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                                                                            Christian Song
                                                                          ❀


Os meninos já chegaram com a maior tensão do mundo. Acho que beberam demais ontem. Mas até que o Josh não parecia tão bêbado, tanto que dirigiu pro Ethan e isso foi um milagre porque o Ethan não deixa ninguém dirigir aquele carro de jeito nenhum. Eu confesso que não entendo porque eles gostam de ficar bêbados desse jeito. Eu gosto de beber, mas nunca de passar do limite. Não precisamos disso para nos divertirmos juntos. Mas acho que os problemas familiares deles têm sido muito grandes para eles lidarem. Não julgo. Só não entendo.
As pessoas acham que as coisas para mim são fáceis, mas os meninos sabem que não são. Meu pai me cobra demais por desempenho. Estar com o time, ainda mais em local aberto e natureza renova minhas forças. Por isso eu gosto tanto de arquitetura, poder incorporar a natureza nas construções e nos meus desenhos é a melhor coisa para mim. Eu sou uma cara simples. Venho de uma família que sempre prezou pela excelência, mas nunca tive a pretensão de ser tão bom. Eu só aprendo as coisas rápido. Minha mãe sempre se gabou dos meus resultados de testes vocacionais e de inteligência, desnecessário. Mas parece que por aqui é assim: as famílias se definem pelo desempenho dos filhos, ainda mais os colheres de prata (silver spoon). Quem nasce em uma família rica, os herdeiros, tem muito mais chance na vida. O mais curioso é que aqui em Mayasea só tem gente de família rica, só tem silver spoon. Mas nunca é o suficiente né?
— Vocês estão com uma cara péssima mesmo. Aconteceu alguma coisa além do efeito do álcool?
— Você conhece minha mãe, né? Mas corremos lá de casa sem dar tempo dela falar alguma coisa. Ela já tava de mau-humor, para variar.
— Ué, vocês estavam juntos?
— É, a princípio a gente ia para casa do Ethan, mas no meio do caminho achamos melhor ir para minha casa.
— Chris, você não precisava ficar esperando a gente e chegar atrasado na aula.
— Ah! Não, tudo bem. O professor esse primeiro tempo não veio hoje e as tarefas que eu tinha já estão adiantadas.
— Menos mal.
— Olha, só esse café ruim assim para ajudar a curar essa ressaca...
— Mas você já esteve pior.
— Já, mas caraca. Às vezes tenho a impressão que as dores de cabeça estão piorando.
— É mesmo? Não é melhor ir ao médico?
— Ah! Não. Por enquanto está dando para levar. Não gosto de ficar tomando remédio.
— E prefere sofrer com dor.
— Nosso amigo gosta de sofrer cara. Nunca vi.
— Quero só ver a namorada que vai arrumar. Vai ser uma bem chata e certinha que não bebe e vai ficar no pé dele: "Ethan, se comporte. Ethan, não fala assim com os outros. Ethan, senta direito..." — Eu falei fazendo uma vozinha feminina chata...
— Putz... ninguém merece. — Ele riu de canto e abaixou a cabeça.
— E você, Chris?
— O que tem?
— Que tipo de mulher procura?
— Ah! Uma moça doce, simples, que goste de natureza e fazer coisas ao ar livre.
— Ah! Isso é legal. Eu quero uma que curta música e goste de sair para dançar. Mas também pode ser calma e fazer muito aegyo.
— E você Ethan?
— Eu o quê?
— Que tipo de namorada você quer?
— Nenhuma.
— Cruzes. Você não sente falta? Não quer uma mulher?
— Tanto faz. Agora não. Não quero colocar uma moça no meio dessa zona que está minha vida no momento.
— Ah! Isso é. Uma moça que valha a pena tem que ser cuidada. É uma troca, uma soma, mas não adianta muito se a gente não está conseguindo nem cuidar da gente. Como vai querer cuidar de alguém? Tem que estar bem para fazer o outro bem.
— Nossa. Quanta filosofia a essa hora?
— Ué gente. Só é isso que penso.
— Há, ninguém discorda de você. Só tô achando muito profundo para essa hora da manhã.
— Acho que você ainda está sob efeito do álcool.
— E as meninas chegaram bem?
— Claro que sim. Comigo todo mundo fica bem.
— AAh tá! Falou o segurança.
— Ué! Vocês sempre ficam bêbados e largam os outros lá.
— Nem sempre. Mas sim, boa parte das vezes.
— Não sei para que isso. Mas, não julgo vocês não.
— É porque você vem de uma família muito certinha...
— E perfeita.
