𝒯𝑟𝑢𝑐𝑠 𝑏𝑖𝑧𝑎𝑟𝑟𝑒𝑠

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A madrugada se desenrolava inquietante, enquanto eu me encontrava deitada em minha cama, esperando ansiosamente pelo sono que teimava em não chegar. O silêncio era interrompido apenas pelo miado insistente do meu gato, Fumaça, que parecia agitado e determinado a chamar minha atenção.

- O que foi, Fumaça? Por que você não me deixa dormir? - perguntei, tentando ignorar a sensação de apreensão que começava a se instalar.
Com um movimento ágil, o gato saltou da cama e correu em direção à janela, miando mais uma vez, como se estivesse me guiando.

- Eu não vou me levantar - murmurei, relutante em atender ao chamado do gato. Mas Fumaça persistiu, miando de forma insistente e determinada, como se estivesse tentando me convencer a segui-lo.

- Está bem, você venceu - cedi finalmente, levantando-me da cama com uma sensação de desconforto.
Meus pés tocaram o piso gélido, guiando-me até a janela. Ao olhar para fora, tudo parecia normal. Não havia nada além da vista habitual da parte de trás da casa, com uma rua vazia à frente e uma pequena praça além.

- Não tem nada lá fora, Fumaça. Seus instintos de gato mágico devem estar falhando - murmurei para mim mesma, tentando dissipar a sensação de inquietação que se instalava em meu peito.

Peguei o gato nos braços e dei uma última olhada pela janela antes de me afastar, mas uma sensação de mal-estar persistia, como se algo estivesse espreitando nas sombras além do vidro

- Merda, você me assustou, Fumaça - murmurei para mim mesma enquanto me deitava na cama, sentindo um calafrio percorrer minha espinha.

- Que besteira, já passei por coisas muito mais assustadoras - tentei me convencer, embora a sensação de inquietação persistisse.

Com Fumaça aninhado em meu colo, estendi meu braço e abri uma gaveta na pequena escrivaninha ao lado da cama. Com cuidado, peguei minha varinha e a coloquei ao meu lado na cama, buscando um pouco de conforto e segurança na familiaridade do objeto mágico.

Encolhendo-me nos lençóis tentei afastar os pensamentos sombrios que teimavam em assombrar minha mente, concentrando-me na presença reconfortante de Fumaça.

Desci as escadas com Fumaça seguindo-me, um rastro de inquietação evidente em meu semblante

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Desci as escadas com Fumaça seguindo-me, um rastro de inquietação evidente em meu semblante. Qualquer observador atento teria percebido que a noite anterior não havia sido tranquila para mim.

- Bom dia, querida! Você parece que não dormiu nada bem. Aconteceu alguma coisa? - Lysandra me cumprimentou, seu sorriso irradiando calor e preocupação.

- Ainda pergunta? Desculpe, não quero ser rude. Fumaça passou a noite miando incessantemente. Acho que ele não gostou de ficar no quarto, ou sei lá, talvez ainda esteja se acostumando comigo - expliquei, enquanto me acomodava à mesa e buscava um pouco de conforto em uma xícara de chá.

- Ele miou? Eu não ouvi nada - respondeu Lysandra, com uma expressão de surpresa genuína. Surpresa, virei-me para olhar para Fumaça, que estava pacificamente sentado ao meu lado no chão, como se nada tivesse ocorrido.

- Deve ter sido coisa da minha cabeça, sabe? Sou meio sonâmbula - murmuro, tentando convencer a mim mesma enquanto me ajeito na cadeira, forçando uma postura reta.

- Vou passar o dia fora resolvendo alguns negócios, tudo bem? - Lysandra começou a despejar uma série de informações sobre os assuntos da família, mas minha mente estava longe, prestes a explodir. Nunca fui boa com assuntos de negócios ou administração.

- Está bem - respondi, tentando manter o interesse, embora minhas preocupações pessoais dominassem meus pensamentos.
- Se comporte - ela disse,levantando-se da cadeira.
- Aham, eu sei - repliquei, o tédio evidente em minha voz.

Lysandra contornou a grande mesa e depositou um beijo em minha cabeça.

- E eu estou falando sério. Se
comporte - reforçou, com uma expressão preocupada.
- Eu sei, já sou quase uma adulta, sabia? Não precisa se preocupar tanto. - respondi, um pouco irritada com a insistência dela.

