Capítulo 2

130 12 0
                                    


---No elevador, subindo para o último andar do prédio, coloco meu pé direito no chão onde fica o escritório do meu "Coroa CEO". Meu salto ecoa no amplo corredor, onde algumas pessoas educadamente se cumprimentam. Não estou preocupada em fazer amizades; meus planos são sair daqui o mais rápido possível. Falando nele...


Saindo de uma sala de reuniões, onde várias pessoas discutiam sobre preços e localizações, meu "Coroa CEO" aparece. Ele está vestido com um terno preto e camisa preta, um visual para ATERRORIZAR minha vida. Levantando o olhar, ele me vê parada no corredor e vem em minha direção com a habitual cara de poucos amigos, passando a mão em seus cabelos grisalhos. Eu me movo de uma perna para outra, observando-o com a cabeça erguida e a bolsa da Hermès a tiracolo.


"Bom dia, Viktor... digo, Senhor Ivanov!", cumprimento com meu melhor sorriso, estendendo a mão para ele. Ele faz uma careta ao ouvir meu cumprimento, pegando meu pulso e puxando-me para perto dele, sussurrando em meu ouvido: "Bom dia, Senhorita Petrova. Espero que esteja pronta para começar seu expediente!" Ele me solta, e eu tenho que bater os pés para me reequilibrar. Olho para ele, surpresa com o tratamento inesperado.


Ele parece perceber meu desconcerto e sorri de forma quase maligna. "Eu não tenho o dia inteiro para ficar esperando você aprender a andar de salto alto. Me siga para a minha sala de uma vez", ele diz, cortando o corredor a passos largos. Sigo-o, tendo que me esforçar para acompanhá-lo, já que ele é bem mais alto que eu, mas mantenho a cabeça erguida e os passos elegantes.


Assim que ele fecha a porta da sala, tenho tempo para observar o ambiente. Contrariando minhas expectativas, as janelas estão fechadas e as luzes são baixas, criando uma atmosfera de cassino. Uma grande mesa de mogno domina o centro da sala, e ele se senta, convidando-me a fazer o mesmo.


Ajusto-me na cadeira em frente à dele, pronta para ouvir o que ele tem a dizer. Ele parece pensativo à primeira vista, analisando-me minuciosamente. Seu olhar penetrante me faz endireitar a postura, preocupada com qualquer detalhe fora do lugar em minha roupa: um colete de alfaiataria branco, calça azul marinho e salto Yves Saint Laurent. Meus acessórios são discretos, mas elegantes.


"Parece que a senhorita tem sido bem complicada de lidar em casa, Sergei me contou tudo sobre seus gastos exorbitantes, viagens sem descanso e eventos exclusivos. Você tem tido uma vida 'agitada', Petrova", ele fala, apoiando os cotovelos na mesa e levando as mãos aos lábios de maneira pensativa.


"Estou apenas levando a vida que eu mereço e tenho direito. Não vejo o problema nisso, e não entendo por que tenho que estar aqui com você me dando sermão. Achei que você seria meu chefe, não meu carrasco", retruco, ríspida, mas contida.


Seus olhos se expandem minimamente diante de minha resposta, e percebo que talvez tenha o surpreendido. "Primeiro, você se engana se acha que não tenho o direito de falar o que quero. Você é MINHA secretária, e nos próximos meses, por autorização do seu pai, eu vou te colocar na linha", ele fala, calmo, ainda me fitando intensamente.


Sinto meu pescoço queimar em vermelho, e ele percebe, baixando o olhar e vendo o efeito de suas palavras em mim. "Sendo sua secretária, quais serão minhas responsabilidades?", pergunto, já sem paciência.


"Senhor Ivanov... melhor começar a se acostumar", ele fala, e depois de um momento, responde: "Vamos começar com o básico para uma secretária: pegar o meu café sempre que eu pedir na cafeteria no andar de baixo", ele diz com um risinho de desdém.


Antes que eu proteste, ele se surpreende com minha calma. "Tudo bem, se é assim que o senhor deseja", respondo com um sorriso falso, passando as mãos nos meus cabelos loiros.


Ele se levanta e ajeita suas abotoaduras com iniciais em ouro. "Sua sala não terá mais uso. Você ficará aqui na minha sala, onde eu possa te ver durante todo o expediente, e só vai embora quando eu for. Esteja avisada", ele decreta. Meu queixo ameaça cair, e me levanto rapidamente, me deparando com seu peito.


"Achei que isso seria um emprego, não uma prisão. Por acaso vai me acompanhar ao banheiro também?", questiono, encarando-o com o rosto vermelho de raiva. Ele se abaixa até meu ouvido e sussurra: "Haverão seus preferidos...", e se levanta rápido.


Meus olhos se expandem com a provocação, mas ele já saiu da sala. Sozinha novamente, percebo minha posição desconfortável de frente para sua mesa, mas de costas para a porta.


Nunca passei mais do que duas horas na presença desse homem, e agora vou passar 8 horas ou mais diariamente. Eu tenho que colocar meu plano em prática; essa tortura não pode ir além do que já está. "Espere para beber seu cafezinho, chefinho...", penso, determinada.

MY BOSS | MADS MIKKELSEN Onde histórias criam vida. Descubra agora