8 - O santo bateu

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Bk,

Renanzinho, Diel e Beto arrastaram o difundo para fora, deixando uma trilha e uma poça de sangue perto da porta. Ramires entrou por ela, fechou e guiou até a Aline. Dobrou os joelhos para estar da altura dela e, após um curto minuto avaliando seu rosto, deu um surdão na mina. A coroa soltou um gritinho, cobrindo os olhos.

- Vagabunda, a gente ainda tem muita coisa pra resolver... - Tomando o rádio da Aline, Ramires se levantou.

- Chega! Já bateu muito papo com tua mulher, Marreco.

Nesse meio tempo, carreguei o moleque pela gola da camisa e joguei entre às duas.

- São o que seu? - Chutei fraco a mão da Aline, caída de bruços no chão.

- São meu irmão e minha mãe, seu mostro! Solta eles, sou eu quem vocês querem, solta eles! - Pude enxergar nela a gana de proteger, ela faria qualquer coisa por aqueles dois. Muito bom... pra mim. Ela faria o que eu quisesse para que o irmão e a mãe saissem vivos.

Uns gritos irromperam no rádio, Ramires se envermelhou ao ouvir o Marreco dizer serem os gritos da Naty.

Eu travei...

- Ele tá metendo o louco, Ramires! Não pode ser a Natália... - Eu queria acreditar que não era.

- Naty...? O que a Naty faz aqui? - Aline também se surpreendeu.

Com uma risada cabulosa, Ramires pisou na cabeça da Aline, arremetendo seu rosto no chão, sua mãe e seu irmão se abraçaram, exprimindo lamúrias baixas.

- Tu sabe que eu vou arrancar pedaço por pedaço da Aline, né...? - Ramires ameaçou no radinho.

Marreco botou a Naty pra falar.

Porra! É ela mesma... que merda!
Me bolou, óbvio... fiquei agitadão, evitando dar muito na cara pro Ramires não se ligar.

Vacilo, Natália, pô...

Depois que o Marreco finalizou, Ramires começou a chutar a Aline pelo corpo todo, descontando a pilha.

- Sua puta, piranha, isso é sua culpa! Desgraçada!

Virou a Aline pelo cabelo e, subindo nela, apertou seu pescoço. Eu reconheço muito de mim nessa mina, ela é dura na queda, não chora, não grita, não implora e revida. Ela socava a cara do Ramires, contudo não resolvia nada, ela estava sendo asfixiada.

- Ramires, chega, mano! Chega, caralho! - Tirei ele de cima dela, mesmo querendo deixar, e ele caiu para trás, sobre os cotovelos. - Eles tão com a Naty, pô, pensa! Se a gente quebra com ela, eles quebram a Naty.- Eu dizia, olhando puto pra Aline e prendendo a camisa do Ramires na mão para não o deixar levantar; ele bufava.

- Nunca imaginei isso de você, Ramires. Fiz tanta questão do namoro de vocês, você parecia um homem bom! — A velha, mãe da Aline, chorava ressentida. 

- Pergunta pra prostituta da tua filha o que aconteceu! Tu não contou pra ela, Aline? - Ramires mantinha o olhar doentio na Aline, indicando sua mãe com o queixo. 

Aline recuperou o ar e se sentou, raspando a bunda no tapete para se juntar a mãe e ao irmão. Os abraçou, beijou a cabeça dos dois.

- Conta pra ela o que tu fez comigo, pô! - Ramires, num salto estava em pé, esfregando a cara e pegando o fuzil caído no chão. Apontou o bico pra Aline, amuada nos braços da mãe e do irmão.

- É de bandido que ela gosta! ELA ME LARGOU PRA FICAR COM ELE, TAVA DANDO PRA ELE ENQUANTO TAVA COMIGO! 

A filha do cara nas mãos do Marreco e ele se importando com mironguinha, parceiro? 

Love na Rocinha 3 - Pradoxal Onde histórias criam vida. Descubra agora