FIELDS OF HONOR | Hannigram

Capítulo 3

HANNIBAL "HONOR" LECTER
VILNIUS, LITUÂNIA
12 DE AGOSTO DE 2023, 21:04

Herman, seu filho da puta.

Todas as responsabilidades nas minhas costas, como sempre. Como em todas as vezes onde ele se sente desconfortável para atuar, mas se nega a se aposentar. Filho da puta. Filho da puta. Filho da puta. É um cretino formado, com status. É o general desta força tarefa. A razão de todos os meus declínios de paciência, cuja eu já nem possuo mais. Não satisfeito, estourou uma bomba americana em minhas mãos. Onde enfiaram-se os sargentos deste local? De que maneira, visando a linha hierárquica, essa função me pertenceria? Maldito Van Apell. Maldita confiança extrapolante de general para tenente.

Eram os ossos do ofício. Como tenente, muitas vezes eu era incumbido de tarefas que poderiam parecer mundanas, mas que faziam parte da porra do meu dever. No entanto, aquele dia parecia não ter fim enquanto se destacava como uma experiência desafiadora. Uma tarefa que inicialmente me pareceu bastante trivial se tornou um tormento. De minha parte, pelo menos, não havia nenhum entusiasmo, a começar, principalmente, pelo fato de que ele chegou me dando problemas. Para além disso, eu tinha uma lista de tarefas administrativas aguardando minha atenção, e mostrar as instalações para alguém parecia uma interrupção desnecessária.

Minhas percepções sobre Field deveriam ser imparciais, mas não foram. Maldito infeliz. Quando me deparei com ele, respondão e agitado como uma criança hiperativa, minhas virtudes militares quase se desfizeram. Parecia a única pessoa, até o momento, a sentir algum prazer em me contrariar. Embora levá-lo para a hoploteca parecesse ter sido uma boa ideia, ao longo do dia ele continuou a questionar minhas instruções. Ele parecia sempre buscar uma discussão e uma oportunidade para contradizer minhas decisões. A cada interação, sentia como se estivesse pisando em ovos, o que tornava a situação exaustiva e, cacete, estava acabando com o meu juízo.

Foi um dia cansativo, no entanto, repleto de detalhes, explicações e orientações sobre o funcionamento de cada setor. Ver o imutável Field absorvendo todas aquelas informações com o mínimo de interesse renovou minha convicção de que eu estava desempenhando um papel importante de palhaço. Para a minha sorte, não seria eu aquele que iria mostrá-lo onde ele iria dormir. Pelo contrário. Os homens jantaram no refeitório, mas eu preferia comer no gabinete. Sozinho, com o mínimo de paz. Ao entrar em meus aposentos, me senti imediatamente envolvido pelo silêncio e a tranquilidade. Era como uma cúpula de sossego, o lugar onde eu podia despir a farda e desligar temporariamente das responsabilidades do dia a dia. Os móveis simples e funcionais, a cama arrumada com precisão, tudo isso me trazia uma sensação de ordem e conforto.

Me desfiz da farda com cuidado, pendurando-a no armário. Cada vez que a colocava ali, era como se deixasse para trás não apenas um uniforme, mas também parte da minha identidade militar. Lá, eu era apenas um homem comum, um indivíduo em busca de momentos de descanso e paz. Dignamente. Era um pedaço do céu. No entanto, meu paraíso particular fora interrompido de maneira abrupta. Enquanto me preparava para mergulhar nos braços do sono, um som incessante ecoou pela sala: batidas na porta. Puta que pariu. Quem diabos ousaria perturbar minha preciosa noite de repouso?

— Mas que inferno — praguejei baixo e me levantei, vestindo meu robe com pressa e seguindo em direção à porta. A cada passo, minha expressão refletia meu cansaço e impaciência. Quando abri a porta, me deparei com um soldado com uma expressão que denotava urgência e necessidade.

— Tenente Honor — ele prestou continência. — Sinto muito incomodar nesta hora tardia, mas... — eu ouvi o barulho da garganta quando ele engoliu. — há uma situação urgente que requer sua atenção imediata.