Prólogo

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     O som de metais chocando-se um no outro enchia todo salão, Allan ofegante deu um passo para trás ao se esquivar de mais um golpe do feiticeiro. Os olhos do soberano encararam aquelas órbitas impiedosas do inimigo, ele se perguntava como apenas um homem - apesar de toda sua força - havia conseguido exterminar cinto centenas de soldados muito bem treinados em tão pouco tempo, se não o visse fazer com os próprios olhos não acreditaria. Droga! Ele viu cada um de seus homens caírem bem na sua frente e não conseguiu fazer nada. Por puro reflexo, Allan conseguiu desviar do ataque do feiticeiro e por muito pouco a lâmina fria não penetrou sua carne. Erguendo a espada com ambas as mãos, Allan avançou com a fúria tomando o seu ser, as lâminas se tocavam de uma maneira que o impacto fazia seu corpo tremer, ele podia sentir suas forças esvaindo-se. Tudo por um momento parou, seu peito encheu-se de ar e ali ficou preso quando sentiu a lâmina penetrar em sua carne.

      O soberano arfou, a mão sobre o corte no tórax, o líquido rubro escorrendo entre seus dedos. Ele afastou-se de Bairon, cambaleando para trás. Seus ombros por um momento tremeram, sua respiração ficou descontrolada, não foi muito, mas a ponta da espada seguiu uma linha curva do meio do peito até centímetros acima do umbigo. Recomponha-se! seu subconsciente gritou, Allan notara as chamas das tochas dançarem livremente pelo salão, seu coração parou por um segundo. Estava fraco e ferido demais para desviar mais do que - se muito - três vezes daquele fogo e Bairon se aproveitaria daquilo muito bem. Água, preciso de água. Pensou. Ele tentou pensar numa maneira que não acabasse morrendo chamuscado, seu corpo girou num ângulo ao qual pudesse ver melhor o salão, pousando os olhos em uma janela aberta - talvez quebrada - que dava para um jardim e uma bela fonte que sabia que ficava ali. Ele estendeu a mão e pôde sentir a água vindo em sua direção, ela invadiu o espaço majestosamente, expandindo-se na frente de Allan bem a tempo de protegê-lo das chamas. Seus movimentos eram rápidos e precisos quando desfez o escudo de água e transformou-a em pequenas adagas de gelo, lançando-as em direção ao feiticeiro. As adagas ficaram suspensas no ar, Allan engoliu em seco fechando os olhos por um segundo, Bairon estava infiltrado em seu reino havia anos e se passava por dominador do Elemento água, Como você é burro, Allan!

      O rei conteve a subita vontade de estapear-se, era lógico que desde do início ele era o menos indicado para distrair aquele maldito, agora ele estava pensando seriamente em socar bem forte Jay. Bairon e o soberano foram amigos por mais de dez anos, então ele conhecia cada movimento que Allan fazia. Rajadas de vento fizeram as adagas voltarem bruscamente, arregalando os olhos, o soberano atirou-se no chão bem a tempo de sentir o gelo passar rasgando sua pele no ombro apenas de raspão, ele fez uma careta. Então ele já controla o terceiro elemento.

       - Você ainda possui algo humano Bairon, ou você se transformou completamente em um demônio? - questionou, encarando aquelas órbitas negras sinistras. O feiticeiro riu.

       - Ora Allan, deixe de ser idiota, não faça perguntas que óbviamente você já sabe a resposta. - apoiando o peso do corpo em uma das pernas, ele encarou as unhas da mão direita preguiçosamente. - Foi tão fácil manipular vocês por todos esses anos, fazendo-se de um nobre guerreiro enquanto os estudava.

      - Por que só agora? Porquê não antes? Por que esperar 10 malditos anos para tirar a máscara? - descontrolada, fora assim que sua voz saiu ao deixar sua garganta. Lentamente um sorriso doentio apareceu nos lábios do demônio.

      - E qual teria sido a graça? Como me diverti fazendo vocês irem de um lado para o outro atrás de falsas pistas sobre Bairon. - ele pareceu pensar sobre o assunto. - Ah, espera, esse sou eu, não? Nossa, eu quase sinto pena de vocês.

      Allan cerrou os punhos com força ainda deitado de bruços no chão, ao desviar das adagas de gelo, o soberano tinha piorado ainda mais seu machucado no tórax ao se estatelar no chão. Ele ergueu-se com dificuldade.

Elemetais - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora