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Josh Müller


Assim que o time está completo, nos direcionamos ao lugar de sempre. Ethan parece estar chateado com alguma coisa, mas não vou perguntar. A única coisa que quero neste momento é beber e ser feliz. Formamos uma pequena roda e Christian começa a distribuir as bebidas. Sempre que podemos fazer isso, saímos para desabafar uns com os outros e de quebra a bebida nos ajuda. Todos nós temos problemas com os pais. O Ethan odeia o jeito como sua mãe trata as pessoas. Já a Yumi sofre com desprezo dos pais. Não que ela seja desprezada é que depois que sua irmã nasceu todo o foco dos seus pais está nela. E Yumi hoje em dia faz o que quer. Essa Pam é nova, então não faço ideia da vida dela. Vamos ver, porque nesse grupo só tem gente "problemática". O Christian tem um problema com seu pai, ele é um pouco arrogante e sempre fica em cima dele para ter boas notas. Ele só começou a andar com a gente depois que começou a fazer algumas aulas comigo. Já eu vivo jogado, minha mãe não compreende meu modo de viver. Ela diz que a ausência do meu pai me deixou assim. Mas é mentira, eu gosto de viver o hoje. Não significa que quero viver bêbado o dia todo e todo dia. Mas minha mãe me sufoca demais.- Ei Josh lembra a primeira vez que a gente matou aula para beber escondido? - Ethan diz me fazendo relembrar o passado.- Como que eu vou esquecer? Você ficou muito bêbado. - Sorrio dando um gole em minha bebida.- Vocês faziam isso mesmo? Cachaceiros... - Pam pergunta meio chocada.- Claro a nossa diversão era beber - Ethan diz se pronunciando.- Aquele tempo era bom, lembro do dia em que sua amiga foi com a gente, a Laura. - Falo encarando Ethan que muda sua expressão.- Aquele dia ela estava fora de si. - Ele me olha como se quisesse falar algo.- Mas vamos combinar que a Cubana tem seu charme, ela é muito gostosa.- Josh, não fala assim dela. - Ethan diz serio.- Ok, ok. - Ergo minhas mãos em forma de rendição. - Mas vamos combinar que aquela amiga dela é bem gatinha também.- Ela foi jantar hoje lá em casa com os Castillos. Sim, ela é linda, porém muito fechada.- Sério? - Finalmente Christian se pronuncia- Quem? - Yumi pergunta.- Como é mesmo o nome? Victory? - Tori? - Ethan responde tentando demonstrar indiferença, mas não sei não. Nunca vi ele falar de nenhuma menina assim...- Quê?! Você conheceu a Still? - Yumi pergunta em um tom de surpresa.- Sim. Ela é amiga da Laura. - Ethan responde sem tirar os olhos da sua garrafa.Apenas olho para Christian que faz o mesmo, Yumi parece não ter gostado que ouviu, pelo visto ela não gosta muito da Victory.- Nossa, meninos, vocês acham ela bonita? Vocês ao menos sabem que ela é um Alien que nem aquele irmão dela? - Yumi diz com um tom de deboche.- Não fala isso. Isso magoa. - Chris sempre é atencioso e calmo com essas coisas, mas não gosta nada desse tipo de comentário. Aliás, nenhum de nós.- Não vi nada de alien nela. Normal. Ela tem dois olhos, dois ouvidos, um nariz e uma boca... - Ethan comenta a encarando com um olhar frio.- Até bêbado você é assim Ethan?- Assim como? Só não gosto de ver pessoas falando mal umas das outras e Yumi, espero que seja a última vez que fala isso perto de mim. - Ele diz em um tom de voz alto.Yumi apenas sorri e volta mexer em seu celular. Não aprovo o jeito dela, mas senti que Ethan foi um pouco ignorante com ela. Mas quem sou eu para falar algo, quando Ethan está assim nem ao menos os passarinhos passam perto dele.Levanto-me e saio sem ninguém me ver. O clima acabou e a minha animação também. Sento sozinho em um gramado ali perto e fico observando as ruas vazias e iluminadas. Olho para trás e vejo Ethan vindo em minha direção. Assim que ele se aproxima guardo meu celular e espero ele se sentar.- Está fugindo dos amigos? - Ethan diz dando três batidas na minha costa.- Que isso só vim aqui para dar uma distraída nos pensamentos. - Digo olhando para o céu.