Capítulo 1

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---"Pai, você não pode estar falando sério!", digo, jogando-me de cara na cama.


"Elena, veja como você vive! Não estuda, não trabalha e gasta toda semana uns 70 mil dólares em porcarias inúteis. Como vou te defender assim?" Meu pai está ainda mais alterado.


Ele irrompeu no meu quarto enquanto eu arrumava algumas coisas novas no closet e agora me segue, gritando sobre o quão irresponsável eu sou. Sei que não estou seguindo o mesmo caminho de sucesso das minhas primas, todas passando em medicina na federal, mas não precisa ser assim exagerado. Somos sócios de uma empresa imobiliária bilionária, afinal. O dinheiro foi feito para ser aproveitado, e eu só tenho 20 anos. É claro que vou gastar um pouco!


"Pai, você quer que eu trabalhe com o Viktor! Aquele velho rabugento do seu amigo é muito bruto. Se eu for secretária dele, ele vai me massacrar. Eu sei que ele não me suporta!", digo, exasperada.


"Claro, você chegou no ponto que eu queria falar! Ninguém te aguenta, ELENA!", meu pai fala, colocando as mãos na cabeça e jogando os braços para baixo, derrotado. "Passei a vida te criando com todo o amor e cuidado para você se tornar essa mimadinha? Eu te dei a MELHOR educação! E você não vai trabalhar com o Viktor..."


"Você vai trabalhar PARA o Viktor! Elena, chegou o fim dessa sua vida de princesa! Cartões de crédito, débito, dinheiro do papai, já era! Você vai morar sob o meu teto, mas se você quiser comprar algo, vai ser com o dinheiro do SEU SALÁRIO! E eu vou logo avisando que você ainda está sendo privilegiada de ser colocada como a secretária de um CEO. Eu podia muito bem te colocar para servir cafezinhos, mas eu quero que você aprenda o que é ter responsabilidade. Você tem educação de sobra para isso, e eu não aguento mais isso ser desperdiçado!", meu pai fala, se aproximando de mim, que estou jogada na cama, quase chorando ao saber que estou praticamente sendo deserdada. É muito azar!


Por que isso agora? E ainda mais ser secretária, que cafona, e eu já sei que vou trabalhar como uma louca! Aquele abusado do Viktor vai querer aproveitar para me humilhar. Ele sempre olhou para mim com aquele olhar raivoso e sem paciência dele. Toda reunião de família que ele vinha, eu tinha que aturá-lo! Merda! Mas vou infernizar a vida daquele coroa até ele me demitir! Aí, pronto, meu pai me dá minha vida de volta. É simples, ansiosa em assinar minha rescisão! Rio comigo mesma.


"Do que você está rindo, Elena? Não estou de brincadeira!", meu pai fala, diante de mim, que me sento na cama e arrumo a postura, fazendo-me de desentendida.


"Não estou rindo, pai! Mas se o senhor acha que é isso que é o melhor para mim... eu aceito ir sem briga. Mas pai, eu só espero que o senhor entenda: se o Viktor não gostar de trabalhar comigo, não sei, pode ser que eu não dê conta. Vai ser tudo muito novo para mim! Eu nunca trabalhei antes e você sabe que eu não tenho a mínima paciência. Mas eu prometo, pai, eu vou dar o meu melhor!", meu pai deixa os ombros caírem como se um peso tivesse saído deles. Sua expressão se suaviza, e ele parece mais calmo.


"Ai, meu Deus! Obrigado, Senhor!", ele fala, colocando as mãos no rosto dramaticamente. Ele pensa que vou aguentar aquele velho, mas não dou um mês e vou estar sendo enxotada da empresa e de volta à Cartier, penso comigo.


Ele me avalia por um momento e finalmente fala: "Você começa na segunda. Vamos aproveitar que é início de mês para não haver nenhum desconto no seu salário. E você vai ter algumas regras. Primeiro! Nada de festas, nada de viagens no final de semana. Você é obrigada a seguir o Viktor em viagens pela empresa. Celular com acesso limitado! Nada de celular durante o expediente e, claro... o Viktor vai mandar em você. O que ele pedir, você faz! E não me interessa se for passar a roupa dele. Você vai fazer com sorriso no rosto. E se tudo correr bem em 3 meses, você pode ter uma surpresa que vai te beneficiar bastante... Então, até lá, comportamento excelente. Viktor vai me deixar a par de tudo sobre você. E se eu souber que você está chegando atrasada ou achando que é dona de algo, ele tem total liberdade de te castigar. Fazer você trabalhar mais horas, limpar os sapatos dele, limpar a sala, eu não sei! Mas o que eu sei é que ele é bem criativo! E muito respeito com ele. Pode até ser meu amigo e sócio, mas você vai chamá-lo de Senhor Ivanov!", ele fala pausadamente as coisas como se eu fosse uma criança, e isso me irrita. Não escondo minha carranca.


