmica por toda a eternidade. Ainda hoje, como constelação, sua posição no céu ao longo do ano - mesmo que por vezes ocultada pelo pequeno satélite terrestre - é vinculada a um prenúncio das mudanças que estão por vir.

"A rubra pele de leão caiu-lhe

Aos pés, dentro do rio. E a bruta clava

A cabeça do touro já não fere

Voltado, como outrora, quando, junto

Ao mar, cegou-o Eunápio e em sua forja,

Procurou o ferreiro, e a rude encosta

Galgou penosamente, a passos lentos,

Fixando no sol o olhar vazio."

Palavras-chave: rebeldia; castigo; mudança.

🌌🐈‍⬛ #emtodouniverso

Jimin e Jungkook eram mesmo cão e gato, água e óleo, sol e chuva.
Neste universo: incompatíveis.

Bom, mas é claro que nem todo oposto se repele, ainda mais se tratando de uma dimensão aparentemente apaixonada pela física da paixão e pela movimentação cósmica por trás de cada átomo do querer. Como tantas outras vezes, lá estavam os dois, juntos. Parecia até que ensaiavam um ato teatral, visto que, a cena que estava prestes a acontecer no segundo andar daquele bloco era tão corriqueira que nem incomodava os demais moradores ao redor.

Para Jihoon, o morador do 205, era apenas mais uma manhã normal, comumente típica. Ele reparou no garoto de cabelos rosas - conhecido como o "bailarino do segundo andar" - que batia incansavelmente na porta dos irmãos Jeon. Também reparou que o mesmo não tinha se dado a dignidade de vestir uma simples calça. Todavia, mesmo estranhando a oportunidade de vislumbrar os glúteos de seu vizinho, ele cumprimentou Park Jimin - sem receber uma resposta de volta, é claro - como se aquilo já fizesse parte de sua rotina.

Em todo caso, segundos após Jihoon descer pelas escadarias, tudo pareceu estar na mais perfeita harmonia, pois Jungkook abriu a porta de seu apartamento de forma preguiçosa. Dando assim sequência a nossa cena: - Ah. - arregalou os olhos grandes ao ver o bailarino em sua porta. - Muito bom dia, boneca. - usou o braço esquerdo para apoiar na parte alta do batente, mantendo um sorriso afiado, em claro sinal de provocação. Jimin até mesmo deixou um suspiro esquisito sair por entre seus lábios fartos ao perceber o outro tão doméstico, vestido ainda em seus pijamas. Mas não deixou que este esquisito sentimento de familiaridade se espalhasse por seu pequeno corpo.

- Não vem de gracinha, Jeon. - esbravejou, apontando o indicador na cara do mais alto e passando por debaixo de seu braço. Adentrou depressa a pequena sala, mesmo sem ser convidado. - Cadê a Toalha?

- O que?! - o moreno virou-se sem entender. Era como se um furacão tivesse tomado o corpo do vizinho.

O que ele estava fazendo em sua casa, afinal?

- Muito engraçado, Jeon. Agora, chega de graça, tá? Me fala onde você escondeu ela.

- Park, do que exatamente você 'tá falando? - Jungkook se aproximou do garoto, estreitando os olhos em receio, procurando entender o que estava se passando com aquela mente conturbada. Era cedo demais para que sua própria consciência raciocinasse o porquê Jimin estava gritando no meio de sua sala de estar.

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