- Feche os olhos e imagina como que você queria que a sua vida fosse.- Hein? Tá me tirando não né?- Relaxa. Só faz.- Tá! - Respondo e faço o que ele disse.Fecho meus olhos e imagino meu pai comigo, sinto sua falta, às vezes se ele tivesse aqui tudo seria diferente.- Conseguiu alguma coisa? - Ethan diz me tirando do meu pensamento- Ah!? Sim... Onde você aprendeu isso? - Pergunto o encarando.- Eu costumava fazer algo parecido com a Laura quando éramos crianças.- Você sente a falta dela né? - Pergunto já sabendo que ele não irá responder.- Sim, às vezes. - Ele diz sem transmitir emoção alguma.Ethan nunca foi de mostrar suas emoções. Desde que o conheço ele é assim fechado, na dele e tem resposta para tudo. Ver ele assim me surpreendeu muito, pois sei que tem um Ethan de coração bom dentro dele.- Acho que vou para casa. - Digo me levantando.- Mas já? - Ethan pergunta ficando ao meu lado.- O clima aqui já acabou.- Pois é. O que você acha de dormir lá em casa? - Ele pergunta sem me olhar.- Tem certeza? - Pergunto surpreso.- Sim. Mas responde logo antes que eu desista. - Ele diz em tom de brincadeira.- Ok. A sua mãe não vai reclamar não?- Você vive lá em casa!- Mas nunca chegamos bêbados assim.- Relaxa. Não preciso da permissão dela para levar meus melhores amigos para casa. E ela sabe disso.- Aish.- Vamos logo.- Vamos. - Digo o seguindo.Vamos em direção ao pessoal que se espanta ao nos ver.- Pensei que já tinham ido. Vocês sumiram... - Yumi diz ao nos ver.- Estávamos no gramado, mas já vamos embora. - Ethan diz.- Mas já? Ei Ethan! E a minha carona? - Yumi pergunta seria.- Ué! Você pode ir com o Chris. É até melhor que ele não está bêbado, pode te levar. - Ele diz sem transmitir emoção nenhuma. Olho pro Chris que faz o mesmo, todos nós sabemos como Ethan é e Yumi ainda insiste em provocá-lo.- É sério isso? - Ela diz cruzando os braços em frente ao corpo.- Sim. - Ethan diz à Yumi e vai para seu carro.Dou apenas um tchauzinho para o pessoal e o sigo. Sem dizer nada ele entra no carro.- A Yumi ficou brava. - Digo rindo.- Não ligo. Ela sabe que não gosto desse negócio de carona. - Ele diz fazendo aspas com as mãos como se imitasse a Yumi. - Parece que anda com a gente só para isso.- Você está bêbado. - Digo a ele que me olha apenas de canto. Eu sei quando Ethan está bêbado. Ele não consegue enganar ninguém. E fica vermelho. - Sabe que ela não é disso.E realmente Yumi não é assim ela pode ter alguns defeitos, mas ela é muito sincera com as suas amizades.- Ah! Já não sei de mais nada. - Ele diz resmungando.- Tem certeza que consegue dirigir? - Pergunto apontando para o volante.- Tenho. Não estou tão bêbado assim não.- Olha lá. Melhor não, hein. - Digo a ele que logo faz uma cara feia.- Tá! Bom, seu medroso. Vai, dirige, então. - Ele diz erguendo as mãos e logo sai do carro, jogando a chave para mim.- Medroso não, prudente. - Digo me sentando no lugar do motorista.- Vamos logo! Quero dormir. - Ele deita a cabeça no vidro.- E quando você não quer dormir? - Digo dando partida. - Você bêbado fica insuportável - digo apenas para provocá-lo.- Ah! Falou a florzinha.Sorrio com seu comentário, até que seu carro é gostoso de dirigir, acho que é por isso que raramente ele deixa alguém dirigir.- Ei. - digo o encarando.- Até parece que você é o melhor dos melhores para se lidar né.- Realmente, com bêbado não se discute. - digo o encarando que logo muda a expressão.- Nope, comigo não se discute.- Ih! Começou... Fica quieto aí que já você pode dormir em paz. - Dou leves batidas em seu braço. Mudamos de ideia no meio do caminho e estaciono em frente a minha casa, já que Ethan não quer ir para a sua. Descemos do carro e entramos. Subo devagar as escadas guiando Ethan até meu quarto.- Pode ficar aqui, eu durmo no chão. - Digo apontando para a cama.- Sério? - Ele diz se jogando na cama bêbado.- Sério. - Digo sorrindo.Pego um colchonete que está embaixo da cama e arrumo no chão. Sem pensar em tomar banho me deito e logo pego no sono.

