Onde Maeve se muda para Barcelona para superar um abandono.
a original book from celly
iniciada em: 29 de abril de 2024
finalizada em: -
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Capitulo Um - Prólogo
Não era para ser o dia perfeito?
"Não quero dinheiro, só alguém que queira minha compania. Deixa ser eu uma vez na vida." - The Prophecy, Taylor Swift
Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 2024 - Sábado
Sonhei com o casamento perfeito durante anos. Sonhei com o lugar incrível, o vestido impecável, a lua de mel inesquecível e o marido perfeito.
O marido perfeito eu tenho. Henri Veiga, o homem mais lindo e amoroso do mundo. 30 anos, olhos caramelos, cabelos pretos, musculoso, alto, e principalmente, meu noivo. Estamos juntos há 7 anos, e finalmente hoje é o nosso dia.
Bom, tendo isso, o resto o dinheiro compra.
Meu vestido é impecável. Custou uma fortuna. Tanto ele quanto o casamento. Henri não pôde colaborar, e sei disso pois ele está juntando para pagar sua faculdade de engenharia. Não me importo que ele não tenha dinheiro. Eu o amo.
O vestido, no entanto, tem o colo aberto e livre, a saia não é bufante, e ele se modela ao meu corpo curvilíneo, se abrindo nos pés, onde tem um salto não tão alto. As mangas cobrem até minhas mãos na renda. Meu cabelo preto e extremamente liso está solto e modelado apenas nas pontas e em cima tem uma linda tiara, que segura o véu. Minha maquiagem não está exagerada, e a coisa mais forte em meu rosto é o batom vermelho sangue que cobre meus lábios.
Eu estou perfeita para o dia perfeito. Estou impecável.
Mas se eu estou impecável, por que o meu noivo está me abandonando na porta da igreja neste exato momento?
Sim, estou sendo abandonada pelo homem que dizia me amar. Henrique está correndo para o lado oposto em que estou no carro, descendo as escadarias, desamarrando a gravata presa em seu pescoço.
Ele olha em minha direção e nossos olhares se cruzam por um milésimo de segundo, e eu posso ler seus lábios se movimentarem em algo como “me perdoa”. Idiota.
— SEU FILHO DA PUTA! — me apoio na janela com metade do corpo para fora enquanto grito em direção a ele, chamando atenção das pessoas que passavam. — EU TE ODEIO! — os convidados saem da igreja correndo olhando em direção a Henrique que volta a correr.
Volto com o corpo para dentro do carro, deixando as lágrimas caírem, sujando o vestido com gotículas de resto de maquiagem. O vestido mais caro do Rio de Janeiro inteiro está em meu corpo e no momento eu só quero o tirar. Meu coração quebra em pedacinhos.
O meu dia perfeito se tornou meu pesadelo.
Prédio da Security, 5 de fevereiro de 2024, Segunda-Feira
Olho em volta da minha sala para ter certeza de que não estou esquecendo nada de importante. Verifico se tudo está arrumado para que o vice-presidente venha para esta sala. Quando concluo que está tudo ok, a porta abre revelando as duas únicas pessoas que se importam comigo nessa empresa.
Maya e Júlio, minha prima e meu melhor amigo, respectivamente, me encaram com o olhar de pena que eu não queria atrair. Suspiro fundo. Era isso que eu iria receber de agora em diante por culpa daquele verme.
— Maeve, eu acho que você deveria pensar melhor... — Julio começa. Vice-presidente da Security e extremamente competente, ele sabe se virar sozinho e sabe que pode me contatar quando quiser, afinal, continuarei trabalhando de lá normalmente.
— Júlio, não vai rolar. — engulo a seco e dou alguns passos perdidos pela sala. — Quero ficar longe daqui. Tudo aqui me lembra ele, inclusive essa sala.
— E se eu não der conta de tudo isso? E se tudo que fizemos for em vão? Chegamos longe pra caramba com a Security para você deixar tudo aqui. — tenta argumentar, mas apenas pego minha bolsa e a pequena caixa com algumas coisas.
— Vou continuar trabalhando de lá, Julio, não vou abandonar a empresa. — reviro os olhos. — Se precisar de mim, é só me ligar. Vou continuar participando ativamente de tudo e se necessário eu venho para o Brasil de volta. Mas não vou morar aqui de volta.
— Eu acho que você está se precipitando, Maeve. Concordo com o Júlio, o que Barcelona tem que aqui não tem? Você não vai ter contato com o Henrique de qualquer maneira. — Maya, que se mantinha quieta desde que entrou na sala, argumenta.
Barcelona é minha casa. É onde eu nasci, e vivi apenas por poucos anos. Agora eu tenho a oportunidade de voltar a morar lá, e apagar tudo o que aconteceu. Viver em paz em um lugar onde ninguém me conhece. Recomeçar do zero.
— Meu voo sai às 21h. E não vou mudar de ideia. — Ando em direção a porta.
— Está fugindo de um assunto sério, Maeve! — Maya fala mais alto, viro-me para ela e posso ver que sua expressão corporal está estranha.
— Estou. E vou fugir o quanto eu puder.
×××××××
O avião decola e o frio na barriga que eu sentia antigamente antes de pegar um voo parece ter sumido. Não consigo sentir nada, apenas uma dor de ser abandonada. Nunca estive sozinha antes. Nunca fiz nada sozinha. Agora vou para outro país e terei que me virar para me manter sem enlouquecer.
Eu tinha planos com Henri de morarmos fora do Brasil, sim. Meu plano sempre foi voltar para Barcelona depois de casar. Amo meu país natal e sempre quis voltar para ficar. Não imagina que seria nessas condições.
Queria que meus pais estivessem aqui, com certeza minha mãe acharia uma forma de me consolar. Não, eles não morreram. Desde que assumi a presidência da empresa com Júlio, meus pais vivem viajando e neste momento estão em um cruzeiro até a Austrália. Incomunicáveis quase.
Suspiro fundo, sentindo meu peito doer como nunca. Olho para a janela, onde já está a noite, tentando espairecer.
É apenas uma nova fase da minha vida. Onde eu vou esquecer tudo que aconteceu e tentar não enlouquecer antes dos 30 anos.