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   Phillip Percy

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Depois que eu deixei Tori na porta da sala, fiquei muito preocupado com o que poderiam fazer com ela na aula. Espero que ela fique bem. O irmão dela, Vincent, é muito forte. Tori também é, mas é um doce e sente muito mais do que demonstra. Ela é minha melhor amiga desde que nascemos e quando Vincent viajou para estudar fora, me deixou encarregado de cuidar dela como um irmão mais velho. Como sou mesmo mais velho, é isso que eu faço. Minha princesa Jujuba não merece passar por essas coisas só porque pensa diferente. Ela não gosta muito desse apelido não sei porquê. A princesa Jujuba é tudo, faz tudo, é inteligente e independente. Mas ela não gosta muito. Acho que ela tem trauma de ser a princesinha do papai. Já consegui mudar o trauma do alien, um dia consigo mudar o trauma da princesa também.
Ela é linda. Ela tem 1,70 mais ou menos e fica bem com qualquer roupa, qualquer mesmo. Nós somos coreanos típicos, mas ela tem a pele avelã e cabelo ondulado cheio, que insiste em escovar. Já falei mil vezes que o cabelo fluffy é a graça e deixa ela com cara de ursinha. Engraçado que Tori e o irmão parece até gêmeos e tem os mesmos apelidos: V e urso/ ursinha. Os dois têm sorriso quadrado e parecem que saíram de um anime. Eles são engraçados. Você nunca sabe o que eles vão fazer ou dizer, são muito espontâneos e enxergam o mundo de uma forma diferente. Mas até que o raciocínio deles faz sentido. Vincent e Tori receberam o segundo nome de Victor e Victory da Senhora Still. Parece que ela sabia. Aliás, eu tenho certeza que ela sabia que os filhos iam precisar ter o nome da vitória.

— Bom dia... — ah! como sempre, quando eu chego fica todo mundo me encarando. As pessoas desaprenderam que quando se chega em um lugar se cumprimenta com bom dia, boa tarde ou boa noite? Estou só sendo educado... mas até que a professora é bonita.
— Bo-bom dia tu-turma. Uhm, você é o Percy?
— Ah! sim.
— Que prazer tê-lo aqui! — Tá! ela podia disfarçar um pouco. — Hoje teremos a aula de apresentação. Vou pedir para vocês se levantarem e dizerem brevemente seus nomes, idade e, porque estão aqui. — Ai, pelo amor de Deus, que coisa mais chata. — Sr. Percy, quer começar? — Às vezes é chato ser filho dos Percy e ter um irmão famoso. Eu só quero ficar no meu canto e assistir às aulas...
— Tudo bem. — Eu disse respirando fundo. — Eu sou Philip e antes que perguntem, sim, sou o filho mais novo dos Percy e irmão do Jayjay.
— Ah! Eu sou fã dele! — Boa, professora (ironia), e quem nessa cidade não é?
— Bom, estou aqui porque amo cozinhar. Minha família sempre cozinhou muito junto desde que me entendo por gente e quero ser chef. — Só eu que detesto ficar expondo minha família e minhas razões assim? Eu sei que poderia não ter falado, mas eu também sei que iam insistir nisso...
— Muito bem! Obrigada por nos agraciar com sua beleza, digo, presença. — Essa professora deve ser nova por aqui, além de nova mesmo, mas esse tipo de postura não fica bem para ela.
— Ah! que nada. — Ufa. Espero não precisar fazer isso de novo nunca mais. Se fosse o Jackson aqui, ele ia adorar. Meu irmão adora um palco, literalmente. Ele é um rapper muito bom, só é exibido demais pro meu gosto.
As pessoas acham estranho que eu e meu irmão tenhamos interesses fora da tecnologia porque nossos pais são da equipe de programação dos sistemas da cidade, mas, eu já vivo conectado 24/7. É bom variar um pouquinho né? E olha, não tenho nada a pensar sobre a professora. Ela é bonita e parece ser nova, na casa dos trinta eu diria, mas é que eu não gosto dessa bajulação toda. Eu sei que sou bonito, mas ficar ouvindo isso o tempo todo, em todos os lugares, com quase todo mundo puxando conversa por causa disso fica chato. Eu só quero fazer minha faculdade quieto e passar despercebido ao máximo, o que nunca consigo. Ah, finalmente o intervalo! Onde será que Laura e Tori estão?

