XI-11

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Paris estava na aula de educação física, a primeira sexta do mês, estava conversando com sua recém amiga, Millie.

Quando desviou a atenção para o jogo de basquete dos garotos, viu um menino no chão como se estivesse com dor.

—Ih, o moleque se quebrando ali, professor. -o professor que estava ao seu lado lançando as notas, se levantou e perguntou se o garoto estava bem.

Quando o mesmo levantou do chão ainda com uma feição de dor e se aproximou do bebedouro, Van Doren reconheceu a face simétrica de Brady. Seu primeiro—e último—amor.

Ele molhou a mão trêmula na água, Paris logo se arrependeu de ter zoado o menino dizendo que era bom que doesse para Millie. Millie, também conhecida como Lawrence, apontou que a dor era verdadeira, notada pelas mãos trêmulas. Ela sabia todo o ressentimento que sua amiga tinha pelo garoto, mas esperava que Paris pudesse desapegar da mágoa, afinal, já se passaram três anos.

O menino ia e voltava ao bebedouro na esperança de que seus dedos parassem de queimar. Ela teve o mesmo antigo pensamento, como se quisesse pegar sua mão e acariciar onde dói para livrar-lo do tormento. Paris então, chamou sua atenção:

—Tá doendo aonde?-mesmo com certa a incerteza de interagir diretamente com ele, decidiu ajudar.

—Aqui no dedo do meio e no anelar, mas não deve ser nada grave.-ela concordou, mas fez um sinal pra ele se aproximar.

—Eu tenho algo aqui que pode melhorar-ela diz enquanto deixa a mostra um kit médico no banco-sempre trago às sextas caso alguém se machuque.

Brady balançou a cabeça e se sentou ao lado das meninas. Paris proferiu um "licença" que soou mais como um sussurro e passou um creme gelado na mão do rapaz. Massageando os dedos anelar e médio, ela sentiu algo estranho, como um vazio dentro de si.

Ao terminar de enfaixar os dedos do moreno com gaze e esparadrapo, o garoto deu um sorriso e disse:

—Obrigado, Paris, de verdade.-ela só retribuiu o sorriso e o disse para tomar cuidado.

Quando o menino que tinha o coração dela estava longe o suficiente, Millie disse:

—Ok, o clima fez eu virar um candelabro... Tem certeza que não gosta mais dele?

—Assim, minha psicóloga me disse que talvez eu não quisesse chegar a essa conclusão, mas já fazem 3 anos, acho um pouco improvável.-Van Doren deu de ombros, sem comentar o clima que havia rolado entre ela e Walker na noite anterior. Afinal, ele é famoso, tem de se tomar cuidado ao afirmar coisas sobre o amigo.

—Se ele ainda te afeta de alguma forma, deveria trabalhar nisso.

[•]

O caminho de volta pra casa foi reflexivo, Paris estava tão focada em seus pensamentos que quase foi atropelada, o que não pareceu uma má ideia com tudo o que rodeava sua mente.

Essa interação com Brady foi mais pacífica do que todas que já tiveram. Todas as palavras que eram flechas envenenadas disfarçadas por as de um cupido pareciam não ser tão relevantes, como se ela só tivesse aumentado a história para justificar sua sensibilidade. Será que ele havia mudado? Será que ele sabia o quanto foi doloroso passar por aquilo sozinha? Ou será que ela era tão insignificante que ninguém realmente se importava com seus sentimentos?

As pessoas gostam de desafios, a fase do "your loss" sempre se sustentam pelo ego, mas quando acaba tudo piora.

I love you, it's ruining my life.

Por que essa frase teve de se fazer presente através dos fones de ouvido em um momento de indecisão? Ela estava com raiva por ter se permitido passar por tudo aquilo, era um sentimento tão forte que ela não conseguiria lidar ao ponto de deixar ser destruída por isso?

Ela teria morrido pelos pecados dele, mas ao invés disso ela só morreu internamente.

Paris nem fez questão de levantar da cama para trocar de roupa, largou a mochila em um lugar próximo e voltou a atenção para a música que estava tocando.

The Prophecy

"Taylor Swift sua vagabunda, porque eu me identifico com isso, sua desgraça?!" Foi o pensamento mais saudável dos milhares que ela tinha no momento.

Gostar de alguém é muito complicado quando só uma pessoa carrega o peso todo. O peso de se importar, de se esforçar para suprir as expectativas de alguém, a constante culpa que carrega ao ser ignorado.

Brady seria sempre seu "Loml"

And I'll still see it until I die
You're the loss of my life

Porque ela deveria ter deixado tudo aquilo enterrado. Ela deveria quebrar seus dedos, não consertar-los, deveria querer socar sua cara, não contemplar-la, assim como deveria esquecer os olhos mais castanhos que já viu.

Mas ela não tinha ninguém a quem se apoiar, alguém que quisesse sua companhia, ou pelo menos era isso que sua mente ressaltava.

[•]














1- Só pra deixar claro que a Paris é uma coitada, uma fudida.

2- Pode conter erros ortográficos!

3- Fiquem tranquilos que tudo vai ficar bem (ou nao)

You Are In Love •Walker ScobellOnde histórias criam vida. Descubra agora