Ele passa a mão pelos meus cabelos loiros de forma carinhosa, mas logo se afasta.


"A única coisa que vou te dar antes de tudo começar é um vale em dinheiro para comprar roupas formais. Você só tem panos minúsculos, e isso não é vestimenta para minha empresa." Ele fala e, antes de sair, joga um cartão de vale de uma loja que nunca entrei na vida, mas que as roupas são de alta qualidade, e a maioria em alfaiataria. Pelo menos não vou parecer uma mendiga infernizando a vida do Coroa CEO. Me levanto da cama e já penso em ir comprar as roupas que preciso. Mesmo que eu tenha chegado em casa há pouco, tenho que aproveitar hoje, que é sexta, e tudo está aberto. Comprar essas roupas vai ser divertido.

Já na loja, sou recepcionada por uma vendedora com olhar esnobe, mas nem me importo. Entrego o cartão para ela, que logo entende e vai consultar meu saldo. 

Enquanto ela se retira para ir ver quanto meu pai reservou para minhas roupas de "trabalho", logo começo a ver as roupas disponíveis nas araras: terninhos, calças finas de alfaiataria. Tudo muito lindo, e aposto que no meu corpo vai ficar demais! Quando estou distraída, a vendedora volta com um sorrisinho.


"Bem-vinda à nossa loja, senhorita Petrova! Seu saldo disponível é de 10 mil dólares. Vamos conseguir 6 peças ótimas para você com essa quantia!", minha cara vai no chão. Nunca fui às compras com um valor tão baixo, e 6 peças vou viver repetindo roupas. Me esforço para disfarçar minha incredulidade e encaro a vendedora com um sorrisinho amarelo.


"É só disso que eu preciso...", falo, tentando acreditar nas minhas palavras.Durante o final de semana, convido minha melhor amiga para minha casa para tomarmos um café da tarde. Agora, com essa história de ficar sem dinheiro, tenho que ser mais "caseira". Nada de cafés superfaturados.


"Amiga, e ele ainda disse que eu tinha que obedecer ao Viktor... vê só! Aquele velho rabugento vai fazer eu lavar até o banheiro!", falo, tomando meu cappuccino. Isabella me olha desconfiada, mas logo fala."Mulher, e você está surpresa? Eu achei até que estava demorando. Seu pai está com total razão, Elena. O que você faz além de gastar e viajar?" Ela me olha com expressão de poucos amigos."Isabella, e por que diabos você nunca falou nada? Por acaso você virou minha hater agora?", falo com raiva."Elena, você vai trabalhar de secretária e aposto que vai ganhar muito bem. E vai ser com uma pessoa que você já conhece e tem respeito por você. Onde diabos eu estou sendo hater?" Ela fala, dando de ombros, e bebendo do café preto.


"Isa, entenda! Eu não quero trabalhar. Eu tenho uma fortuna em dinheiro para viver o resto da vida sem precisar fazer nada. Eu tenho uma oportunidade única na vida. Só nessa vida eu vim logo bilionária. Aí, eu tenho que viver que nem POBRE!? É a treva mesmo...", digo, bufando.


"E como você sabe que vai ser só essa vida que você vai vir BILIONÁRIA? E... você precisa aprender o valor do trabalho, não o valor do dinheiro. Porque o trabalho ele edifica o ser humano e dá sentido à vida. E além de tudo isso, você vai ter uma rotina que é muito saudável." Ela diz e coloca a xícara na mesa, levantando-se da cadeira e pegando a bolsa.


"Você já vai? Me esculhamba toda e vaza? E quando a gente trabalha 6 dias por semana, que horas descansa? Que horas eu vou conseguir ir no salão ajeitar as unhas, cabelos, me depilar?" Eu falo, me levantando e acompanhando ela até a porta.


"Eu não disse que era o céu", ela fala e ri da minha cara. 


Isabella sai pela porta e entra no carro. Eu vou correndo para o meu quarto e pesquiso no YouTube: "quando uma secretária tira folga?".

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