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Olho atentamente para a tela do meu notebook, sinto algo estranho percorrer por todo o meu corpo, um certo arrepio que não consigo entender, algo que não quero que percorra por minha correte sanguínea, mas está indo contra a minha vontade e vagando por minhas veias.

Deixo que meus dedos liberem as palavras que começam a aparecer sobre a minha mente, deixo com que tudo venha e seja escrito no notebook. A música alta sobre os meus ouvidos, deixando o ambiente para a escrita mais e mais perfeita, mas algo me faz parar...

Ele.

Vincent, meu irmão.

Olho para o lado e vejo os seus olhos brilhando de um êxtase que eu nunca vi em seus olhos antes, seus dedos parecem flutuar e dançar sobre as teclas do notebook, seu coração parece que vai pular para fora do seu peito e sua respiração com uma adrenalina fora do comum, mas eu não estou sentindo isso em hipótese alguma, estou completamente normal.

Não estou assim...

Não estou.

Olho para o meu manuscrito e vejo que estou em um completo monótono e irritante livro.

Já Vincent está amando escrever seu livro.

Ele ama escrever romances e eu só estou escrevendo essa merda de romance porque ele também está escrevendo, odeio imensamente quando ele consegue se sobressair por algo e eu não, odeio a forma irritante que ele está agora olhando para a tela do notebook e deixando as palavras saírem rapidamente da sua mente.

Odeio de todas as formas.

Respiro fundo.

Eu deveria...

Escrever outra coisa, talvez assim eu vou ficar fazendo como ele.
Vincent para e olha para mim com o seu olhar irritante e completamente feliz por ter terminado a merda do seu penúltimo capítulo.

— Como está o processo do seu livro Charles? — pergunta ele para mim.

Meus olhos focam nos olhos dele e sobre a minha mente consigo vislumbrar o que eu poderia estar fazendo agora nesse momento, liberando bem devagar a minha raiva imensa que estou sentindo só de estar perto dele, meu coração está saltitando de ódio, me deixando com uma excitação louca de poder em algum momento enfiar em seu coração uma faca completamente afiada enquanto ele geme de dor a cada segundo.

Acho que eu sei...

O que eu devo escrever.

— Não está nada bem mano — respondo com a simpatia que ainda resta em mim.

Ele faz um rosto de pena para mim e isso me deixa ainda mais nervoso. Aperto o meu punho esquerdo que ele não pode ver, e serro a minha mandíbula e escuto os meus dentes serrando a cada segundo.
Eu podia fazer alguma coisa com esse rostinho de merda seu...

Para com isso. Não pensa nessas coisas, você precisa se acalmar Charles.

— Talvez o seu gênero não seja o mesmo que o meu Charles, tenta um que você consiga se aventurar na escrita como se estivesse voando a cada segundo, como se você estivesse naquele mundo — sua resposta faz com  que eu sinta mais inveja.

Respiro fundo.

— Verdade, irei tentar agora algo novo, acho que já sei completamente qual é o gênero que eu irei tentar — respondo e vejo ele saindo completamente feliz.

Olho para o notebook e fico parado como se estivesse em transe, repetindo em minha mente o nome dele a cada segundo, com um certo ódio que não consigo entender, uma raiva e uma certa ambição por tudo o que ele faz, a cada letra do seu nome que é repetida em minha mente a minha raiva aumenta.

Devo tirar isso da minha cabeça...

Preciso tirar.

Devo.

Não posso ficar assim...

Não.

Fecho os olhos e deixo o nome pairar sobre a minha mente...
Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent  Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent  Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent  Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent Vincent  Vincent  Vincent  Vincent Vincent Vincent...

Eu quero tanto... matar você.

O sussurrar da Inveja Onde histórias criam vida. Descubra agora