Capítulo 2 ( Casulo)

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       "Se você trouxer essa garota para junto de nossa família, pode esquecer que um dia já teve uma mãe." Foi exatamente essas palavras que minha sogra, mãe de Demétria disse quando sua filha abriu o jogo sobre nosso relacionamento." Mas isso eu conto depois. Não agora! Após, a passagem do carnaval e de todo o ocorrido dos episódios finais, eu não morri. Aquele susto foi o primeiro nos braços daquela linda cigana, que veio com todo seu amor e medo, ficar ao meu lado durante dias no hospital. Tive o que os médicos dizem ser, um desmaio ocasionado por um distúrbio no coração. Fui pega fortemente nas emoções. E de acordo com os relatos de que quando eu era criança e desmaiava frequentemente, que contei a vocês, certamente isso, mesmo depois de anos, inevitavelmente aconteceria. Diante disso, fui aconselhada a pegar leve nas emoções. Pois eu tinha duas opções, "Cuidava da saúde ou entrava para a faca." achei melhor ficar com a primeira opção. A memória é vaga sobre essa parte do desmaio, lembro-me apenas da voz distante de Demétria e de toda a confusão, dali por diante ficou tudo mais claro. A partir do abrir os olhos, ela estava ali do meu lado, naquele quarto de hospital que sua família fez questão de pagar. Meus pais não sabiam o que fariam para agradecer esse ato nobre. Estavam tão felizes e envergonhados ao mesmo tempo que mamãe passou a chamar Demétria de "Minha Nora", obviamente por conta de meu irmão. Uma falsa esperança é claro. E foi assim, que começou a nossa história, a nossa luta, e os nossos ideais. Enquanto eu estava no hospital, Demétria não saiu do meu lado. Ela ficou comigo durante todo o tempo, cuidando de mim, conversando com os médicos e enfermeiros, e mantendo minha família atualizada sobre meu estado de saúde. Seu comportamento era gentil e carinhoso, e seus olhos demonstravam uma preocupação sincera comigo. A paciência que ela demonstrava e zelo com a minha pessoa eram encantadores. Não entendi por que ela quis pagar as despesas do lugar. Afinal não tínhamos nada ainda, ela era apenas uma amiga. Ao menos por enquanto, era assim que parecíamos. Ela sabia da minha situação, de como a vida foi difícil com meus pais e automaticamente para mim e meus irmãos, e não se importou. Pelo contrário, Demétria sentia uma enorme empatia por essa situação. Todavia, será que ela estaria preparada para mais esquisitices? Senti de repente a necessidade de contar sobre o sonho recente que tive e negar que havia tido um sonho muito louco e que Demi era parecidíssima com a principal protagonista, era o mesmo que negar a própria existência. Elas tinham até mesmo o sobrenome iguais. "Alejandro." Era impossível ignorar o fato de que o sonho havia sido extremamente vívido e realista, como se estivesse vivendo uma experiência genuína. Enquanto tentava processar o que havia acontecido, Demi se aproximou, percebendo que algo estava errado. — Está tudo bem? – Perguntou, com uma expressão de preocupação. Eu hesitei por um momento, eu perguntava se talvez isso fosse um sinal de que eu deveria tentar dar o próximo passo. Não conseguia tirar da cabeça a semelhança do sobrenome de Demétria com o nome que vi no sonho. Seria apenas uma coincidência? Ou seria algo mais significativo? senti um nervoso com a presença dela e com suas mãos me acarinhando, mas finalmente encontrei coragem para contar tudo. Respirei fundo, e finalmente contei a Demi sobre o sonho que havia tido. Expliquei que a protagonista se chamava Rubia Alejandro, e como elas eram incrivelmente parecidas. Falei sobre sua paixão por Lômir Rhadarani e todo aquele drama. Demi me ouviu atentamente, com uma expressão de surpresa no rosto. Depois que terminei, ela ficou em silêncio por um momento, processando a informação. E finalmente, ela falou: — Isso é realmente estranho. Eu já ouvi falar de alguém com esse nome antes, na minha família, mas talvez seja apenas uma coincidência. No entanto, se isso te incomoda, podemos tentar descobrir mais sobre essa Rubia Alejandro, e ver se ela tem alguma conexão conosco! – Me surpreendi com essa revelação, quer dizer que existia uma Rubia Alejandro, e talvez na família de Demi. — Sei que parece loucura Demétria, e tudo compactua para que pareça, por tanto se você diz que esse nome lê é familiar, não se sinta pressionada! – Conclui abrindo um sorriso de canto de boca. Fiquei agradecida pela compreensão de Demi. Enquanto conversávamos, percebi que havia algo diferente no ar. Havia uma energia que eu não conseguia explicar, mas que me deixava nervosa e animada ao mesmo tempo. — Então Ella, na verdade me recordo sim desse nome. Porém vagamente, e assim que eu tiver uma oportunidade, e "se" eu não me esquecer, prometo-lhe que verifico se é somente uma coincidência! – Disse. Durante aqueles dias de internação eu soube que ela era órfã de pai. Conversando com Demi, pude perceber que ela tinha muitas dificuldades em lidar com a perda do pai. Ela me contou sobre como ele era um grande herói em sua vida e como sentia falta dele todos os dias. Eu sabia que não seria capaz de substituir seu pai, mas queria ser uma amiga para ela, alguém em quem pudesse confiar e contar suas angústias. Pois é, isso mesmo, eu não tinha um sogro e Demétria sofria por isso. O seu pai faleceu em um acidente de motocicleta quando ela tinha somente 