— Vocês sabem muito bem que isso não é verdade. Não com o pai que eu tenho.
— Bom, melhor a gente mudar de assunto... Olha Ethan, a Laura e os amigos dela tão chegando. — Josh falou cutucando ele para ele olhar.
— Hum! Que bom! né? — Ele respondeu impassível e sem nem mexer um dedo, só tomando o café.
— Que horror. Você não acha a amiga da cubana bonita? Não pera, "muito linda". — Josh falou imitando o jeito dele de ontem.
— O que foi? Eu já disse que só acho bonita, nem conheço a menina. E tem outra coisa, todo mundo estuda aqui, acho meio óbvio encontrar com eles. Isso vai acontecer com mais frequência.
— E você não acha bom?
— Não acho bom nem ruim, não me importo.
— Sério?
— Ué! Sério. É uma universidade. O que mais tem aqui é gente que a gente conhece.
— Ah! Mas você não conhecia a Tori.
— Só de vista e de ouvir falar dessa fama ridícula que colocaram nela e no irmão. O irmão dela eu até cheguei a conhecer, falei poucas vezes. Ele sempre me pareceu ser uma boa pessoa.
— Já ouvi isso do Jack. Jack andou com ele por um tempo e disse que, apesar de doido, ele era muito boa gente mesmo.
— Doido por quê?
— Não sei. Eu particularmente nunca achei que ele fosse doido.
— As pessoas medíocres nessa sociedade julgam tudo o que é diferente.
— Wow. Agora quem filosofou foi você.
— Mas não é?
— Só sei que andar com o Vincent era garantia de arrumar mulher porque as garotas que não sabiam da fama dele ou as que sabiam e que ficavam curiosas eram doidas para ficar com ele. Aí alguns amigos dele descolavam algumas...
— Nossa.
— Pior ainda. Tá! Vendo? Ainda usavam o cara. Depois ele que era o doido. Os ditos amigos usavam ele só porque ele faz sucesso com as mulheres e se aproveitavam do nome dele. Isso é mais ridículo ainda e o que me deixa com mais raiva dessa sociedade injusta. Mas infelizmente não dá para fazer muita coisa.
— Parece que tocamos num assunto sensível.
— Bom dia meninos! Nossa, que clima. Vocês não vão para aula não?
— Bom dia Yumi. Eu não tenho aula nesse primeiro tempo. Eles pelo visto estão se recuperando da ressaca.
— E, porque esse clima?
— Oi! Pessoal!
— Oi! Pam! — Yumi sempre alegre com os amigos.
— Oi! Pam! — Josh sempre alegre com todo mundo.
— Oi! Pam! — Eu sorri, afinal, ela é legal.
Ethan só fez o gesto com os dedos típicos dele. Isso é sinal que ele está sem paciência, mas não desgosta da pessoa. Se ele acena, é porque a pessoa pode ficar ali. Se ele não gosta da pessoa, ele simplesmente sai e deixa a pessoa falando sozinha sem falar absolutamente nada.
— Mas o que vocês estavam falando para ficar com esse clima?
— Sobre o Vincent ser usado e a irmã ter fama injustamente. — Josh nunca consegue disfarçar ou guardar assuntos. Segredos sim, mas esse tipo de conversa não, ele fala mesmo.
Yumi e a amiga se entreolharam.
— Ai meu Deus! Lá vem vocês de novo falando dessa garota.
— Parece que eles gostaram dela. — Pam tentando agradar a Yumi, mas sem se comprometer.
— E pelo visto vocês não. — Ethan falou grosso dessa vez.
— Ethan, calma. — Josh colocou a mão no braço dele assustado. Josh se assusta com tudo.
— Você já sabe minha opinião.
— Eu não acho nada, tá? Nem conheço ela. Só sei que é a filha dos Still e é bonita. Não fiquei na sala dela. — A Pam tentando fazer média pro Ethan, coitada. Isso não vai dar certo. Ele detesta quem tenta agradá-lo desse jeito.
— Melhor mesmo.
— Yumi, eu já te avisei ontem, se você continuar tratando alguém que você não conhece desse jeito, vai ficar complicado andar com você. Quer saber? Faça o que quiser! — Ele se levantou rápido e sem a menor cerimônia, como é bem dele.
— Ué! Você não vai para aula?
— Não. Hoje não.
— Onde você vai?
— Não sei. Estou com dor de cabeça.. Vou ver se arrumo um remédio.
— Ethan, espera.
— Yumi. Deixa ele. — Josh segurou ela pelo braço. — Não tenta consertar porque vai piorar, você sabe disso. Ele está chateado assim desde ontem.
