O tempo não passa.

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["Tudo vai, tudo vem..."
"Você já foi."
"E agora?"
"Quando vai voltar para mim?"]

"Não me lembro qual a última vez que andei de metrô, seria bom largar o carro por hoje?" Foi o que pensei antes de deixar meu carro estacionado na quinta avenida e sair caminhando até a estação de trem mais próxima. Os dias tem sido cansativos, muito trabalho, muitos problemas, mas no geral, bom.

Sonhos são apenas sonhos até que ponto? Não sei ao certo, mas...prefiro acreditar que são. Seria um problema ter uma obra prima andando por aí. Sim, obra prima. Se está em um sonho, obviamente é um sonho. - Por mais que eu queira que não.

O telefone vibra em meu bolso, mas devido ignorar, já tenho coisas o bastante na mente.

"Em meio a faces ilusórias, presenças tão irrisórias."

Música certeira, ponto chave em minha vida. Há quanto tempo eu não saio? Há quanto tempo ainda estou preso nesse ciclo vicioso de pensamentos e ações? Não faço ideia, mas hoje a rotina vai ser quebrada. Não quero mais me entregar a sensações superficiais, quero sentir, sentir de verdade. Em toda a minha vida eu nunca pude ter uma paixão, um amor. As pessoas parecem tão vagas, vazias, desinteressantes. Como posso confiar meu coração a alguém se a impressão que todos passam é de apenas uma postura temporária?

"A moral é relativa, o preto e o branco se misturam e, no fim, pessoas ainda são pessoas."

Acho que posso concordar com isso por ora. Mas, já chega de pensar por hoje, Zoro.

Balanço minha cabeça negativamente, me livrando dos pensamentos e divagações que me assolam. Caminhando por entre pessoas e mais pessoas, compro um bilhete para o lugar mais longe possível de casa. Minha cabeça está totalmente vazia ao entrar no vagão, a estação lotada vai se distanciando a medida em que olho pela janela, deixando apenas a parede escura aparente, até eu me virar para o outro lado. O sol do entardecer tenta mostrar seus últimos raios lá fora enquanto as nuvens vão o engolindo gradualmente. Chegando à plataforma, saio pela porta que se abre para as demais pessoas, saio sem saber sequer onde estou.

Um suspiro se faz presente, apenas observo os outros saírem de seus vagões, mas meus olhos encontram os de outra pessoa. Ele parece, estranhamente familiar, familiar até de mais. Nossos olhos se encontram, meu coração chega a parar por um momento, que sensação é essa? Ele é tão lindo, é o sonho que eu venho sonhado, quando fecho meus olhos é ele quem eu vejo, quando estou cansado apenas de pensar nele isso vai embora. Ele é real? Isso tudo é real? Aqueles cabelos praticamente dourados são a coisa mais majestosa que eu já pude ver, seus olhos...tem um mar inteiro neles, tão profundos e ao mesmo tempo cristalinos. Parecem refletir tudo o que há em mim, é como se vissem através da minha alma. Quero chegar perto, quero tocá-lo, quero ouvir sua voz!

Antes que eu possa reagir ele anda rapidamente até mim, desviando de pessoas e as empurrando. Meu corpo se move involuntariamente, eu me levanto, correndo até ele. A poucos centímetros de o encostar, nós paramos. Sua boca se abre um pouco, está prestes a falar alguma coisa.

De repente, ele fala. Meus ouvidos, meus sentidos, meu corpo, minha mente, tudo reage. Tudo faz finalmente algum sentido.

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Dentro do vagão de um trem, minha cabeça gira com as pessoas conversando ao meu redor. Sei que todos aqui tiveram um dia de trabalho ou escola cansativos, então por que não podem fazer silêncio? Minha cabeça dói, minha boca fica seca, e em um único instante sinto meu corpo começar a tremular. Tentar parar de fumar é mais difícil do que parece, mas não posso continuar decepcionando minha mãe.

O trabalho no restaurante foi cansativo e justo hoje meu pai levou a chave do meu carro por acidente. Fala sério! Aqui tem pessoas de todos os tipos, gente cansada, adolescentes escandalosos, idosos, crianças pequenas...e o pior, casais felizes. Desde que eu era pequeno as garotas me rejeitam. Por quê? Eu sou muito melhor do que qualquer cara que possam achar, ou talvez não. Devo ser a pior opção para todas.

No fim de semana, devo encontrar com meus amigos. Eles e a minha família são tudo o que me resta. E também...aquele cara. O sonho distante, algo inalcançável. Ainda não decidi se o que sinto por ele é apenas em sonho ou algo concreto. Mas que besteira, ele é apenas um sonho. Um sonho e nada mais. Ao mesmo tempo é tão complicado, todos os meus sonhos com ele são bons, no entanto, um deles me deixa intrigado. Eu faço algo que nunca faria, mesmo sabendo que isso vá machucar ele de alguma forma.

Pensamentos e mais pensamentos, isso ainda vai me levar ao declínio algum dia. O peixe não morre pela "boca", mas sim pelo instante em que seu subconsciente denomina aquela presa segura, apesar de ver o anzol. Peças que a mente nos prega...

Minha estação finalmente está ao meu alcance, e ao sair pela porta do trem, uma certa cabeça esverdeada me chama a atenção. Um cara. O cara do meu sonho. Ao receber seu olhar fixo ao meu, toda aquela sensação esmagadora da abstinência vai embora. Aquele cara realmente existe? Por que ele está olhando para mim? Isso... é estranho. Essa sensação, esse formigamento na barriga. O que é isso?

O mundo parece ter parado, as pessoas ao redor não existiam mais ali, somente eu e ele. Minhas pernas se movem sozinhas, como se quisessem a todo custo encontrá-lo. Em meio a tanta gente, saio as driblando rapidamente. Por fim em frente um ao outro, e de repente todos aqueles sonhos parecem vir à tona, como se fossem reais. Uma única coisa me vem a mente além disso e minha boca se manifesta mais rápido do que meu pensamento.

"Zoro!"

"Sanji..."

O ouço falar, e no mesmo instante as peças se encaixam. Minha mente se enche de mais e mais informações. Minha primeira reação é apenas pular nele, o abraçando forte.

"Fim...?"

Não, não!

Continua...

E foi isso! Resolvi fazer uma surpresinha. Deixa a estrelinha se gostaram e se querem continuação realmente.

Que chegue até você Onde histórias criam vida. Descubra agora