5 anos. Depois de um intervalo de um ano, sua mãe dona Carmen casou-se novamente com Victor, um incorrigível jogador. Mais precisamente um apostador de corrida de cavalos. Com ele minha sogra teve outro filho, para fazer companhia para Demétria ou devo dizer um pequeno diabrete. O moleque foi como uma "Encomenda do capeta." Como dizia a família. "Nasceu para orquestrar o mau feito." Criança mimada, egoísta, arrogante e pretensiosa." Dentre desses, e vários adjetivos que usavam contra ele. Faustino como era chamado, era cinco anos mais novo do que sua meia irmã. Seus pais faziam todas as suas vontades e seus olhos se direcionavam apenas para os seus passos, enquanto Demétria aprendeu desde muito nova a como conquistar seus sonhos com as suas próprias mãos. Sem depender de absolutamente ninguém, sua mãe a ensinou de todas as maneiras a ser uma mulher independente. Carmen sempre foi uma mulher machista, crendo que o homem é o sacerdote do lar, e que a mulher há de manter o papel de submissa. Mas, convenhamos que ela mesma, não fazia o uso da prática em seu lar, pois em sua casa quem exercia o poder era justamente essa senhora. Sempre defendendo uma ideia. Minha sogra era uma mulher que seguia as normas e valores de sua época. Na adolescência, a beleza da Demétria começou a atrair a atenção de muitos jovens em sua antiga cidade. Mas sua mãe, Carmen, sempre foi rigorosa e tentou mantê-la afastada de qualquer potencial pretendente, conhecendo os perigos que espreitavam na mocidade. Do mesmo modo, isso não acontecia com Faustino. Por ser "Macho" era criado para ser livre. Quando as pessoas insultavam o seu irmão, Demi virava uma Leoa, o defendendo com afinco. E apesar dos pesares os dois eram muito unidos. Já na adolescência se davam muito bem, faziam traquinagens juntos, e Demétria, por ser a irmã mais velha, Faustino a admirava como uma heroína. Contudo, o menino demonstrava os primeiros sinais de atraso em sua moralidade. Traços de preconceito e discriminação foram observadas em seu comportamento, o que causou alguma preocupação a sua família. Demétria, sendo a irmã mais velha responsável, assumiu a responsabilidade de educar Faustino lentamente, e ajudá-lo a tornar-se uma pessoa mais compassiva e acolhedora. Com o tempo, Faustino começou a compreender o valor da diversidade e a importância de tratar os outros com gentileza e respeito. Mesmo não aceitando muito bem o porquê do mundo haveria de existir pessoas como nós. Homossexuais. O preconceito velado ainda existia e estava enraizado naquela família. Independentemente de suas diferenças, Faustino amava a sua irmã, desde que ela não fosse lésbica E Demi pretendia nunca contar o seu segredo. Demétria Alejandro, era linda como um dia seu pai foi, e herdou de sua mãe a força e determinação para alcançar os seus sonhos. Devo concordar. Carmen criou uma mulher preparada para os caminhos da vida. Já, seu irmão Faustino até que não era um adolescente de se jogar fora. Loiro, gordinho e estatura baixa, mas com dezesseis anos não se pode exigir muito, e ainda mais sendo filho de pais com belezas distintas. Dona Carmen tinha 1,50 de altura. Olhos amendoados, cabelos castanhos e silhueta larga, trazendo a sombra da beleza que um dia ja teve. E seu esposo no Máximo 1,75 e barriga saliente de cerveja, conhaque, rum, licores. O que mais devo contar... Enfim, álcool. Bebia como um burro podre nas festas que a família costumava dar. Descendentes de Ciganos Espanhóis, Demétria também adorava uma boa festa. Regada de boa música, bebida, comidas, risadas e muita dança. Agora enquanto a riqueza da família, isso se devia a heranças de geração. Com o tempo a família foi ficando cada vez mais afortunada até chegar à vez de seus pais. No momento, tinham alguns imóveis na região, propriedades fora do país, investimentos e um ferro velho de automóveis de luxo. Apesar disso, sua mãe não era de esbanjar muito como o outro lado da família de Demétria. Mas quando se tratava de festas, ela fazia questão de não poupar. Maria, sua avó paterna, era sua única parente viva por parte de seu pai. Demétria seria a sua única herdeira. À medida que conversávamos, nossa amizade se fortalecia e passamos a nos sentir mais à vontade uma com a o outra. Comecei a perceber que minha atração por ela era cada vez mais intensa e percebi que talvez Demi sentisse o mesmo por mim. ​Ao sair do hospital Demétria me contou tudo e mais um pouco sobre sua "Abençoada família." E eu que achando que tinha problemas com a minha. Uma vez e outra ela me chamava para conhecer seus parentes e ver a tradicional dança cigana, mas eu ficava com receio e acabava não indo. Apesar da insistência de Demétria, eu não cedia e não ia até a sua casa. O meu instinto me dizia que algo não estava certo, mas eu não sabia exatamente o que era. Mesmo assim, eu tentava evitar a todo custo. Passamos algumas tardes despojadas ao grande pé de cerejeira, aquela mesma árvore que quase foi testemunha do nosso primeiro beijo. E nesse típico dia lá estávamos como aparentemente como duas ótimas amigas. Estava um dia fresco em uma tarde de sexta-feira, era outono e acompanhávamos as flores caindo vagarosamente pela grama. Eu usava um jeans escuro, pouco desbotado, com um suéter rosê e calçando meus tênis surrados. 

As 33 Viagens D'Ella ( Lapidação) LIVRO 2/ LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora