As lágrimas de Tae-hyung apenas escapuliram das órbitas, assim como escapuliu sangue, que agora escorria livremente dos seus braços.
Ele permaneceu imóvel, já a sua irmã berrava e puxava os cabelos com a testa enterrada no chão.
Mas ele não via ou ouvia ela, seus olhos ainda estavam presos ao momento... ao momento em que a sua avó... a sua avózinha...
Seu rosto se espremeu involuntariamente para que mais lágrimas saíssem.
Houve tiros e gritaria, contudo os dois permaneceram plantados no lugar, diante da fumaça e do fogo a se alastrar.
Tae-hyung estava como um catatônico e nem percebeu quando teve o corpo arrancado do chão, porém a sua irmã percebeu. Ela berrou ainda mais alto e se debateu tanto, que caiu no chão e pôde tentar se arrastar pra onde tava até ser pega de novo.
Quem os pegou, correu sem parar, ignorando toda a confusão que se instaurou após a bomba secreta que dona Mirydi ativou.
O trem fora proibido de partir, os caminhões do corpo de bombeiros, ou as "grandes carruagens", como os irmãos chamaram quando os viram pela primeira vez, chegaram rapidamente.
A Patrulha Civil-Militar e o exército imperial também apareceram logo depois, ambos tentando formar um cerco pra impedir que as pessoas fugissem do local.
Mas o homem com as crianças sabia bem o que estava fazendo. Ele abriu um bueiro, atirou na cara de um patrulheiro, esticou o braço pra minimizar a queda do Tae-hyung, depois desceu só o suficiente pra selar a passagem de novo, atirou na cara de mais dois patrulheiros, terminou de descer e pegou o menino caido na água de esgoto.
Daí por diante, não parou.
Os túneis eram confusos e apertados, mas ele não parou até chutar a grade redonda de uma queda d'água.
A correnteza no esgoto ficou um pouco maior, ele se sentou passou os pés para fora e pulou.
Precisou usar todas as forças das pernas pra nadar, pois só tinha elas no momento.
Ao alcançar a terra firme, soltou as crianças, arrancou milhares de folhas e galhos queimados de cima de uma lancha, a empurrou pro esgoto e botou as crianças.
— Pra onde você tá levando a gente?! — Eun com o rosto vermelho de tanto chorar segurou a canela dele. Sua voz estava fanha e arranhada.
Ele não respondeu, puxou uma gaveta secreta que estava cheia de armas, pegou uma AR-15, municiou ela e passou a bandoleira pelo pescoço.
Em seguida, pegou um controle remoto.
Quando balas começaram a voar na direção da lancha, vindo das duas ribanceiras com florestas aos lados, ele apertou um botão desse controle e mais duas explosões enormes ocorreram, depois mais outras trinta ou cinquenta decorrentes de minas terrestres que foram ativadas.
As crianças gritaram e se contorceram no chão com a lembrança vivida da avó.
Simultaneamente houve outros berros, mas assim como os tiros, pararam rapidamente.
O rio aumentou a largura depois disso, tiros disparados contra aquele sujeito foram categoricamente revidados, alguns até o acertaram em regiões mortais, mas ele nunca parava.
Era madrugada quando a lancha parou.
Ele disse em sinais para ficarem abaixados e não saírem da cabine, então desceu da lancha.
Eun espionou por cima das janelas quebradas a estibordo e viu quando um grupo de soldado se aproximou do homem.
Diferente dos da Coreia do Norte, eles estavam todos fardados com equipamentos militares de guerra azuis camuflados.
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Não volte
RomanceNa Coréia do Norte, Kim Tae-hyung substitui a avó doente no cuidado da terra há quase dez anos. Seu pai costumava ser um soldado querido pelo Imperador, mas foi rebaixado por suspeita de assassinatos e obrigado a servir exilado da família. Um estran...