Sonhei com a gente. Mas de um jeito diferente, nos conhecendo outra vez, como se nunca houvesse existido um passado. Foi bonito, você estava com o cabelo cortado do jeito que eu sempre te pedia para cortar, a barba por fazer e aquela blusa branca, lisa, que eu dizia te fazer parecer mais forte. A gente andou a tarde inteira pela cidade, tomou sorvete e você me fez uma flor com o guardanapo. Quando ia me deixar em casa, falou que a partir daquele instante preferiria a noite. Eu quis saber o motivo. Você respondeu que, toda vez que olhasse para o céu escuro e cheio de estrelas, lembraria do preto dos meus olhos, que, segundo as suas palavras: “Brilhavam de uma forma linda”. Isso foi o suficiente para eu retribuir quando você se aproximou para me beijar, um beijo que me fez flutuar. Mas o seu sorriso de depois, aquele sorriso calmo, cheio de confiança e desejo, me desmontou e bagunçou de uma maneira que a única coisa que consegui fazer foi esboçar um sorriso de volta. O sonho acabou, acordei sozinha, mas com um sorriso no rosto. Fazia tempo que meus lábios não se arqueavam dessa forma. Foi bom te reconhecer, mesmo que em sonho.
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100 Dias Depois Do Fim
PoesíaLivro de Victor Érik Para Nilda e Rafaela por tanto e por sempre. Amo vocês!