Capítulo 4 - Um Amor de Mentira

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Para Charlotte, tudo o que aconteceu em 1983 parece ter saído diretamente de um filme de terror. A garota ainda não consegue esquecer da morte do filho de William e da maneira como ocorreu, sendo um dos momentos mais traumáticos para ela. Mesmo tendo visto de tudo, aquele incidente mexeu psicologicamente com a jovem que tentava apagar de sua mente a sensação de ver alguém morrer de uma forma terrível e dolorosa.

William, por sua vez, não demonstrou nenhum tipo de sentimento relacionado a isso, embora tenha castigado severamente seu filho mais velho. A partir disso, a garota fez o possível para diminuir o contato com a família Afton, mas sempre que tentava fugir do seu destino, mais situações complicadas surgiam. Dentre elas, a mais importante: as visitas frequentes de William em sua casa com o pretexto de conversar com Amber e Sherlock, porém, a jovem tinha certeza que o motivo dele era outro.

Em determinado dia, Afton foi para a casa de Charlotte conversar com os pais dela sobre o futuro da FazBear e a garota preferiu ficar sozinha em seu quarto, na varanda, olhando para o caos da rua e a pressa das pessoas para chegarem aos seus destinos. Perdida em pensamentos, ela não se deu conta que Afton já estava atrás de si e apenas saiu de seu transe quando sentiu as mãos quentes e firmes segurarem sua cintura e a trazer para mais perto. Os olhos azuis de Charlotte se fecharam na mesma hora, pois mesmo fugindo, o seu coração e a sua mente ainda queriam estar nos braços de William.

— Por que está fugindo de mim, coelhinha? — A voz dele era rouca, a respiração quente contra sua pele lhe fez arrepiar.

— Eu não sei se é certo o que estamos fazendo. — Ela engoliu em seco. Os olhos se fecharam e sua cabeça encostou contra o peito dele.

— Você desperdiçaria um momento como esse pelo medo, coelhinha? — William a beijou no pescoço. — Esqueça o que aconteceu lá atrás.

— Não consigo. — Ela murmurou, tentando manter sua respiração controlada. Seu coração batia forte contra seu peito. — Eu só... Não entendo. Você não demonstrou nada.

— Mas sofri. — Ele comentou, a voz firme. — De que importa remoer isso agora? Está tudo bem. — Afton encostou o queixo acima do topo da cabeça dela. — Você vai ficar presa no que aconteceu?

— Não. — Ela passou as mãos por cima das dele, sentindo as veias saltadas.

William virou Charlotte abruptamente em sua direção e a segurou firmemente no queixo, a trazendo para mais perto de si. Os dois se entreolharam, a garota parecia confusa e seu olhar desviou do dele no mesmo segundo devido à vergonha que sentia. Mesmo tentando não manter o contato visual, sua tentativa foi fracassada porque o mais velho manteve a firmeza com que segurava seu delicado rosto.

— Quero ouvir você dizer que gosta de mim e que independente do que aconteça daqui para frente, você será obediente. — William tinha a voz firme e demonstrava poder sobre a garota.

— O que isso tudo significa? — Ela parecia confusa, mas parou de pensar tanto quando William roçou seus lábios contra os dela. — Eu gosto de você e te obedecerei independente do que aconteça.

— Boa coelhinha.

O prêmio por ter respondido exatamente o que Afton queria ouvir era um beijo demorado que fez Charlotte ficar completamente arrepiada. A sensação era completamente diferente do que havia imaginado há anos e, agora, que estava nas mãos de William, se deixaria ser guiada para onde quer que fosse porque confiava cegamente nele.
As mãos de Afton deslizaram pela cintura de Charlotte, os dedos apertando a região e os lábios de ambos se movendo em uma mesma sintonia. A garota estava com os braços ao redor do pescoço dele, seus pequenos dedos acariciando a nuca e as unhas alisando o cabelo escuro demoradamente.
Charlotte, por sua vez, começou a se empolgar com aquele beijo e uma sensação nova afetou todo o seu corpo ao ponto de fazê-la tomar atitudes que naturalmente não tomaria. Ela beijou William no pescoço, sentindo a pele contra seus lábios macios, assim como o cheiro da colônia dele que sempre a fazia ficar quente, porém, as suas atitudes foram controladas repentinamente quando Afton a segurou novamente pelo queixo. Ambos se encararam profundamente sem dizer uma palavra sequer, porém era suficiente para se entenderem.

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