Prólogo

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Os olhos exoticamente esverdeados estavam opacos.

Ela não conseguia ver realmente a pessoa a frente dela; o homem ruivo com um conjunto de excelência, próprio para um casamento real.

Ela sentia seu corpo tremer só de imaginar estar casada com aquele homem, sua respiração começava a ficar anormal só de imaginar estar nos braços desse mesmo homem em algumas horas, sentia o coração ser estraçalhado só de imaginar não poder ficar com o homem que realmente amava.

A mulher de longos cabelos rosados sentia vontade de chorar, mas não o faria; mas isso não queria dizer que se sentia forte naquele momento. Ela gostaria de ter força o suficiente para dar as costas a todos, principalmente para seu povo, e desistir daquela loucura; mas não conseguia fazer tal coisa.

Seus olhos subiram até seu pai.

Ele tinha os olhos tristes, e mesmo assim, não conseguiu perdoá-lo por estar fazendo-a passar por um casamento arranjado, mesmo sabendo que aquela era a pior escolha já feita. Ele sabia que era um erro e não dava o braço a torcer. E mesmo assim ela não conseguia odiá-lo. Se sentia traída, chateada, triste, mas nada mais que isso. Era por não querer decepcioná-lo que estava diante daquela situação.

Sakura nunca amaria aquele homem a frente dela, mesmo que passasse milênios.

Sempre amaria apenas uma pessoa.

O príncipe do reino do Fogo.

Olhou em volta, por um momento.

Gostaria de poder acreditar que ele iria salvá-la. Mas ela sabia que ele nunca colocaria o reino dele em perigo.

Apesar de não saberem, ela tinha certeza sobre as artimanhas daquela família na qual estaria entrando em poucas horas; só não tinha provas.

E como ela poderia colocar todo seu povo em perigo e pensar apenas em sua felicidade?

A rosada se sentia cada vez mais angustiada, a cada palavra dita pelo sacerdote.

Se ela ouvia tais palavras?

Não.

Ela não conseguia se concentrar naquele casamento arranjado. Não conseguia sorrir, não conseguia demonstrar felicidade, não conseguia muito menos fingir estar no melhor dia de sua vida. Porque não o era.

Ela só queria pegar Luna e cavalgar para longe daquela loucura.

Seu pai, sabendo como a filha amava o jardim do castelo real, decidiu que seria ali a cerimônia, mas nem assim ela se importou. Ele tentou fazê-la participar dos preparativos, mas não conseguiu; nem mesmo o vestido havia sido de sua escolha. Sua melhor amiga, a rainha do deserto, escolheu algo básico e não muito volumoso, porque sabia como ela se sentia; a mulher de longos cabelos loiros e olhos azul-safira sabia de cada segredo, de cada sentimento, de cada emoção vindo da princesa das Cachoeiras. E estava ali apenas para lhe apoiar naquele momento tão difícil, e a rosada era muito agradecida a loira.

Seus olhos se encontraram; os azul-safira e os violeta não se desviaram por alguns minutos, mesmo que a noiva soubesse que seria indelicado de sua parte durante a cerimônia.

Leu os lábios da amiga: sinto muito.

E então voltou a olhar para o homem de cabelos loiro-escuro a sua frente; ele tinha um sorriso, mas mais maldoso do que feliz; ele sabia que ela não gostaria de estar ali, e naquele instante, o odiou ainda mais.

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