— Então, para onde estamos indo? — Perguntei a Grayson quando
saímos do saguão do hotel.
— Bem, primeiro precisamos de um táxi, — ele disse. Ele caminhou
na direção da rua e chamou um táxi com facilidade.
— Espere, por que nós simplesmente não caminhamos? É uma noite
muito agradável.
Grayson abriu a porta do táxi para mim.
— Estamos com a agenda apertada, amor. — Ele fez sinal para que eu
entrasse.
Não vendo o ponto para discutir, entrei no carro e Grayson entrou
atrás de mim. Ele tinha um plano.
O motorista nos disse algo em francês, que presumi ser ele
perguntando para onde estávamos indo.
Pegando-me de surpresa, Grayson deu-lhe a localização no que
parecia ser um francês perfeito.
— Você fala francês? — Eu perguntei a ele, chocado.
— Sei falar vários idiomas, — respondeu ele, como se não fosse
grande coisa. — É normal que um Alfa aprenda a falar línguas diferentes.
Isso torna mais fácil a comunicação com outras matilhas ao redor do
mundo.
Eu balancei a cabeça e rapidamente alcancei o cinto de segurança
enquanto o carro se afastava do meio-fio. Como diabos uma pessoa podia
ser tão perfeita?
Ele era bonito, forte, gentil e inteligente. O que diabos ele
possivelmente vê em mim?
Antes que eu pudesse afivelar o cinto de segurança, Grayson envolveu
meus ombros com seu braço musculoso e puxou meu corpo para o dele.
Ele acariciou meu cabelo.— Você vai sentar aqui. Ainda não estou pronto para ficar longe de
você.
— Tem literalmente menos de trinta centímetros entre a gente.
Grayson encolheu os ombros.
— Muito longe.
Decidi não discutir, em vez disso me acomodei contente no peito
vasto de Grayson e observei as belas ruas de Paris passarem pela janela.
Enquanto estávamos a caminho do nosso destino, o motorista ficava
nos olhando pelo retrovisor sempre que possível.
Eu me contorci, desconfortável.
Eu não tinha certeza do porquê dele estar nos observando, mas ele
parecia extremamente interessado em tudo o que estávamos fazendo.
Grayson estava muito ocupado brincando com meu cabelo e
esfregando minha perna para notar. Mas ele imediatamente enrijeceu
quando viu meu desconforto. Ele seguiu meu olhar até o motorista.
Seus olhos se estreitaram e ele soltou um rosnado estrondoso que me
fez estremecer.
O motorista respirou assustado e rapidamente desviou o olhar,
mantendo os olhos grudados na rua pelo resto da viagem.
Assim que saímos do táxi, me virei para Grayson e cutuquei seu peito.
— Você precisa parar de rosnar para as pessoas.
Grayson passou um braço em volta do meu ombro e me guiou rua
abaixo. Ele bufou.
— Eu tenho que ser o único que pode olhar para você.
— Era realmente por isso que ele estava olhando para nós?
Ele suspirou.
— Não. Por mais bonita que você seja, tenho certeza que ele estava
apenas curioso sobre a garota no braço do Alfa. Ele provavelmente estava
se perguntando se você era minha companheira. Seria um negócio sério
se descobrissem que encontrei minha companheira.
— Ele era um lobisomem? — Eu perguntei, em estado de choque.
— Sim. Como eu disse antes, Paris tem uma das maiores populações de lobisomens do mundo.
— Sim, eu ainda estou tentando entender. Isso é loucura. E ele sabia
quem você era?
Grayson sorriu.
— Não quero me gabar nem nada, mas seu companheiro é um tipo
muito importante no mundo dos lobisomens.
Eu revirei meus olhos.
— Parece que ele também é humilde.
Ele rosnou de brincadeira na minha orelha, mordiscando-a
suavemente. Eu ri.
Ele parou na frente de uma loja de bebidas chique e abriu a porta para
mim. Eu dei a ele um olhar cético enquanto entrei.
