Sua Alteza Real (Hailee/You)

Capítulo 33.

Acho que eu tinha me esquecido da sensação de estar completamente apaixonada por alguém.

Com Ella, existia aquela bagagem esquisita de sermos amigas há tanto tempo, de manter um tipo de segredo, de ainda tentar entender o que tudo aquilo significava. 

Com Hailee, é apenas... Bom, tem momentos como este em que estamos fazendo nossas corridas ao redor de Gregorstoun, e ela olha para mim com um sorriso iluminado, as bochechas rosadas, os cabelos grudando no rosto mesmo com esse frio congelante, e meu coração parece tão grande dentro do peito que eu mal posso contê-lo.

— Você vai cantar dessa vez, Quint? — Hailee provoca, virando-se para correr de costas, e aceno com a cabeça para ela.

— Talvez. Se você cair de bunda, eu definitivamente vou cantar uma canção sobre isso e os perigos da arrogância. Que nem um Oompa-Loompa.

— Qual é o seu problema com todas essas referências de Willy Wonka?— ela pergunta se virando para correr como uma pessoa normal, eu diminuo o passo um pouco e Hailee chega ao mesmo ritmo que eu.

— Talvez "Veruca Salt" possa ser nosso "sempre" — brinco, e ela ri.

Então, quando passamos por uma subida no caminho, ela se aproxima e segura minha mão, me puxando para atrás de uma formação rochosa para me dar um rápido, mas intenso beijo na boca e, sim. Talvez eu não tenha esquecido como é essa sensação, porque não sei se eu já senti algo sequer parecido com isso.

Afastando-se, ela observa meu rosto por um longo momento, então acaricia meu lábio inferior com o polegar, acionando uma cascata de arrepios pelo meu corpo. Então me aproximo para beijá-la e, dessa vez, não há nada de rápido nisso.

Penso que nós estamos sendo muito discretas sobre nossa nova situação, mas percebo que estou errada quando, na hora do almoço, Florence e Harry se sentam cada um de um lado meu, quase que ao mesmo tempo. Eles são bons nisso, tão bons que às vezes imagino se eles treinam com frequência.

— Conta tuuudooo — Flo cantarola, abrindo sua garrafa de água mineral enquanto Harry se inclina sobre mim para roubar um pão da bandeja de Florence.

— Ou não — ele me diz, olhando feio para Flo —, porque não é da nossa conta.

Flo revira os olhos.

— Francamente, Harry, não aja como uma senhorinha puritana. (S/a) é nossa amiga e nós apoiamos a felicidade dela, o que significa que precisamos saber tudo o que está acontecendo. Então. Conta tudo.

Corando, eu mexo os ombros e continuo empurrando os feijões no prato.

— Não tem muito o que contar — digo, e Florence solta um suspiro profundo, levando a mão aos cabelos.

— Não tem muito o que conta? Você está namorando uma princesa. — Fico surpresa em como ouvir essas palavras me atinge como um soco no estômago.

— Não — digo, sacudindo a cabeça. — Não é isso que...

— É absolutamente isso que está acontecendo — Florence afirma, e até Harry acena com a cabeça, com a boca cheia de pão.

— É mesmo, (S/a) — ele diz, e eu olho alternadamente para os dois.

— Eu gosto da Hailee — digo num tom de voz baixo. — E ela gosta de mim. Mas o que isso significa ainda é... algo que estamos descobrindo.

Flo torce o nariz um pouco.

— Ô, querida — ela diz. — Não funciona assim. Não com essa gente.

Então eu noto Hailee entrando no refeitório e sinto meu coração dar um breve pulo dentro do peito só de vê-la. Florence segue meu olhar e então solta uma risadinha, me cutucando como cotovelo.