Prólogo

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Eu segurava a taça de vinho com certa força ao constatar que Kaden ainda não tinha chegado

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Eu segurava a taça de vinho com certa força ao constatar que Kaden ainda não tinha chegado. Hoje eu finalmente completei dezoito anos e com isso meu noivado com Kaden será finalmente oficializado. Tudo precisa sair perfeito.

Eu e Kaden nos conhecemos quando eu tinha sete anos e ele nove, posso dizer que foi amor a primeira vista apesar de sermos crianças. Desde então nossas famílias decidiram se unir, pois eu e Kaden fomos prometidos um ao outro antes mesmo de eu nascer.

Seria uma união importante e poderosa.

– Cuidado para não quebrar a taça. – Liliana, irmã de Kaden e minha melhor amiga, sussurrou atrás de mim.

– Se o seu irmão não aparecer agora mesmo, a única coisa que vou quebrar será a cabeça dele. – digo entredentes. – Aonde ele se meteu?

Liliana dá de ombros. Suspiro pesado.

– Vai ver ele está comendo alguma puta. – ela ri quando deposito um tapa no seu braço. – Aí!

– Para de falar essas porcarias. – reviro os olhos.

Olho todas as pessoas dançando e bebendo e mordo o lábio inferior quando lembro do principal assunto que anda rondando minha mente nos últimos dias.

– Estou grávida. – falo em um tom baixo e Liliana cospe todo champanhe que estava bebendo.

Olho para ela com descaso e volto minha atenção para as pessoas no andar inferior. Prefiro ficar no andar de cima, supervisionando tudo e todos.

– O Kaden sabe disso? – ela pergunta após se recuperar do seu leve susto.

– Não. Vou contar quando oficializarmos o noivado.

Liliana fica calada e sei que está pensando a mesma coisa que eu. Nem eu ou Kaden queremos ter filhos, mas minha mãe disse que seria importante providenciarmos um herdeiro o quanto antes. Bastou uma transa onde estávamos bebados para resultar na pequena vida que cresce dentro de mim.

– Hum... isso é bom, não?

Ignoro sua pergunta e tomo mais um gole do vinho caríssimo.

– E você não deveria beber. – ela comenta, com os olhos queimando sobre mim.

– Um pouco não faz mal.

Ficamos em silêncio por um tempo, cada uma pensando nos próprios problemas. Minha família decidiu fazer essa enorme festa para comemorar o meu aniversário e noivado, mas tenho que admitir que não suporto esses eventos. Minha irmã, Isabella, é boa com isso. Ela é boazinha demais e até parece um sol no meio de tanta gente descarada, então deixo a responsabilidade de falar com os convidados por sua conta. O problema é que até agora ela não apareceu.

Aonde ela se meteu?

Saio dos meus pensamentos quando um burburinho se forma no andar inferior. Tomo um último gole da minha bebida e desço para saber o que está acontecendo. Liliana sempre ao meu lado.

– Está linda, Caterina. – um dos convidados comenta, mas apenas ignoro.

Apesar de Isabella e eu sermos gêmeas, é muito fácil diferenciar nós duas apenas pelo estilo. Até porque parece que um arco-íris vomitou na minha irmã mais velha. Nem parece que ela é a herdeira da máfia siciliana com seu jeito de Virgem Maria.

Tento passar pelas pessoas que estão amontoadas em volta de alguma coisa. O que esses idiotas estão fazendo?

Franzo o cenho quando vejo Kaden ao lado de Isabella. Não, não ao lado, Kaden está literalmente segurando sua cintura enquanto fala algo com seu pai.

– O que é isso? – pergunto com uma voz autoritária, fazendo todos se virarem para mim, inclusive Kaden e Isabella.

– Caterina... – Kaden olha para mim seriamente, totalmente diferente da forma que me olhou quando transamos na noite passada. – Eu e Isabella temos um pronunciamento a fazer.

Arqueio a sobrancelha e encaro minha irmã, que se encolhe como a verdadeira ratinha que é.

– Estou ouvindo.

Kaden traz Isabella para mais perto do seu corpo, e só Deus sabe a vontade que estou de cortar as mãos dele.

Que porra é essa?

– Massimo, sinto dizer que não pretendo me casar com Caterina. – ele fala diretamente ao meu pai, que tem o olhar confuso tanto quanto todos os presentes aqui.

Por um momento sinto minha visão embaçar.

Liliana segura meu braço, mas apenas desvio do seu toque.

– Que porra é essa, Kaden? – me aproximo dele, fazendo Isabella se esconder atrás dele. – O que você está fazendo ao lado dela?

– Cat...

– Não me chame assim. – grito com Isabella. – Eu quero saber o que vocês estão fazendo.

– Irei me casar com sua filha mais velha, Isabella. – Kaden me ignora e continua se direcionando ao meu pai. – Nos apaixonamos.

– Foi inevitável. – Isabella completa com sua voz mansa.

Ela pode enganar todo mundo, menos a mim.

– O que? Ficou louca, porra? – me aproximo ainda mais de Isabella, que é defendida por Kaden. – E você? O que está fazendo, caralho? Você trepa comigo e profere juras de amor e no dia seguinte aparece dizendo que está apaixonado pela minha irmã?

– Não foi do dia para noite. Conheci melhor Isabella há dois meses e quando percebi... – ele olha para minha irmã e isso me causou ainda mais raiva. – Vocês podem ser idênticas na aparência, mas ao mesmo tempo conseguem ser tão diferentes.

Uma risada escapa dos meus lábios e tenho que respirar fundo para assimilar toda merda que ele acabou de dizer.

– Está mentindo. Você mesmo disse que me amava ontem! Que merda pensa que está fazendo? Sou prometida a você antes mesmo de nascer.

– Caterine, eu sinto muito, eu... – Isabella se pronuncia.

– Cala a boca, sua vadia. – aponto o dedo para sua cara imbecil.

– Quanto mais rápido você aceitar, melhor vai ser. – Kaden fala sem nenhum remorso.

Um zumbido se forma nos meus ouvidos e todas as vozes parecem ficar distantes. Olho para o homem que amo e a garota cujo confiei minha vida. Dois traidores.

Isso não pode acontecer.

Meu pai e Domenico Spencer gritam com Kaden e Isabella, mas estou entorpecida demais para falar mais alguma coisa.

Sou sufocada por um milhão de pensamentos, entre eles o mais puro ódio. Não tem nada pior que a dor de uma traição.

Ele disse que me amava...

– Caterine! – Liliana segura meus ombros, me sacudindo para ver se volto a realidade.

Eles me traíram.

São dois traidores que merecem morrer.

– Caterine!

Percebo todos os convidados olharem para mim com pena e tenho vontade de enfiar uma bala na cabeça de cada um deles. Eu sou Caterina Mancini e jamais serei digna de pena.

Quero gritar e matar as duas pessoas que mais confiei nessa vida, mas não consigo me mover.

Sinto uma dor forte na minha nunca ao mesmo tempo que minha visão volta a ficar embaçada. Olho mais uma vez para Kaden, pensando em como ele foi capaz de fazer isso comigo.

Seus olhos que tanto me olharam com doçura e amor são a última coisa que vejo antes de tudo ficar escuro e silencioso.

DONT BLAME MEOnde histórias criam vida. Descubra agora