A loja estava cheia de armários de madeira personalizados com
inúmeras variedades de vinho. Era a definição de elegância. Tudo era
imaculado.
Eu me senti um pouco deslocada com meu jeans, suéter e casaco que
comprei por dez dólares em um brechó.
Meus olhos se arregalaram quando percebi o preço da garrafa mais
próxima de mim. Era setecentos dólares.
Eu olhei para Grayson.
— O que você está fazendo?
Ele apenas piscou para mim e agarrou minha mão enquanto me
puxava pela loja, ignorando completamente minha pergunta.
Ele caminhou até um homem de terno que estava montando uma
vitrine em uma mesa. O homem olhou para nós e sorriu quando nos
aproximamos.
Ele disse algo em francês, ao qual Grayson respondeu em inglês: —
Gostaria de sua melhor garrafa de vinho. — Ele me abraçou, me trazendo
para mais perto dele.
O homem apenas sorriu e acenou com a cabeça, imperturbável.
Obviamente, isso acontecia com frequência. Ele caminhou até a parte de
trás, onde passou por uma porta.
— A melhor garrafa de vinho? — Eu perguntei a Grayson. — Não vai ser muito caro?
Grayson encolheu os ombros.
— Não é nada que eu não possa comprar, eu prometo.
Eu me virei para ele.
— Você está planejando gastar centenas de dólares em uma garrafa de
vinho?
— Provavelmente milhares, — disse ele com indiferença.
Meu queixo caiu no chão.
— Milhares?
Grayson sorriu, colocando as mãos na minha cintura.
— Realmente não é grande coisa. Já gastei muito mais do que isso
antes.
— Pode ser, mas você já gastou tanto assim em uma garrafa de vinho?
Antes que ele pudesse responder, o homem voltou segurando duas
garrafas de vinho.
— Estes são os dois que eu recomendaria, senhor. Este vem de..
— Vamos levar o mais barato, — interrompi imediatamente.
O homem pareceu um pouco surpreso, mas disfarçou o choque
rapidamente.
— Claro, senhorita. — Ele trouxe uma das garrafas.
— Este vai ser o mais barato, oito mil dólares americanos.
— O que? — Eu engasguei.
— Vamos levar, — disse Grayson.
Eu me virei para ele.
— Você não pode comprar isso.
Grayson ergueu uma sobrancelha e me deu um sorriso divertido.
— E porque não?
Eu olhei para o homem parado na nossa frente.
— Você nos daria licença por um momento?
O homem acenou com a cabeça.
— Sim, claro.Eu agarrei o braço de Grayson e o puxei para frente da loja.
— Não vou deixar você comprar isso, — afirmei.
— Belle, você merece apenas o melhor. E eu vou dar isso a você.
Começando com o melhor vinho que o dinheiro pode comprar.
— Eu nem gosto de vinho, Grayson. Existem tantas coisas melhores
que você pode fazer com esse dinheiro.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Como o quê?
— Como doações. Serviria a um propósito real ao invés de pagar por
uma garrafa de suco de uva superfaturada.
Ele não parecia convencido.
— Ok, tá bom, se você realmente quer me fazer feliz, então me dê seu
cartão de crédito e eu compro o vinho.
Grayson parecia muito confuso.
— Isso vai te fazer feliz? Comprar o vinho sozinha?
Eu afirmei com a cabeça e estendi a mão.
Ele ainda parecia cético, mas mesmo assim, lentamente colocou a
mão no bolso e puxou a carteira. Então ele me entregou o cartão de
crédito.
E eu saí correndo pela porta da frente da loja de bebidas.
Eu corri rua abaixo o mais rápido que minhas pernas podiam me levar,
ainda segurando o cartão de crédito de Grayson em minha mão.
Pensei ter visto uma mercearia quando saímos do táxi mais cedo e,
felizmente, estava certa.
É onde eu precisava ir. Eu corri mais rápido.
Não olhei para trás para ver se Grayson estava me seguindo. Eu não
tinha dúvidas de que ele me alcançaria.
Na verdade, eu esperava que ele alcançasse. Eu tinha desistido de ficar
longe.
Mas primeiro, eu tinha que chegar naquele supermercado.
Eu bati nas portas da loja e sorri brilhantemente. Demorou apenas
um segundo para sentir os braços em volta da minha cintura. Fui puxada
para trás, em um peito firme.
— Onde você pensa que está indo? — Grayson rosnou em meu
ouvido.
Eu me virei para encará-lo e passei meus braços em volta de seu
pescoço, sorrindo. Ele pareceu surpreso com minha demonstração de
afeto.
— Demorou um pouco para me alcançar, — eu disse.
Ele apertou seus braços em volta de mim.
— Eu queria ver para onde você estava indo.
— Você não estava com medo de que eu fugisse e gastasse todo o seu
dinheiro? — Eu disse, acenando com o cartão de crédito em seu rosto.
— O que é meu é seu. Você nunca vai ansiar nada, nunca mais. Você
pode gastar tanto do meu dinheiro quanto quiser.
Eu o encarei por um momento. Nunca tive dinheiro suficiente para
gastar em algo além do que era estritamente necessário.
Às vezes eu não tinha nem o suficiente para comprar comida.
Perdi a conta de quantas vezes fui para a cama com fome depois que
meu pai adoeceu.
Lá em casa, eu estava apenas começando a ser capaz de me sustentar.
Eu aluguei um pequeno apartamento com um cômodo e estava
pagando por ele com um emprego péssimo de garçonete. Não era a vida
mais luxuosa, mas era o suficiente para mim.
E eu estava muito orgulhosa do fato de estar fazendo tudo isso
sozinha, sustentando a mim mesma.
Claro, às vezes eu não tinha dinheiro suficiente para comprar
mantimentos. Mas talvez agora que eu não precisava mais economizar
todo o meu salário para uma passagem de avião para Paris, eu pudesse
finalmente começar a viver, em vez de apenas sobreviver.
Claro, isso foi antes de eu perder meu voo para casa e não aparecer
em vários turnos nos quais estava escalada. Turnos que eu precisava para
pagar meu aluguel... que já tinha vencido.
Eu não queria nem pensar em como pagaria por outro voo para casa.
Achei que talvez não compraria mantimentos por um tempo ainda.
Lembrei-me de que tinha pasta de amendoim no armário e sempre
poderia roubar algumas batatas fritas dos pratos das pessoas na
lanchonete, se ainda tivesse um emprego.
Com sorte, meu chefe entenderia. Isso teria que ser o suficiente por
enquanto.
Quando eu não respondi, Grayson apertou meus lados.
— Por que você veio aqui, afinal?
Eu sorri.
— Se você precisa de seu suco de uva azedo, este é o único lugar que
permitirei que você compre.
Ele ergueu uma sobrancelha, com um ar divertido.
— É mesmo?
Eu concordei.
— Sim. E eu tenho que escolher.
Ele balançou a cabeça, parecendo que iria protestar.
— Belle
Eu o interrompi, esmagando meus lábios contra os dele. Grayson
soltou um grunhido de surpresa, mas não protestou.
Um rosnado baixo saiu do fundo de seu peito, e ele imediatamente
aprofundou o beijo, puxando meu corpo contra o dele.
Sabendo a rapidez com que as coisas podiam piorar quando se tratava
de beijar Grayson, afastei meus lábios dos dele quando o senti passar sua
língua na abertura dos meus lábios, pedindo entrada.
Ele gemeu em desaprovação e tentou me beijar novamente, mas eu
coloquei minha mão sobre sua boca como uma barreira. Ele rosnou.
— Me dê o que eu quero e eu te beijo de novo, — eu disse.
Ele estreitou os olhos e eu lentamente removi minha mão.
— Você tem sorte de ser minha companheira, — ele disse em voz
baixa, que dizia que seu lobo estava perto da superfície.
— Se outra pessoa tentasse me manipular assim, eu os colocaria de
volta em seus lugares em segundos da maneira mais dolorosa possível.
Eu engoli em seco.
