Chuva cai sobre o meu corpo
O vento sussurrante, não machuca meus ouvidos
Suspenso, nenhuma cadeira me dará mais pé
Serei monumento nessa praça
Reunidas para me ver, as pessoas contarão histórias, caricaturas de quem fui
E serão verdade, em suas medidas
Mas ademais disso, sonhei todos os sonhos que se reservam aos poetas
Na minha carne me senti rei
No íntimo das noites, chorei desamparado
E no calor dos embates fui o mais vil e sem coração
Estarão certos todos aqueles que violarem meu cadáver
Me enterrem na cova mais rasa, ou nem ao menos se dêem o trabalho e me joguem em qualquer vala comum
Onde meu corpo se juntará aos vermes e por algumas semanas a mais incomodarei as boas pessoas com o cheiro de minha carne
Mas quem arrancar de meu pescoço a corda que me sufoca, ouvira no meu último suspiro ecoar o teu nome
Júlia