Ela suspirou e se afastou, o som de seus saltos ecoando pelo corredor até que desaparecessem. Assim que abriu a porta da frente, ela lançou um último olhar na minha direção antes de sair e fechar a porta.

Olhei para Fumaça e soltei um suspiro.
- Sozinhos, o que faremos?- perguntei,
mais para mim mesma do que para ele.

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- Nada. Não fizemos nada além de algumas refeições, - murmurei para Fumaça, sentindo-me frustrada com a monotonia do dia. - Você deveria me ajudar, afinal, é um gato mágico, não é? Faça algo legal - implorei, buscando por um lampejo de animação naquela quietude.
Me sentei na cama do quarto, observando a escuridão se aproximar através da janela entreaberta. A luz da noite pintava o ambiente com tons frios, meus olhos exploraram o quarto em busca de algo para quebrar a monotonia. Foi então que avistei a pequena caixa de joias na penteadeira.
Lembrei do colar que havia retirado do cofre mais cedo. Levantei-me de um salto e me aproximei da penteadeira, atraída, abri a caixa e peguei o colar, deixando-me envolver por sua beleza delicada e intrincada. Com cuidado e reverência, coloquei o colar ao redor do pescoço, sentindo uma onda de energia percorrer meu corpo.

- O que acha, Fumaça? - Viro-me para ver o gato, mas ele não estava mais lá. Um calafrio percorre meu corpo quando percebo que a porta estava entreaberta, balançando suavemente como se impulsionada por uma presença invisível. - Pedi para que fizesse algo legal e não me assustar - murmuro, a inquietação começando a se instalar em meu peito. Com um gesto hesitante, avanço em direção à porta, empurrando-a lentamente para ver se ele estava lá.

- Fumaça! - Chamo por ele, mas o gato não responde. - Se eu soubesse que gatos meio-amassos davam medo, nem teria pedido um.- murmuro, sentindo um arrepio me percorrer.

Ao chegar na sala, avisto o cinzento sentado em cima da mesa de centro entre os sofás. Suspiro aliviada ao vê-lo, mas quando me aproximo para pegá-lo, meus olhos se abrem assustados ao notar as peças de xadrez se movendo no tabuleiro.

- Fumaça, você que está fazendo isso, não é? - pergunto, com um misto de admiração e perplexidade.
- Que besteira, tabuleiro bruxo se mexem - Pego o gato no colo. Mas antes que pudesse relaxar, uma das portas grandes da sala se abre com força, fazendo com que Fumaça pule do meu colo e corra na direção da porta.

Meu coração dispara enquanto observo a porta se abrir sozinha, como se impulsionada por uma força invisível novamente.

- Não foi você que fez isso... - murmuro para Fumaça, reconhecendo que algo estranho estava acontecendo na casa. - Se der tudo errado, posso tentar aparatar sem varinha, mas não garanto que seja boa - acrescento, sentindo-me nervosa.

Fumaça mia em resposta, como se entendesse a gravidade da situação. Com um último olhar ao redor, atravesso a porta aberta, adentrando o corredor, as luzes piscam de forma intermitente.Uma porta se abre diante de mim, como um convite para adentrar. Instigada pela curiosidade, atravesso o umbral e me encontro no escritório que mamãe havia reservado para papai, em esperançosa antecipação de seu retorno. Uma luz intermitente, proveniente de uma luminária na mesa de trabalho, parece piscar em um padrão peculiar, como se me convidasse a investigar mais de perto.

Aproximando-me da mesa, uma das gavetas se abre abruptamente diante de mim. "Um fantasma? Por que estou temendo um fantasma quando já vi tantos?" Penso, tentando acalmar meus nervos. Minhas mãos tremem enquanto vasculho as fotografias na gaveta, mas uma delas chama minha atenção de forma inquietante.
Sinto uma força sobrenatural puxando a foto em minha direção, como se estivesse determinada a revelar seus segredos. A imagem retrata uma mulher jovem, de cabelos negros e olhos azuis.

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⏰ Última atualização: Jun 11 ⏰

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𝕾𝖔𝖗𝖈𝖎𝖊̀𝖗𝖊  ʲᵃˢᵖᵉʳ ʰᵃˡᵉ (HIATUS!)Onde histórias criam vida. Descubra agora