Ele se inclinou de modo que seus lábios quase roçaram nos meus.
— É bom que eu faça qualquer coisa para ter seus doces lábios nos
meus, — ele sussurrou.
Eu pude sentir minhas bochechas esquentando. Grayson riu
baixinho.
— Venha, vamos buscar seu vinho. — Ele me empurrou na direção de
um dos corredores.
Depois de escolher uma garrafa de vinho com preço razoável por
cerca de seis euros, olhei para Grayson.
— Ok, nós temos o vinho. E agora?
Grayson tinha um braço envolto possessivamente em volta da minha
cintura, seu polegar esfregando meu flanco.
— Agora vamos buscar o pão. — Ele me empurrou para onde o pão
estava localizado.
— Pão? Por que precisamos disso? O que você está tramando? — Eu
perguntei.
Grayson sorriu.
— Fiquei realmente surpreso quando você veio para cá. Este lugar era
nossa próxima parada.
— Mesmo? Por que?
Grayson pegou uma baguete bonita.
— Vamos comprar pão francês e queijo.
— Vinho, pão e queijo? Vamos fazer um piquenique? — Eu perguntei.
Eu olhei para fora. — O sol já está quase se pondo.
Grayson encolheu os ombros.
— Acho que você só vai ter que esperar para ver.
Depois de comprar nosso vinho, pão e cinco tipos diferentes de
queijo, Grayson e eu entramos em um táxi e partimos para nosso
próximo destino.
Que por acaso era a Torre Eiffel.
Quando saí da cabine, não pude evitar, fiquei boquiaberta com a
enorme estrutura de ferro fundido. Era muito maior do que eu tinha
imaginado.
— Uau, — eu disse. — Esta é a minha segunda vez em Paris e só agora
consegui ver a Torre Eiffel.
Grayson veio atrás de mim e passou os braços à minha volta,
inclinando-se para colocar o queixo no meu ombro.
— Estou feliz de estar aqui com você durante a primeira vez que você
pode ver a torre, — disse ele. Ele beijou minha bochecha suavemente e
então segurou minha mão.
— Vamos lá. — Ele me levou em direção a um banco.
Já havia pessoas sentadas quando nos aproximamos, mas quando
viram Grayson, imediatamente se levantaram e saíram correndo,
murmurando: — Desculpe, Alfa.
— Por que não nos sentamos naquele banco? — Eu perguntei,
apontando para um banco vazio.
— Tinha que ser este banco, — Grayson disse bruscamente, enquanto
nos sentávamos.
Sr. Mandão, como de costume.
Eu finalmente estava começando a aproveitar meu tempo com Grayson, mas talvez fosse porque eu sabia que estava perto do fim. Logo
voltaria a trabalhar e tentaria esquecer tudo sobre minha viagem a Paris.
Eu balancei minha cabeça para me livrar desse pensamento, voltando
ao presente.
O sol estava começando a se pôr, pintando o céu de lindos tons de
rosa, roxo e laranja.
Haviam pessoas sentadas ao nosso redor, olhando para a torre.
Percebi que várias outras pessoas também estavam chegando,
arrumando cobertores na grama e sentando-se nos bancos ao redor.
— Por que tem tanta gente? — Eu perguntei enquanto olhava ao
redor.
— Você vai ver, — disse Grayson.
Eu levantei uma sobrancelha, mas não disse nada.
Ele abriu o saco de papel que continha vinho, pão e queijo e tirou
tudo. Tentei pegar o pão, mas ele o tirou do meu alcance.
Eu o encarei com um olhar questionador.
Ele olhou para o relógio.
— Só mais alguns segundos.
E então nossa noite se tornou verdadeiramente mágica.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sequestrada por um Alfa - Annie Whipple
WerewolfBelle nem sabe que lobisomens existem. Em um avião para Paris, ela encontra o Alfa Grayson, que afirma que ela lhe pertence. O possessivo Alfa marca Belle e a leva para sua suíte, onde ela tenta desesperadamente lutar contra a paixão que cresce dent...