CAPÍTULO II

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ᴍᴀᴘᴀꜱ ᴇ ᴏʀᴀçõᴇꜱ



SUA CASA ERA ainda mais escura à noite, se isso era mesmo possível para um apartamento tão escuro. Sombras tristes de suas cortinas longas, sempre fechadas, abraçavam a bagunça calculada espalhada no chão do sala de estar dela. Sua bolsa de emergência, documentação sobre todos na equipe, seu livro sobre perfis que ela estudou nos últimos dias para atualizar seus métodos com os usados dentro do BAU. E embora o silêncio de seu quarto fosse tão ensurdecedor como de costume, sua mente tinha outras coisas para se preocupar.

Se ela continuar a tomar uma e meia pílula todas as noites, ela ficará sem elas dez dias antes de conseguir mais, e ela já estava em falta de sete pílulas para dormir até o final do mês. Seria ideal se ela conseguisse sobreviver com meia pílula por três dias não consecutivos.

Um.

Dois.

Três...

Era muito tarde da noite e Eleanor estava muito ocupada contando seus comprimidos restantes para o resto do mês, absorvida em seus pensamentos enquanto estava de pé no meio de sua cama com uma dúzia de pílulas brancas e pequenas na palma de sua mão, tentando encontrar diferentes formas de alterar sua dose sem muito dano.

Como sua nova equipe no BAU teve seu dia de folga, e sua entrevista com Hotch também foi adiada, então talvez alterar sua agenda de sono antes de sua primeira investigação não seria uma ótima idéia. Ela era consciente do fato de que ela já fazia parte da equipe, como disse Gideon, e a entrevista era apenas uma desculpa para ele apresentá-la à equipe. No final, não era a primeira vez que Hotch ouviu ou participou de uma conversa sobre Eleanor. Ele já estava familiarizado com ela. Ou pelo menos, ele pensava assim. Hotch, por algum motivo, não teve acesso a seu arquivo confidencial como parte do esforço da NSA para limitar a informação pública sobre seu tempo gasto no Programa de Proteção a Testemunhas. Portanto, ele estava confiando cegamente no julgamento de Gideon.

Após mais meia hora de permutações de pílulas e alguns 'que se foda' pelo caminho, ela acabou tomando metade de sua dose normal de acalmantes, mas apesar de estar acordada desde as 4:30 e lutando para voltar a dormir até as 6:30, Eleanor não foi chamada até mais tarde naquela noite. Eles acabaram de receber um caso e estavam atrasados por causa de sua entrevista com Hotch, então era seguro dizer que quando ela saiu daquele elevador, todos os olhos estavam voltados para ela. O caminho até o escritório de Aaron Hotchner parecia um momento interminável, passando pela sala de investigações e pelos olhares não tão amigáveis de seus novos colegas de equipe. Ela leu o suficiente para reconhecê-los em um piscar de olhos: Derek Morgan, Jennifer Jareau, Emily Prentiss. Enquanto seus olhares intensos a acompanhavam, seu olhar permaneceu fixo na porta do escritório, até que finalmente a alcançou.









Aaron Hotchner era alto e imponente, sem expressão facial, difícil de ler. O rosto ideal de um perfilador. Ele não era assustador ou desconfortável de se estar por perto, certificando-se de ser educado o suficiente para fazer com que qualquer um se sentisse mais à vontade ao seu redor. Ele a lembrava de sua mãe. Afinal, ele era um promotor. Ele não estava acostumado a sorrir ou mostrar muita emoção. Felizmente, Gideon também estava presente, seu rosto familiar sempre um prazer de ter por perto. Ele sorriu e sentou ao lado dela em frente à mesa de Hotch, cruzando as pernas e recostando-se na cadeira para adotar uma postura mais descontraída. Hotch, no entanto, recuou os ombros enquanto estendia o braço para cumprimentá-la com um aperto firme.

__Tenho certeza de que você foi informada de que isso é apenas uma formalidade. — Ele começou, apontando para a cadeira vazia. — Estou simplesmente curioso se você está pronta para começar ou se precisa de mais tempo para se adaptar. Afinal, você tem todo o direito, dado o fato de que o CTD não teve tempo de finalizar sua transferência.

PARANOIA  | ᴄʀɪᴍɪɴᴀʟ ᴍɪɴᴅꜱ [Versão em Português]Onde histórias criam vida. Descubra agora