— Phil! Aqui!
— Oi! minhas princesas! Ah! Finalmente... — Expirei me largando no banco.— O que foi?— Aula de apresentação. Só eu que detesto?— Realmente Phil, você não tem nada a ver com o seu irmão.— Verdade. Jayjay ia adorar, tirar onda e provavelmente subirá em cima de uma mesa, quem sabe rasgar a camisa. Ui! — Eu ignorei esse comentário, mas tive que rir porque realmente, sempre que pode, meu irmão fica sem camisa.— Começou... — Realmente é bem meu irmão fazer isso. E não, não gosto de ficar falando das minhas motivações assim. Essas coisas são para ficar guardadas, quanto menos gente souber das suas aspirações, melhor você se dá na vida. Mas se eu não falasse nada, iam acabar insistindo nisso porque eu sou filho dos Percy né? Todo mundo acha que eu deveria ir para tecnologia.— Ei, quem é aquela loira te dando tchauzinho?— É a professora de hoje. Não precisa acenar de volta! Vocês acreditam que ela é fã do Jayjay? Foi só eu falar que ela já bateu palminha. — Eu falei imitando ela.— E quem não é fã dele, nessa cidade?— Tudo bem. Isso eu sei, mas uma professora ter essa reação?— Ah! releva, ela deve ser novinha.— E nova por aqui.— Ela parece ter uns trinta e uns...— Enfim, aí ela me chamou para ser o primeiro a falar e ainda disse: "Obrigado por nos agraciar com sua beleza!?" Queria me enfiar em um buraco. E ainda deu para ouvir umas meninas concordando... — Phil, pelo amor de Deus, aceita que dói menos a repercussão da sua beleza. Você é provavelmente o homem mais lindo e perfeito dessa cidade.— Ah! Isso é verdade Tori. Tem vários gatíssimos por aqui. Até parece que quando estavam escolhendo as famílias para virem, procuraram só os bonitos e de sangue bom. MAS, você supera todo mundo.— Gatíssimos que você já passou o rodo em metade.— Epa, calma lá! Não tenho culpa pelo álcool. Muito menos por estar cercada de gatos. Deus sabe muito bem que a carne é fraca...— Ah tá! "Sei". Conheço bem essa desculpa. — Quando Tori fala ''sei'' fazendo aspas com as mãos, a gente já sabe que é esse "sei".— Ah! Eu gosto de homem mesmo! — Tá! Calma. A uni inteira não precisa saber disso assim... — Ah! Que saiba! Quem sabe não descolo alguém? — Tá bom gente, tudo bem. Pelo amor de Deus Laura, calma. — rimos.— Eu to calma. Mas vai, continue seu relato da tortura...— Eu sei que sou bonito mesmo, mas é chato ficar ouvindo isso o tempo todo. Parece que as pessoas só falam comigo porque eu sou lindo, filho dos Percy, ou irmão do Jayjay. Cara, eu sou o Philip, e não só lindo ou o filho de, ou o irmão de. Eu tenho a MINHA identidade.— Ah! Nesse ponto eu concordo com você.— É, eu também. — Ainda bem que vocês não são assim.— Como não?! Você nunca percebeu que a gente se aproveita da sua fama desde sempre? — tentei me controlar mais acabei rindo com a Laura.— Claro. As fiéis  do Phil Percy. Você tem até nome de príncipe, somos suas serviçais.— Nem brinca com isso! Sério. — Depois alguém escuta e acha que eu concordo com esse tipo de coisa.— Ih! Relaxa. Estamos só zoando. Ninguém aqui é serviçal não. Mas com um príncipe como você, isso não seria problema. — Um príncipe bonzinho e consciente. E amoroso.— Um docinho.— Ih! Vai começar a melação...— Mochi, mochi. — Aff... E vocês? Como foi sua aula Laura?— Ah! Sei lá.— Como não sabe? — Não estava prestando atenção. Só sei que tenho horários que preciso cumprir. Mais de 6 faltas por matéria reprovam. A média é sete e o coordenador é um saco.— Isso porque você não estava prestando atenção...— Já sei também que vou ouvir gracinhas por ser estrangeira.— Alguém falou alguma coisa?— Se falou, não ouvi.— Menos mal. Imagina você virar notícia por confusão no primeiro dia de aula...— Eu não ia te salvar não hein?— Cruzes Phil... que amigo.— Tô fora de confusão. Você sabe que é complicado sendo um Percy.— Relaxa. Se eu me meter em confusão vou deixar bem claro que meu melhor amigo que NÃO ME DEFENDE, não tem nada a ver com a história.— Eita.— Mas eu te defendo! Tá! Doida?— Tô é com ciúme da Tori. Você só vira o cavaleiro branco com ela. Agora, com a cubana aqui é: tô fora de mico?— Isso ai, Mico!Não problema, MICO! Ai meu Deus... vem cá, ciumentinha.— Não! Sai com esse abraço para lá!— Nada disso, vem cá xuxuzinha...— Ai, misericredo você com esses apelidos... Nossa, que perfume!— Aí o poder do Mochi... — Não falha nunca! — rimos da cara do Phil.— É novo?— Às vezes vocês duas parecem irmãs...— Eu disse exatamente a mesma coisa e do mesmo jeito mais cedo...— É uma versão nova do de sempre. Meu pai comprou no pré-lançamento e me deu.— Quero ver ficar solteiro por muito tempo assim... Como você ainda está sozinho depois desse tempo todo com tanta mulher dando em cima de você assim? Você tem algum problema que escondeu da gente esses anos todos?— Não! Não tem problema nenhum e não tem nada de errado! Só não curto assédio. Esse negócio de ficar pegando uma mulher diferente a cada dia só porque elas estão se oferecendo é ruim. A graça é uma moça que não tenha essa reação óbvia. Parece até que eu sou o Jayjay. Ele que curte essas coisas. Eu só quero ficar no meu canto.— Vai entender...— Eu também não entendo Laura. Você sabe que o Phil é safadinho né? Juro que não entendo. — Eita! Vão ficar desvendando minha vida? — Ó! As orelhas... — rimos. Adooroo.— Olha só vocês duas, eu vou embora... — eu falei me levantando.— Ué! perai. Relaxa. A gente estava só brincando xuxuzinho. — Não é isso. Preciso ir mesmo. — Eu acho melhor as senhoritas se apressarem por que já vai tocar o sino- Philip diz fazendo sinal com as mãos.

Assim que levantamos, Laura esbarra em alguém.  E o clima começou a ficar tenso.

Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora