Capítulo 11

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Evelyn Hugo POV

Foi difícil contar tudo para Cece, relembrar todas aqueles dias, mesmo que eu nunca tenha esquecido, foi tenebroso. Porem, depois que contei tudo desde o começo ficou mais fácil confessar para Celia o que eu sentia por ela.

Com ela as coisas são assim, fáceis. Sem sofrimento  nem trauma e nem medo. As coisas com a Celia são... naturais.

Depois da chuva de emoções, ficamos deitadas trocando caricias e beijos nada apropriados para o horário. Cece reclamou um pouco não termos cumprido seu cronograma de passeio, mas estava conseguindo virar o jogo a meu favor.

- Eu já disse meu bem, amanhã nos vamos em todos os lugares que você quiser. - Disse fechando os olhos tentando dar um fim naquela conversa.

- Sei... - ela se aninhou mais a mim, num perfeito abraço de urso. - Quem não te conhece que te compre viu Evelyn.

Nem me dei o trabalho de responder, fiquei apenas apreciando a paz do momento quando, obviamente, bateram na porta. Me levantei no puro suco da preguiça e abri a mesma.

- Ola! - Harry disse sorrindo.

- Oi. - dei espeço para ele entrar, e assim ele fez. Só ai notei que ele estava com seu computador - o que aconteceu?

- Ué, só você pode bater na porta dos outros agora? - Harry e seu típico senso de humor. - OI Celia.

- Oi Harry. - Cece continuou deitada na cama, um dos privilégios da intimidade.

- Porque trouxe o computador? - Perguntei.

- Ah sim.  - ele se sentou na cama e me posicionei ao lado de Cece, Harry abriu o eletrônico e digitou algumas coisas antes de voltar a atenção para nós. - Eu  e John estávamos pesquisando o nome de vocês na internet e achamos vários disso aqui.

Ele virou a tela para nós, nos mostrando um espécie de perfil no Myespace que continha fotos de nos duas, nos duas jantando, tomando sorvete, gravando no set, e etc...

- O que é isso? - Celia perguntou se sentando e chegando mais perto para ver melhor.

- Isso, são  paginas que fãs criaram especialmente para o shipp de vocês duas. - Ele tinha assumido aquela pose de empresário serio que só ele tinha. - E não tem só essa, são centenas de contas no Myespace, Orkut e twiter com milhares de acesso. E isso foi só o que eu consegui ver.

Celia e eu nos olhamos um pouco preocupadas e um pouco felizes.

- E isso é ruim? - Perguntei insegura.

- Ah queria, eu sinceramente não sei. - O suspirou que ele deu a seguir indicava que ele tinha pensado muito naquilo. - Quer dizer, é bom porque varias pessoas apoiam vocês, e é ruim porque grande parte da Elite de HollyWood é conservadora e preconceituosa.

- A carreira de vocês pode tanto alavancar de uma vez quanto desabar. 

Desabar? a carreira que eu tanto lutei para construir?

Quer dizer, eu amo a Celia demais , mas eu larguei tudo para ser atriz.

- Eu vou deixar vocês conversarem sobre isso. - Ele deixou um beijo na testa de cada uma e foi em direção a porta.  - Depois vocês me avisam o querem fazer sobre isso.

E assim Harry saiu nos deixando sozinhas com nossos pensamentos.

- Eve...? - Olhei para minha namorada que me olhava de forma preocupada. - Você está bem?

- Uhum. - Concordei. - Eu só... me assustei com a possibilidade de perder tudo...

- É eu entendo... - Ela abaixou a cabeça para logo depois me olhar de novo. - Mas é só um susto, Harry disse que as paginas de pessoas que nos querem como um casal tem milhares de acessos.

- Sim Cece, mas ele também disse que boa parte da Banca de Hollywood é conservadora.

- Que liga. Nós temos os fãs no nosso lado, isso é bom pra cacete. - Eu não estava gostando do quão empolgada Celia estava com aquilo.

- Isso significa também que será: Adeus filmes, Adeus fama, Adeus luxo e riqueza que nos tanto adoramos. - Ela pegou em minhas mãos olhando bem em meus olhos.

- Eve... Você não entende que podemos assumir nosso amor para todo mundo? - Meu coração se partiu quando seus olhos brilharam.

- Eu entendo Cece, mas a que custo?

- A que custo? - Ela soltou minhas mão abruptamente. - Ainda agora você estava dizendo que me amava mais do que as palavras podiam dizer e agora pergunta a que custo?

Ela se levantou cruzando os braços.

- Pera lá Celia.  - Me levantei também. - Eu amo você, tudo o que eu te disse foi real, cada palavra. Mas você tem que entender que nos somos atrizes, pessoas públicas que vivem da imagem para sobreviver. Se toda Hollywood tiver uma imagem ruim da gente você pretende viver como? por que uma hora o dinheiro vai acabar.

Não era mentira, iria demorar, mas o dinheiro acabaria uma hora.

- Não. Essa não cola comigo. - Que? -  Porque não quer assumir o que temos?

- Eu acabei de dizer...

- E eu não acredito... - Nesse ponto da conversa Celia já estava um pouco transtornada, eu não a culpo, sei que tudo parece ser muito tentador mas temos que abrir os olhos para a realidade. - Nós duas podemos ser o maior casal de Hollywood e você não vê isso.

- Eu vejo meu amor, vejo e quero muito. Mas nós não vamos conseguir nada desafiando todos de uma hora pra outra. - Pude ver seus ombros relaxando, mas não totalmente. - Nós temos que ser inteligentes Celia, estamos em 2005. Tudo bem que não é 1960 mas ainda sim pessoas LGBT ainda são minoria, não adianta termos um milhão de pessoas a nosso favor, enquanto temos um bilhão contra nós.

Ela ficou me olhando por um tempo para simplesmente dizer...

- Tudo bem. - E se trancar no banheiro. 

Me joguei de novo na cama pondo as mãos na  cabeça tentando desviar a leve dor que havia surgido ali.

Eu sabia que estava tudo bom demais para ser verdade.


  




O Verdadeiro Amor de Evelyn HugoOnde histórias criam vida. Descubra agora