- Acordemmmmm! - Minha mãe diz parada na porta.- Quê? Hã? Que horas são? - Pergunto ainda sonolento. Não me lembro de ver minha mãe ontem a noite, será que ela nos viu? Certeza que sim, ela controla até o ar que eu respiro.- São oito e meia vocês dois, já para o banheiro. - Ela diz seria.- Os dois? - Digo fingindo cara sério junto a Ethan que me olha com uma expressão sacana.- Óbvio que não seus tolos! Um de cada vez. - Nem sabe brincar... - Dou uma risada e digo a Ethan para ir primeiro. Não estou com tanta pressa assim para ir à faculdade hoje. Fiquei com algo na cabeça, certamente minha mãe notou que chegamos bêbados em casa ontem. Não gosto que ela me veja assim porque sempre diz que bebo por conta do meu pai. Mas não é. Eu bebo porque me sinto um pouco feliz tendo a bebida ao meu lado.- Pronto pode ir. - Ethan diz entrando no quarto. Sorrio para ele e pego minha toalha.- Aquelas roupas ali são para você. Acho que são suas, inclusive, que você esqueceu aqui um tempo atrás, nem lembro direito. - Entro no banheiro e deixo minha roupa limpa sob a pia de mármore. Tiro minha roupa colocando-a no cesto de roupa atrás da porta. Assim que ligo o chuveiro me concentro apenas no meu banho.- Demoraram. - Minha mãe diz ao nos ver descer as escadas. - Venham tomar café.- Ah! Obrigada tia, mas não como de manhã.- Eu também estou sem fome. Tchau! Mãe. - Digo jogando um beijo para a mesma que fecha a cara. Ela detesta quando eu saio assim correndo de casa e sem comer, parece que eu tenho oito anos! Mas eu estou com fome sim, vou comer algo na faculdade, só queria sair de casa o mais rápido possível.Fecho a porta e vamos para o carro. Hoje quem dirige é Ethan porque ele já voltou ao seu normal. Ligo o rádio na esperança de achar algo bom para ouvir mais para minha tristeza não tem nada.
Pego meu celular e fico olhando para o mesmo até chegar na faculdade.Os olhares são nítidos em nós. Ethan além de ser rico é muito popular entre as meninas. Todos dariam a vida para estar no meu lugar agora. Ethan não se interessa facilmente por meninas fáceis ou por meninas que não se valorizam. Ele é muito na dele e isso prova que se relacionar agora não é algo para o momento. A fama de bad boy contribui para a curiosidade delas. Confesso que é engraçado porque de bad boy mesmo ele não tem muita coisa. Mas ele prefere manter essa marra porque aí ninguém fica enchendo o saco. Encontramos o Chris no jardim da frente.- Vamos para lanchonete, estou morrendo de fome.- Mas você não disse para sua mãe que estava sem fome?- Eu disse para evitar assunto. Você sabe muito bem que se eu ficasse ali mais tempo ela ia começar o sermão sobre chegar bêbado de novo, levar gente para casa sem avisar e blá blá blá.- Cara, é sua mãe.- E daí? Precisa me tratar como se eu tivesse oito anos ainda?- Mas olha só, ela só tem você. Dá para entender.- Não dá não. Ela podia muito bem ter se casado de novo e ter outros filhos. Ela é nova. Ela que não quer tocar a vida e desconta em mim a frustração por perder meu pai. Mas eu não quero falar sobre esse assunto.- Tá! Bom.- O que deu em vocês? Já de manhã assim?- Ressaca. A famosa ressaca. To com uma dor de cabeça insuportável. Acho que vou tomar um café bem forte.

Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora