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O vento frio soprava pela janela, cobrindo os corpos nus que moviam de maneira desajeitada e faminta sobre os lençóis. Gabriel estava acabado, costas doendo, cabelo desgrenhado, lágrimas de prazer beirando seus olhos enquanto ele revirava os mesmos. O jovem mordia o travesseiro, tentando abafar os barulhos enquanto sentia-se sendo consumido por inteiro. Moacir ofegava, se movendo rapidamente como se aquilo fosse a melhor experiência que já teve e terá em sua vida inteira.
Cada vez que os corpos gelados se tocavam, um choque percorria ambos e faziam-los delirar. Os dedos de Gabriel machucavam enquanto ele agarrava nas cobertas, se controlando pra não ser jogado longe com a força das estocadas. Pediu pra Moacir ir mais devagar, porém o mais velho parecia fora de si.
Não estava em seus planos fazer tal ato com Gabriel em uma posição tão genérica como a de "quatro", mas já estava aqui mesmo, pra que reclamar? E também era uma clássica, um bom começo, não?Entrelaçou seus dedos com o do rapaz enquanto a outra mão segurava o quadril do jovem, tentando estabilizar Gabriel.
Os gemidos de Gabriel ecoavam como música nos ouvidos de Moacir, o fazendo se sentir nas nuvens. Mal conseguia pensar em sua esposa agora, na verdade, nem conseguia. Cada vez que se sentia dentro de Gabriel novamente, ficava cada vez mais em êxtase e se sentia beirando ao limite.
— Mmm.. um pouco mais devagar querido..
Implorou em tom manhoso, que foi apenas respondido com uma risada maliciosa. Moacir não planejava diminuir a velocidade. Céus, nem era capaz de pensar agora. Gabriel só estava dizendo da boca pra fora, e o moreno sabia disso.
Sentiu-se chegando cada vez mais próximo do seu ápice, e quando finalmente sentiu que poderia se libertar..
Abriu os olhos bruscamente.
Estava em sua casa, em seu pijama, em sua cama, com sua esposa ao seu lado dormindo pacificamente. Ergueu a coberta e olhou pra baixo.
Oh não..
Moacir queria sumir nesse momento. 42 anos na cara e acabou de ter um sonho erótico com um cara do trabalho! O que foi isso?! E sua esposa ainda estava ao seu lado! Certo, tudo bem.. Respirou fundo, e seguiu até o banheiro.
...
— Levantou cedo hoje, meu amor. - disse Isabel, seus cabelos recaindo desleixadamente sobre seu rosto delicado. Moacir apenas a respondeu com um aceno de cabeça, se esticando no sofá enquanto lia o jornal diário. Isabel deu-lhe um beijo no rosto, fazendo Moacir se sentir um pouco mal. Foi em direção a cozinha pra preparar o café de sua família.
— Amor, pode acordar às crianças por mim?
Suspirou Moacir, que relutantemente pôs o jornal na mesinha de centro, saindo da sua confortável posição. Moacir não entendia o porquê de Isabel continuar chamando os filhos deles de "crianças", Fernando já era um adoslecente e Mizael um adulto! No entanto, ele não reclamava.
Knock, knock, knock.
Bateu na porta de Mizael. Sem resposta. Repetiu a ação, desta vez com um pouco mais de força. Sem resposta novamente. Sendo o homem impaciente que é, apenas gruniu e abriu a porta de seu mais velho bruscamente. Foi em direção a janela e abriu as cortinas; a luz forte do sol batendo no rosto de Mizael, fez com que o jovem acordasse irritado. Antes que pudesse apenas cogitar em pedir por mais 5 minutos, foi recebido com um olhar rígido de seu pai, que ordenou em tom que combinava com sua expressão:
— Não fale nada, não peça por nada. Escove os dentes, tome um banho, vista sua roupa, arrume sua mochila pra faculdade e venha merendar. Não me faça repetir e nem demore demais, entendido?
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Você me confunde!
Roman d'amourMoacir é um pai de família clássico, vivendo nos anos 80 no belíssimo Brasil recém livre da ditadura. Ele compartilha sua vida com sua linda esposa e dois filhos. Moacir é meio rabugento e conservador, então não tem bom relacionamento com pessoas ma...