13. CONFISSÕES

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NA LUZ DO SOL, JUNGKOOK ERA CHOCANTE. Eu não conseguia me acostumar com aquilo, embora o tivesse olhado a tarde toda. Sua pele, branca apesar do rubor fraco da viagem de caça da véspera, literalmente faiscava, como se milhares de diamantes pequenininhos estivessem incrustados na superfície. Ele se deitou completamente imóvel na relva, a camisa aberta no peito incandescente e escultural, os braços nus cintilando. As reluzentes pálpebras pálidas como lavanda estavam fechadas, embora ele evidentemente não estivesse dormindo. Uma estátua perfeita, entalhada em alguma pedra desconhecida, lisa como mármore, cintilante como cristal.

De vez em quando seus lábios se mexiam, tão rápido que pareciam estar tremendo. Mas quando perguntei, ele me disse que estava cantando consigo mesmo; era baixo demais para que eu ouvisse.

Também aproveitei o sol, embora o ar não estivesse tão seco para o meu gosto. Eu teria gostado de me deitar de costas, como ele fez, e deixar o sol aquecer meu rosto. Mas fiquei sentado, o queixo apoiado nos joelhos, sem vontade de tirar os olhos dele. O vento era suave; enroscava meu cabelo e agitava a relva que se espalhava ao redor de sua forma imóvel.

A campina, tão espetacular para mim no início, empalidecia perto de sua magnificência.

Hesitante, sempre temeroso, mesmo agora, que ele desaparecesse como uma miragem, lindo demais para ser real... Hesitante, estendi um dedo e afaguei as costas de sua mão faiscante, onde estava ao meu alcance. Outra vez fiquei maravilhado com a textura perfeita, macia como cetim, fria como pedra. Quando ergui a cabeça novamente, seus olhos estavam abertos, observando-me. Hoje cor de caramelo, mais claro, mais quente depois da caçada. Seu sorriso rápido virou o canto de seus lábios perfeitos para cima.

— Eu não assusto você? — perguntou ele brincalhão, mas pude sentir a curiosidade real em sua voz suave.

— Não mais do que de costume.

Ele abriu mais o sorriso; seus dentes cintilaram ao sol.

Aproximei-me mais um pouco, agora com a mão toda estendida para acompanhar os contornos de seu braço com a ponta dos dedos. Vi que meus dedos tremiam e sabia que ele não deixaria de perceber isso.

— Importa-se? — perguntei, porque ele fechara os olhos novamente.

— Não — disse ele sem abrir os olhos. — Nem imagina como é. — Suspirou.

Passei a mão suavemente pelos músculos perfeitos de seu braço, acompanhando o leve padrão de veias arroxeadas por dentro da dobra de seu cotovelo. Com a outra mão, virei a palma dele para cima. Percebendo o que eu queria, ele virou a mão naqueles seus movimentos ofuscantes de tão rápidos e desconcertantes. Isso me sobressaltou;
meus dedos paralisaram em seu braço por um breve segundo.

— Desculpe — murmurou ele. Ergui a cabeça a tempo de ver seus olhos dourados se fecharem novamente. — É muito fácil ser eu mesmo com você.

Levantei a mão dele, virando-a enquanto via o sol cintilar em sua palma. Eu a trouxe para mais perto de meu rosto, tentando ver os aspectos ocultos de sua pele.

— Diga o que está pensando — sussurrou ele. Olhei-o e vi seus olhos me fitando, intensos de repente. — Não saber ainda é estranho para mim.

— Sabe de uma coisa, todos nós nos sentimos assim o tempo todo.

— É uma vida difícil. — Será que imaginei o sinal de arrependimento em sua voz? — Mas você não me contou.

— Eu é que queria poder saber o que você está pensando... — hesitei.

— E?

— E queria poder acreditar que você é real. E queria não ter medo.

— Não quero que sinta medo. — Sua voz era um murmúrio suave. Ouvi o que ele não pôde dizer verdadeiramente, que eu não precisava ter medo, que não havia nada para temer.

Crepúsculo - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora