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Copyright © 2024 de Gabrielly S. Farias

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Primeira Edição, 2024

Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

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7 de dezembro, 1994.

   Pierre pintava em frente a um de seus maiores quadros. Um menino de pouca idade, com um aspecto enfermo e estatura baixa. Tinha cabelos escuros que desciam até abaixo de seu ombro e pele pálida que poderia ser comparada a de vampiros em histórias infantis.

   O incômodo que fazia suas artes não serem como antes o atormentava desde o segundo que as estranhezas tomaram conta de seu ser. Os olhos estavam quase completamente rodeados de lágrimas que faziam caminho descendo por seu rosto. A decadência poderia ser facilmente encontrada nele, que passava a maior parte de seu dia pintando quadros que nem sequer foram vendidos ou apreciados da maneira que deveriam.

   Sua casa tinha forte cheiro de álcool com cigarros. Nisso ele não possuía culpa alguma, mas sim seu padrasto que era um louco alucinado por métodos nada saudáveis. Um cheiro realmente intragável.

   Seu primeiro e provável último apego vivia ao seu lado. Não era humano e muito menos possuía consciência semelhante a um. Era um ser relativamente pequeno e de certa forma frágil. Era um gato de pelagem completamente rajada e olhos verdes. Pierre ganhou ela quando insistiu em ter um daqueles animais que sempre vinham revirar o lixo na varanda e que sempre via alguns deitados perto da cerca que separava o quintal da casa dele e o da casa ao lado.

   Lotte arranhava de quadros até caixas velhas. Seu dono nunca se importou com sua bagunça. Ele amava sua pequena companhia. E a única pessoa fora de sua família que ele conseguia manter contato escondido era sua vizinha que tinha dado a gata que era filhote na época. Era uma mulher com cerca de setenta anos de idade que tinha o ajudado a convencer a mãe a aceitar o animal com o argumento de que gatos ajudavam a tirar a energia ruim da casa. E vezes conversava com o menino pela cerca quando a mãe dele adormecia durante o dia. Adélia também se encontrava com essa mulher uma vez por semana para buscar a ração prometida quando a gata foi entregue. Se não fosse por isso, ela nunca deixaria Pierre ter um animal por ter mais alguma coisa para ter que gastar dinheiro.

   Pierre nunca sabia porque chorava. E mesmo em seus melhores dias, uma pontada de dor ainda era inquietante.

   Cada um de seus quadros tinha estranho significado. O jovem tinha costume de pintar pessoas que para muitos poderiam ser rostos aleatórios. Mas mesmo com cenário enigmático aquilo fazia sentido para ele.

   Sua mãe era uma mulher ignorante que já ultrapassara a meia idade. Possuia um cabelo longo cheio de fios já esbranquiçados. Sua pele envelhecera a frente de sua idade; 47 com aspecto de cerca de 60.

   A mulher tinha grandes marcas escuras as redor das regiões abaixo dos olhos que eram resultado de muito estresse e noites mal dormidas. Apesar de tudo, não bebia nem fumava. Mas se tornou um ser realmente insuportável após o segundo casamento.

   O relógio ao lado da cama de Pierre marcava dez horas e quarenta minutos da noite. Mais precisamente sete segundos após as exatas dez horas e quarenta minutos. Lotte, a gata, estava dormindo aos pés da cama e o menino ainda permanecia pintando um de seus quadros. Um diferente dessa vez. Menor e menos colorido; Ele fazia isso quase todos os dias. Pintava até tarde da noite. Até adormecer em cima de algum objeto; Normalmente acontecia entre uma e duas da manhã, quando o toca discos velho já não tocava mais nenhuma música no quarto ao lado como estava tocando agora.

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