𝟬𝟬𝟱. uma aliança

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VILLE MONT-ROYAL
— Quebec, Canadá
14:23 p.m

Grayson Lykaios

Estacionei o carro em frente a primeira loja que me veio a cabeça das milhares de joalherias que existiam em Montreal, aparentemente eu tinha guardado a memória de quando tínhamos 16 anos e no aniversário de Winter, seu pai lhe deu um colar com um pequeno coração rosa da Tiffany & co. — não me pergunte como caralhos eu me lembrava disso, acontece que eu me lembrava e por isso estava parado em frente à loja de fachada verde turquesa com um letreiro exagerado em prata.
Eu me encostei no capô do carro ainda observando atentamente o interior da loja, onde mulheres já velhas, dos estilos mais variados esbanjavam suas roupas de marca - bem bregas se me permite dizer - enquanto compravam mais joias para sua coleção —, respirei fundo ao encarar a tela de meu celular vendo o horário e a tela de bloqueio onde meus cães Apollo e Aslam - que mais pareciam dois ursos gigantescos e cheio de pelos, e quando tirei a foto, eles dividiam o mesmo brinquedo e ocupavam o espaço de minha cama inteiro - eram os donos, bom, não só do papel de parede mas da galeria no geral.
E mais uma vez me questionei se não era mais fácil pular da janela do meu quarto, ou me esconder no meio de uma ilha grega isolada de tudo e todos e fingisse que nada daqueles boatos tinha acontecido, mas, lembrei que não dá para fazer parte da NHL isolado em um arquipélago…então…
Eu só respirei fundo, me encostei de novo no carro e disquei meio hesitante o número de minha mãe. O celular ficou por alguns minutos chamando e minha impaciência fez parecer que eu já estava esperando a horas.
Porque ela tem celular se vai demorar tanto para atender!?

Ok,eu pensei nisso só porque estava sem muita vontade de esperar e obviamente como o filho "mais novo", minha mãe me atendia mais rápido do que atendia meus irmãos mais velhos (o que me deixava extremamente feliz de poder jogar isso na cara deles) e se ignorássemos minha ansiedade – o celular foi atendido bem rápido.

  — Oi mãe… — disse mordendo levemente meu lábio inferior, sentindo os resquícios do frio deixando queimaduras nos mesmos — Você…está ocupada?

Perguntei agora passeando minhas mãos pelas mechas de meu cabelo loiro, empurrando-as para trás para afastá-las de meus olhos. Pigarreei tentando fielmente me manter calmo para não cometer o grave engano de soar minimamente estressado a fazendo perceber que eu estava escondendo alguma coisa para mim mesmo (o que quando se tem uma mãe que além de socialite admirada em todo o país, também tinha coisas além do "pressentimento de mãe",  ela tinha um diploma de Oxford  comprovando que era uma excelente psicanalista — e sim, eu detestava isso) porque era ÓBVIO que eu nem pensava na catástrofe que seria me entregar…e perder para Di Laurentis, nunca!
 
   — Gray, meu amor! — minha mãe exclamou em uma surpresa como se tivesse anos que ela não me via — Só um minutinho filho…

Minha mãe disse, e eu podia apostar que ela tinha aquele típico sorriso caloroso e gracioso que ela sempre tinha, capaz de fazer qualquer pessoa se sentir bem em sua presença.
E eu também sabia que ela estaria ocupada…com o que? Não sei, talvez com qualquer coisa mínima e irrelevante (para mim, pelo menos) sobre seu dia a dia de socialite.

  — Gray? Alô, mon amour…— ela disse agora voltando sua atenção para o celular e parando a conversa a seu redor — A mamãe não está ocupada, querido, do que você precisa?

Ri baixinho ao balançar minha cabeça sentindo minhas mãos coçando a parte de trás de minha cabeça achando engraçado o modo como ela pareceu estar falando com meu irmão Leo, e eu não tivesse mais que 8 anos.
"Do que você precisa?" — a pergunta se repetiu como um estalo em minha cabeça,ecoando a cada milímetro dos meus pensamentos; agora tentando achar uma maneira boa de dizer:
  — Então…sabe a Winter? É…a garota dos seus olhos desde sempre! Nós estamos em um namoro falso e eu quero que você me ajude a escolher uma aliança! haha!

𝐒𝐍𝐎𝐖𝐅𝐀𝐋𝐋; livro um Onde histórias criam vida. Descubra agora