— Yumi, pelo amor de Deus, evita esse ciúme com a menina.
— Não é ciúme, eu já disse! Aish. Eu só não quero que vocês saiam prejudicados por causa dela.
— Todo mundo aqui é bem grandinho. E com Ethan você sabe que as coisas não são assim.
— Parece até que ele está afim dela.
— Sabe que eu também achei?
— Josh, cara, pelo amor de Deus, não bota lenha na fogueira também.
— Ué! Mas eu achei mesmo. Eu nunca vi o Ethan falando de alguém como fala dela.
— Mas ele nem conhece ela!
— E você também sabe que não é assim que você vai afastar ele dela. Nem deveria tentar.
— É bem capaz de ter efeito reverso e você acabar aproximando mais ainda deles, porque ele vai começar a ficar curioso?
— Ah sim! Ela já fez algum efeito nele. Se começar a chamar a atenção dele, ele vai tentar entender as coisas e é bem capaz de gostar dela. Ainda mais que ele já tem esse negócio dela ser injustiçada.
— Ah! Eu lá tenho culpa por ele ter complexo de cavaleiro branco?
— Não. Mas tem por ficar provocando ele sabendo como ele é.
— E eu faço o quê? Fico assistindo de braços cruzados sem falar nada?
— Claro. Com ele é melhor mesmo ficar quieta.
— É Yumi, eu te falei ontem que ele sabe muito bem o que faz. Ele não precisa de uma babá e odeia que se metam nas decisões dele.
— Ai, eu sei gente. Mas não consigo evitar.
— Mas, porque você tem tanta raiva dela?
— Não é raiva. Eu não conheço ela. Só acho ela esquisita.
— E isso é motivo para esse chilique todo?
— Não é chilique! Ah! Vocês também, hein? Vou para aula! Annyeong.
— É amiga, você exagerou.
— Até você? Pam?
— Ué!
— Ah! Fica quieta e vamos.
— O que deu na Yumi? Ela está afim do Ethan?
— Acho que não. Quer dizer, já não sei. Estranho. Ela sempre foi meio ciumentinha, mas nunca a esse ponto.
— Será que aconteceu alguma coisa entre eles que a gente não sabe?
— Acho muito difícil. Ele comentaria com a gente.
— Nem sempre. Se ele estiver bêbado ele não lembra.
— Que nem quando ele dormiu com a ex, lembra?
— É mesmo. Aquele revival deles foi épico. Aquela ex dele era muito maluca.
— E se achava melhor que todo mundo só porque é americana.
— Ele só lembrou depois do escândalo que ela fez quando terminaram de vez.
— Ele já pegou sua prima também. — Eu falei olhando para meu relógio.
— O QUÊ?! A Jade? — Ele deu um pulo da cadeira.
— É. Ela me contou que eles dormiram juntos. Na verdade, ela nem precisava me contar, eu tava na festa no quarto do lado com uma garota e ouvi tudo.
— Quando foi isso?!
— Ah! Deixa eu ver se lembro... foi quando ela estava aqui de férias.
— Meu Deus! Ela só tinha dezoito!
— Ah! Calma. Já tem tempo isso. Ele estava bêbado.
— Mesmo assim! É minha prima!
— Josh, vai dizer que não conhece sua prima?
— Conheço, mas mesmo assim. Como eu nunca fiquei sabendo?
— Eu já disse, ele estava bêbado e nunca lembrou.
— E por que você nunca disse nada?
— Porque eu queria esquecer o fato. E eu consegui nesse tempo todo, lembrei agora. Sua prima tanto fez, mas tanto fez naquela festa que conseguiu.
— É, nosso amigo bêbado não aguenta muito com uma mulher atentando ele.
— Então. E sua prima também, vou te contar.
— Tenho que concordar que minha prima não é fácil. Ela sempre foi oferecida.
— E bastante. Principalmente com o Ethan. Mas ela já tentou comigo também.
— É mesmo?
— É.. Mas como eu não fico bêbado e não gosto de mulher oferecida, tentei falar com ela na boa. Parece que funcionou, mas eu acho que ela estava tentando me usar para chegar no Ethan.
— Puxa cara.
— Ih! Relaxa. Conheço esse tipo de gente. E você não é sua prima.
— Graças a Deus!
— Vamos procurar o Ethan?
— Você não tem que ir para aula?
— Ah! Depois eu pego o conteúdo. Essa matéria não é difícil. E eu não tenho faltas ainda.
— Então tá! Vamos.

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⏰ Última atualização: Apr 18 ⏰

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