Um Natal de Recaídas

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"Esse é o nosso primeiro Natal sem você...

Aqui na torre da equipe está tudo calmo, a noite Bruce vai reunir a família e bem...você não esta aqui para brigarmos se ficaremos com ele ou com seus tios, e isso faz falta.

Megan e Connor vão se casar, você ia amar ser padrinho...estamos ajudando alguns meta-humanos também. Acho que esqueci de te contar que estou ajudando uma nova equipe, mas de qualquer forma...é isso, eles são bons garotos, você iria amá-los, até mesmo Bart está ajudando. É um bom projeto.

Esses meses eu não chorei, como havia prometido, não tive recaídas ou crises...a equipe pareceu sair um pouco do meu pé e isso é bom, tenho um pouco mais de espaço para escrever para você.

Queria passar esse Natal com você, seus tios me convidaram mas...eu não me sinto mais parte da família, é tudo tão diferente sem você aqui...

Seria bom ganhar um beijo de presente, mas acho que esse ano não vai rolar não é mesmo?

Eu queria muito poder te ver com aquele seu casaco de lã horrível, que você usava em todo Natal e Ano Novo como se você não tivesse outra roupa.

Sinto tantas saudades de brigar com você por causa disso...

Com amor
Ass: Dick Grayson"

— Tenho que ir meu amor...a festa da família Wayne já deve estar começando...

O moreno pousou o buque de Copos-de-leite sobre a lápide, as flores morreriam rápido com aquele tempo frio, mas elas eram as mais usadas no Natal dos dois, apenas por serem do contra.

Dick entrou em seu carro respirando fundo, chegaria atrasado na mansão e provavelmente teria que ouvir toda uma palestra de Bruce...mas o que ele poderia fazer agora?. Ligou o motor se dirigindo ao grande casarão de Gotham.

A festa da família Wayne estava em pleno andamento na imponente Mansão. O salão principal estava decorado com luzes festivas e uma árvore de Natal majestosa ocupava o centro do ambiente. O som de risadas e conversas animadas preenchia o ar, e sua presença foi rapidamente nota por todos, inclusive seu atraso.

— Achei que não viria mais – Bruce comentou lhe dando um abraço – Feliz Natal Dickie...

— Tive um problema com o embrulho dos presentes – Inventou dando um pequeno sorriso – Feliz Natal B.

O homem sabia que era mentira, mas ele não iria forçar seu garoto, não sem necessidade. Dick se encontrava no meio da sala, cercado pela família e alguns amigos próximos, mas se sentia mais sozinho do que nunca. Seus olhos perdidos vagavam pelo ambiente, buscando algo que já não estava lá. Estava passando seu Natal sem Wallace West, seu grande amor, e a ausência do ruivo parecia ainda mais dolorosa do que nunca.

Ele tentou sorrir, participar das conversas e dos jogos, se juntar à comemoração, mas por dentro ele estava lutando contra uma tempestade de emoções.

— Pessoal com licença eu...estou um pouco cansado, foi um dia longo – O rapaz comentou e lentamente ele se afastou, desculpando-se com um murmúrio e escapando para o seu antigo quarto na mansão, era comum que dormisse por lá em datas festivas. Ele fechou a porta atrás de si, deixando o ruído da festa para trás.

Ele fechou os olhos se sentando na cama, tentando afastar as imagens angustiantes que o assaltavam. Mas cada vez que ele tentava escapar, elas pareciam se multiplicar, envolvendo-o em um redemoinho de emoções conflitantes.

As lembranças inundavam sua mente, cada momento compartilhado com Wally se desenrolando diante de seus olhos como cenas de um filme trágico. Ele se viu preso em um ciclo interminável de "e se..." e "por que...", torturando-se com pensamentos de tudo o que poderiam ter sido mas nunca mais serão.

De repente, uma onda de pânico o atingiu com força total. Seu coração começou a bater descontroladamente, sua respiração se tornou rápida e superficial. Ele se viu lutando para respirar, como se o ar estivesse sendo sugado do ambiente ao seu redor.

Por um momento, Dick se sentiu perdido, ele lutou para encontrar uma saída, mas as paredes pareciam estar se fechando ao seu redor, esmagando-o com sua implacável opressão.

Bruce, pareceu percer a ausência de Dick na festa e decidiu verificar se estava tudo bem. Ele deixou a festa discretamente e subiu as escadas em direção ao quarto do seu filho adotivo. Ele bateu na porta do quarto do garoto, mas não recebeu resposta e com um pressentimento ruim, ele abriu a porta. Ao entrar, encontrou Dick sentado à beira da cama, os ombros curvados e uma expressão de angústia em seu rosto.

— Dick, você está bem? – Bruce perguntou, preocupado, enquanto se aproximava do rapaz.

O homem se aproximou com cuidado percebendo a situação do garoto e tentando acalmá-lo com palavras gentis e gestos tranquilizadores, ele tentou fazer com que o moreno se concentrasse em sua respiração, incentivando-o a inspirar e expirar lentamente. Mas a crise de ansiedade já estava em pleno curso, e o garoto se sentia como se estivesse perdendo o controle de si mesmo, cada batida de seu coração ecoava em seus ouvidos como um lembrete assustador de sua própria fragilidade.

Bruce lutou para manter a calma, sabendo que precisava ser o apoio sólido de que Dick tanto precisava naquele momento. Ele segurou os ombros do garoto firmemente, prometendo estar lá por ele, não importa o quê. O moreno agarrou o lençol da cama com força, lutando para manter o controle.

— Dick, respire fundo, você está tendo uma crise de ansiedade, eu vou te ajudar, mas você precisa se acalmar.

O rapaz tentou seguir as instruções de Bruce, mas a sensação de pânico continuava a crescer dentro dele. Ele se sentia como se estivesse perdendo o controle, preso em um redemoinho de emoções avassaladoras.

— Vamos lá garoto, você consegue, respire fundo, devagar, vamos lá...

Com esforço, Dick agarrou-se às palavras reconfortantes, permitindo que elas o guiassem de volta à superfície, ele respirou fundo, enchendo os pulmões com ar fresco, e lentamente a sensação de pânico começou a desvanecer-se. Gradualmente, a intensidade da crise começou a diminuir, deixando-o exausto e emocionalmente frágil.

— Obrigado, Bruce. Desculpe por ter estragado a festa... – O Grayson se encolheu na cama, ainda tremendo levemente, mas sentindo-se bem mais calmo.

— Você não estragou nada, Dick. Estamos aqui para ajudá-lo, não importa o que aconteça.

O moreno ergueu os olhos para encontrar os de Bruce, e por um momento, a fachada de força que ele tentava manter desmoronou.

— Bruce, eu não sei...eu só sinto tanto a falta dele. O Natal...tudo parece tão vazio sem ele aqui.

Bruce se aproximou e o garoto se permitiu afundar nos braços dele, encontrando conforto na presença do homem que sempre o protegera.

— Eu sei, Dick. Perder alguém que amamos é uma dor que nunca desaparece completamente. Mas você não está sozinho, nós estamos aqui para você.

Os dois permaneceram em silêncio por um momento, compartilhando um momento de conexão e compreensão mútua. Havia uma luz de esperança.

𝐓𝐨𝐝𝐚𝐬 as cartas que 𝐄𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐢 depois que 𝐕𝐨𝐜ê se foiOnde histórias criam vida. Descubra agora