Elemetais - O Despertar

Capítulo III - Partida

      Elizabeth estava ajoelhada em frente ao túmulo de Christian, pequenos e delicados lírios brancos estavam em suas mãos, a flor preferida do jovem príncipe, por representar inocência e pureza. O dia estava começando a clarear e os primeiros raios de sol já apareciam no horizonte. A noite havia sido longa e dos seus pensamentos não saiam os acontecimentos dos últimos dois dias, pelo menos para ela foram apenas dois dias, mas desde o ocorrido já havia passado uma semana, já que ficara inconsciente nesse período.

      - A senhorita faz e sempre fez parte da profecia Elementais.

      As palavras de Tarak rondam sua mente. O que aquilo significava? O que aconteceria com o mundo agora que aquele demônio estava a solta? E qual era sua participação naquilo tudo? Ou melhor, porque justamente ela? Por que não Emilly ou até mesmo seu irmão caçula? As lágrimas caíam-lhe como cascatas, encontrando-se no final do seu queixo. A jovem estava desolada, confusa e perdida. A luz que a guiava em meio a sua própria escuridão já não existia e estar em um mundo onde Christian não mais existia era demais.

      - Você precisa superar. - seu subconsciente sussurrou. - O que será do mundo se você não seguir o seu destino? Você conseguirá viver com isso? O que ele diria?

      Enxugando as lágrimas de seu rosto, ela fez uma promessa a seu falecido irmão, que não importava o perigo, ela não permitiria que o mundo sucumbisse à maldade de Bairon. Colocando as flores sobre o túmulo, a princesa encarou a lua, desaparecendo aos poucos no céu com a chegada do sol. A manhã fria soprava suavemente seus cabelos, afastando-se do túmulo, ela sabia que seu destino havia sido traçado, apenas não sabia como terminaria.

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       Seu corpo reagia de uma forma diferente ao ter contato com a água, o que antes parecia apenas uma afinidade agora era como se o elemento fizesse parte da jovem. Ela relaxou dentro da banheira, com uma sensação diferente, a morena pensou por um momento nas palavras de Tarak, a garota ergueu a mão na tentativa de controlar a água, mas nada aconteceu. Eu deveria ser capaz de movimentá-la, não? Frustrada, foi assim que ela terminou o banho. A princesa encarou seu reflexo no espelho, seu novo visual ainda lhe era estranho, as mechas azul céu e branca destacava-se entre tantos fios negros, suspirando ela deixou o banheiro para trás.

     Tentando decidir o que vestir, ela encarou todos aqueles vestidos dentro do quarto de vestir que a jovem nunca tocou, sua mãe sabia que eles não combinavam com seu gosto, mas mesmo assim fazia questão de renovar os vestidos a cada quatro meses. Ela retirou um simples do cabide e o levou até a cama ao lado de delicadas sapatilhas brancas com detalhes dourados. Ela nunca gostou de coisas extravagantes e nem chamativas, o mais simples sempre lhe caia melhor em sua opinião. O vestido verde musgo era longo e simples, ele delineava sua cintura e era solto nos quadris, com poucas camadas por baixo da saia, ele tinha detalhes brancos de tricô no colarinho e nas bordas das mangas. Seus cabelos estavam presos em um coque apertado no alto da cabeça, escondendo assim parte das mechas. Enquanto caminhava pelos corredores, seus pensamentos vagavam pelo novo destino que a aguardava, pelo novo caminho que ela decidiu trilhar sem recuar. Suspirando, ela empurrou as portas da sala do trono, mordendo o lábio inferior, Elizabeth caminhou lentamente entre as pilastras, na sala havia apenas seus pais, o general Kalel e o sacerdote. Parando em frente ao trono, ela tentou acalmar as batidas frenéticas do seu coração. Inspirando fundo, ela quebrou o silêncio.

      - Eu irei. - seus olhos fixaram-se nos de Victor. - E irei sozinha. - dessa vez o soberano ergueu-se do trono.

      - Não seja imprudente, Elizabeth, isso é suicídio. - ela deu de ombros.