Acordei mais uma vez, com a esperança, de que estaria comigo, ai Jacky quanta saudades, não acordei com você, mas o Bany estava em meu lado, mais uma vez, então decidi tomar um banho, tirar todas as energias negativas até por quê minha coluna não aguentava mais aquelas camas duras do Japão, talvez o Jacky ia odiar, ele gostava de dormir em coisas fofinhas e confortáveis. Me arrumei para dar mais uma volta no centro pela manhã, arrumei meus cabelos, coloquei um Hashi no cabelo, mas algo me intrigou o Bany não parava um só momento de miar, foi então, que fui mexer nas gavetas do antigo morador da casa e achei, uma coleira, talvez ele passeava com o Bany, mas o Bany era obeso, como ele gostava de passear, me perguntei isso, coloquei a peitoral nele, mas do nada a gaveta abriu sozinha, no momento, fiquei bem assustada. Sou curiosa fui ver o que tinha na gaveta, e tinha uma foto em família, talvez era do antigo morador, era uma tradicional família japonesa, mas era uma foto até desgasta de tão velha, então o Bany começou a miar e olhar para aquela fotografia.Fui perguntar para a minha vizinha, eu sempre fui uma menina muito curiosa. Respirei fundo;
Toc-toc-toc (bati na porta)
- Ohayō (bom dia) disse a senhora.
Ela falava em Japonês, mas escrever essa língua, para mim ainda é bastante complicado, mas conversei com ela, com a língua tradicional.
- Me desculpa a intromissão, mas a senhora sabe me dizer quem é essa familia da foto, e esse gatinho, o antigo dono dele, deixou ele em minha casa, acabei de alugar aqui, e vou ficar por um tempo no Japão.
A senhora suspira bem fundo, e seus olhos enchem de lagrimas.
- Entre menina, venha tomar um shochu comigo.
- Claro, só vou tirar meus sapatos, posso entrar com o Bany?
- Pode entrar com ele sim, não se preocupe também tenho um gato.
Eu ainda fico intrigada de como aquela senhora, me tratou tão bem sem ao menos me conhecer, será que todo pessoal do Japão é assim, espero que seja. E eu não fazia ideia o que era Shochu, pensava que era um tipo de café, no Brasil quando te convidam para entrar sempre de oferecem café.
Então a senhora, me serve um Sochu, o gosto não era muito bom não, mas eu tomei, fui tomando aos poucos, por quê era forte de mais, era uma bebida destilada a base d'água .
- Menina, quero te falar essa foto era da família de meu vizinho, ele era uma pessoa extremamente fechada, principalmente depois que sua esposa faleceu, seus filhos foram embora, ele era sozinho, era um bêbado.
No mesmo instante fiquei co tanta pena dela, por quê na minha mente ee não era apenas o vizinho dela, as expresoes de saudade no rosto dela, dizia tantas coisas, era como ler uma poesia de poetas que suplicavam para que a morte, viesse ao seu encontro. Então a perguntei.
- Me desculpa, em qualquer momento por fazer essas perguntas, mas vocês eram amigos?
Ela vira aquele copo de Sochu em apenas um segundo, e olha no fundo dos meus olhos e diz.
- Ele era um bêbado, mas era o único que estava comigo, durante todo esse tempo, ele vinha todas as tardes ficar comigo, eu era sozinha e ele também, não tinhamos muito o que fazer, ele tinha esse gato esse que você deu o nome de Bany, eu dei a ele, para ver se sua alegria voltava, mas era dificil tirar um sorriso de seu rosto, a tristeza o consumia todos os dias, saudades da família, dos filhos, do Bom dia.
Confesso que eu já estava meio bêbada, com aquela bendita bebida, mas estava entendo cada palavra, parecia que a senhora não estava me contando somente uma historia, e sim desabafando comigo, coitada, senti que ela amava aquele homem mas ainda não tinha certeza.
- Menina, sei que seu nome é Hannah, eu peso desculpas por já estar meio tonta, e também por contar isso, na maior tristeza so mundo, mas eu o amava, amava esse homen no qual você está segurando a foto, por mais que ele não sabia, eu o amava em segredo, nunca consegui contar para ele, o amor que eu sentia, me culpo todos os dias, por não ter falado para ele. Bom ele faleceu já faz alguns dias, cometeu Eutanásia, eu sabia de alguma forma que ele ia me abandonar, mas não dessa forma, como me doeu ver ele naquele chão, a solidão acabou levando o amor da minha vida, e eu não consegui fazer nada para evitar.
A senhora desaba em choro, e pede para se retirar e ir ao banheiro. Juro que naquele momento eu chorei tanto com o Bany no colo, eu só pensava que o jacky poderia ter feito a mesma coisa, eu não tinha nem ao menos noticias dele. Fui atrás da senhora e acalmei ela, coloquei ela na cama, para ela dormir, descansar um pouco a cobri, cuidei dela. E conversei com ela.
- Amanhã eu vou voltar aqui, para ver como você está eu não vou deixar você sozinha, descansa tá, qualquer coisa bata em minha porta, estarei lá parte da noite.
Ela me olhou com um olhar de quem precisava daquele carinho e daquele cuidado a muito tempo, eu amei conhecer ela, mas parecia também que ela me conhecia, fiquei com a sensação muito estranha depois que, encontrei aquela senhora no café, era tudo muito estranho e novo. A senhora fala comigo meio resmungando.
- Você é uma menina, muito boa, mas com a alma ferida, eu tenho certeza que o destino não foi muito legal com você.
Foi nesse momento que tive uma crise existencial, como assim, elas sabiam do meu destino, como? eu me perguntava, minha mente estava um caos total, fiquei em todo momento tentando fugir da realidade, bom fiquei ali com ela, não a respondi, por que não sabia o que falar, fui para minha casa. Era a época mais linda do Japão, as flores de cerejeiras caiam sobre mim enquanto eu andava, por aquelas ruas com o Buny em meu colo, pois ele era um gato gordo não gostava de caminhar e sim de ficar no meu colo. Me sentei em um banco do lado de uma cerejeira, fiquei ali minutos, pensando em como eu podia fazer aquela senhora feliz, ou tirar um sorriso dela, não soube como, mas pelo menos estava feliz, estava em outro país, estava contando os dias para conhecer meu novo trabalho. E eu até tinha um gato no meio da minha vida.
Eu queria encontrar aquela senhora de novo no café queria terminar de contar minha historia para ela, mas tudo bem, quem sabe algum dia iria ver ela novamente. Eu já tinha certeza de que iria continuar morando no Japão, não tinha vontade de voltar para o Brasil, eu ja sabia que o Jacky, já tinha encontrado outra mulher nessas alturas do jogo, logo ele iria construir uma família e eu seria apenas mas um amor que passou em sua vida. Que triste, eu vivo de memorias, vi que começou a entardecer, e fui andando para casa, estava com fome e antes passei em um restaurante, me sentei e pedi um Lamém, sempre tive vontade de comer aquela sopa, o Bany era permitido entrar no local, e ficou quietinho na cadeira, esperando eu comer. Bom paguei a conta e fui pra casa, talvez eu estava cansada muitas emoções em um só dia, porém comecei a ler, e fiquei a madrugada lendo, acabei pegando no sono em uma cadeira dura de balanço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Akai Ito.
عاطفيةUma historia de amor, se você acredita em destino pois bem, eu acho que você irá ter, mais certeza ainda que ele existe, depois de conhecer essa historia, desse casal unido pelo Akai Ito, um fio vermelho conectado nessas duas almas. E também as aven...