Capítulo 2 - Armadilha.

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Salvador, 7AM

Desde a entrada do Gabriel na empresa já se passaram 7 dias, e durante esses 7 dias inteiros ele e Moacir brigavam o tempo inteiro. E isso não é nem exagero dos outros funcionários, sempre que ambos tinham que se encontrar, seja pra discutir algo sobre trabalho ou apenas se esbarrarem nos corredores, surgia uma discussão. Moacir sempre acabava se estressando com qualquer mínimo movimento do mais novo, que apenas o respondia com algo sarcástico ou um sorriso venenoso.

A convivência no trabalho estava horrível, e estava começando a afetar os outros funcionários. Eles acabavam se distraindo sempre que os dois acabavam brigando, e o gerente novamente já recebeu reclamações. Ele já conversou com ambos, e mesmo assim nunca se resolve. Eles já estavam ficando sem opções do que fazer. E Gabriel se dava bem com todos, claro, ele tinha algumas desavenças com funcionários preconceituosos, mas de resto ele não tinha nenhum problema! Já com Moacir, era ódio a primeira vista.

Se Moacir já chegava zangado do trabalho, essa semana piorou completamente. Isabela percebeu que seu marido parecia mais irritado do que o costume, e sempre que perguntava o motivo de tal aborrecimento, era respondida apenas com um "Nada aconteceu, só estou estressado.", ou um "Não se preocupe com isso.". A família já estava se alarmando com as ações de Moacir, mas ele se recusa a se abrir.

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Salvador, casa de Gabriel, 7:20AM

O despertador tocou, que Gabriel respondeu com um grunhido. Uma mão buscou pelo alarme, desligando-o com um toque firme. O rapaz permaneceu deitado por mais alguns segundos, contemplado se deveria levantar da cama e ir trabalhar, ou, dormir mais e ser demitido.

E então, lembrou que precisa de dinheiro e se levantou preguiçosamente. Foi em direção ao banheiro e escovou os dentes, tomando um banho rápido logo em seguida. Vestiu o uniforme padrão da empresa, pondo os sapatos de couro que ganhou de presente de sua mãe, quando se formou na faculdade. Tomou cuidado extra ao pentear o cabelo, e foi até a cozinha para tomar seu café.

E quando digo "café", é de fato, somente um café doce com uma torrada. As vezes, nem a torrada Gabriel come. Soprou a fumaça da bebida levemente, estendendo uma mão para ligar o rádio que ficava no balcão da pia. Arrumou a frequência do aparelho para uma rede que tocasse alguma música do seu interesse, que acabou sendo "Não quero dinheiro, eu só quero amar" de Tim Maia.

Apesar de ser uma das músicas favoritas de Gabriel, ela certamente não era o que o jovem queria. Gabriel já viu e teve experiência o suficiente pra afirmar que romance não é pra ele: e, de fato, uma pessoa homossexual na época em que ele vive, está fadada ao fracasso em encontrar uma paixão.

O jovem já tinha seus planos totalmente formados: evoluir de cargo na empresa, trabalhar fixamente nela ou se mudar para uma melhor, e viver confortavelmente com o salário razoável que seu emprego prometia.

O moreno já recebeu inúmeras propostas de casamento, seja de colegas de trabalho ou no colegial, porém sempre recusava. Não é que as filhas de seus colegas fossem feias ou maldosas, elas apenas não eram o tipo de Gabriel: um homem. Ele achava meio cômico ser um dos garotos mais populares de sua escola antiga, mesmo rejeitando todo mundo e sendo visto como rude. As garotas realmente gostam de ser humilhadas, não?

Riu pra si mesmo enquanto lembrava de seu tempo na escola, mas o sorriso logo desapareceu quando olhou o relógio e viu que estava perto de ir ao trabalho. Não que ele não gostasse de trabalhar (ele realmente não gosta), o problema é aquele velho idiota. Os dois são cabeça dura, ele sabe, mas Moacir é mais!

— Aquele babaca não sabe se por no lugar dele.. acha que só porquê é mais velho tem direito de me tratar assim. Eu não sou obrigado a respeitar todo idoso senil que eu encontro.

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