Capítulo 2

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- Socorro! Alguém me tira daqui. - Eu gritava, mas ninguém me ouvia. O desespero começou a tomar conta de todo o meu ser, eu já havia perdido as esperanças que alguém me ouvisse, que alguém me ajudasse. Me sentei na madeira do precipício e comecei a chorar sem parar.

- Eloá? - Uma voz familiar soa em meu ouvido.

- Pai? É você mesmo? Onde está? - O procuro com os olhos, mas não o vejo em lugar nenhum.

- Estou bem aqui querida. - Ouço a voz tão familiar de meu pai novamente.

- Aqui a onde? - Pergunto aflita.

- Bem aqui. - Então olho para frente e vejo ele de pé, sorrio brevemente, aliviada por vê-lo. - Querida, sabe por que está aqui? - Ele me pergunta com um olhar... Um olhar que não é o dele. Assina-lo que não. - É por que você é uma pessoa ruim. - Franzo a testa.

- Como assim uma pessoa ruim? - Pergunto.

- Você irá saber, quando for julgada lá no inferno! - Então ele me empurra do precipício, começo a gritar, vendo o topo do pico ficar cada vez mais longe, olho para baixo e então meu corpo atinge em cheio o chão.

- Eloá? Acorda Eloá! - Ouço uma voz que parece bem distante.

- Aaaa. - Acordo assustada, olho para os lados e me encontro em uma das beliches dos alojamentos, Miguel me olha assustado.

- Está tudo bem? - Percebo que estou suando da cabeça aos pés, minhas mãos estão tremendo e meu corpo está em estado de choque.

- Acho que tirei um cochilo. - Digo.

- Um cochilo de duas horas. - Ele solta uma risadinha e eu arregalo os olhos.

- EU DORMI POR DUAS HORAS? - Não acredito que desperdicei duas horas nesse lugar fantástico, dormindo.

- A festa de abertura começou a uns 20 minutos, pensei que acordaria com o barulho, mas pelo jeito, só um pesadelo para te acordar mesmo né princesa. - Estreito os olhos e faço uma careta. Jogo o travesseiro nele que retribui jogando em mim de volta.- Falando sério, você não respondeu minha pergunta: está tudo bem? - Ele pergunta preocupado.

- Estou, só tive um sonho ruim. Mas agora vamos que não quero perder mais nenhum segundo. - Digo. Ele sorri, feliz por eu estar feliz.

- Meu tio está doido para vê-la. - Me levanto, pego uma toalha e seco todo o meu suor.

- Faz anos que não o vejo. A última vez foi no seu aniversário de 8 anos. - Meu amigo retorce a cara ao se lembrar desse dia.

- Nem me lembre daquela catástrofe. - Ele bufa.

- Não foi tão ruim assim. - Digo, mas Miguel sabe que não estou sendo sincera, foi horrível.

- Claro, imagina que eu seria capaz de confundir cerveja com refrigerante, colocaria no sorvete e embriagaria todo mundo da festa. - Seguro a risada ao lembrar disso. A mãe de Miguel pediu para ele misturar guaraná no sorvete de creme, é uma tradição da família deles em todos os aniversários. Mas... Meu querido amigo confundiu cerveja com refrigerante e misturou no sorvete, o que resultou em várias pessoas alteradas na festa. Eu fui uma delas, louca por sorvete como eu sou, comi muito sorvete e consequentemente, muita cerveja também. Nunca mais vi o tio dele, Anthony se mudou para Santa Catarina e então a família dele começou a vir para cá para vê-los.

- De fato, foi terrível. - Começamos a rir ao lembrar de como foi desastroso.

- Vamos. - Então saímos dali e me deparo com o pátio lotado de adolescentes, dançando e conversando. A música está alta, tem uma banda de adolescentes cantando, uma menina é baterista, o que eu acho incrível, mal vejo meninas tocando bateria, a banda é composta por 3 meninos e 3 meninas, são 6 ao total. - Aqueles são os Sixtones. "Six" de seis e "tones" de tons.

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