Na sala sombreada, o medo pulsava no ar como um coração ferido. Lucas se jogou na criatura com a força de um guarda, esperando dar tempo para Ana escapar. Com um movimento rápido e brutal, a criatura agarrou Lucas pelo pescoço e o levantou do chão como se ele não passasse de um boneco de pano. Os olhos de Ana se arregalaram quando ela ouviu o estalo sinistro que sinalizou o fim de seu irmão.
Desesperada e sozinha, Ana recuou para a parede fria da sala, com as pernas tremendo incontrolavelmente. O monstro então se virou para ele, seus olhos brancos brilhando na penumbra enquanto arrastava o corpo inerte de Lucas pelo chão com uma garra, deixando uma marca vermelha na madeira velha.
Inabalável pelo terror, Ana observou a criatura se aproximar. Cada passo seu ecoava com a premonição da morte, uma voz profunda ecoando nas paredes de uma sala que tinha visto tanta tragédia. Com o monstro a apenas um braço de distância, Ana fechou os olhos e sussurrou uma oração silenciosa.
A criatura parou na frente dela, baixando a cabeça como se considerasse o medo que emanava de Ana. Terrivelmente devagar, ele alcançou o rosto dela. Ana sentiu o toque gelado das unhas afiadas imitando suas lágrimas e um arrepio percorreu sua espinha.
Sem avisar, a criatura agarrou Ana pelos cabelos e arrastou-a para o meio da sala. Ele tentou resistir, mas o poder sobrenatural do monstro era inegável. O monstro jogou Ana para o lado do corpo de Lucas com um movimento brusco, e ele não resistiu ao grito de dor que escapou de seus lábios. Então a criatura se abaixou, com os olhos brancos fixos em Ana, e com uma voz que parecia puxar correntes, sussurrou: “Agora você nunca mais vai sair deste lugar”. Num gesto final de terror, a criatura abriu bem a boca, revelando uma fileira de dentes serrilhados, negros como a noite. Ana gritou, mas sua voz foi rapidamente silenciada quando a criatura a envolveu em sua escuridão, engolindo-a na mesma escuridão que envolveu seu irmão.
O solar da colina silenciou, contando outra história trágica, enquanto sombras dançavam nas paredes, indiferentes ao desespero humano. As almas de Ana e Lucas, agora parte do eco das trevas, nunca encontrariam o caminho de volta para a luz.