CAPÍTULO 6

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《 Afonso Fontes 》

Abro a porta do meu quarto e olho para os dois lados vendo se tinha alguém no corredor.

Ao notar que estava limpo saí do quarto e fechando a porta com calma para não fazer barulho, ando com passos leves para não acordar ninguém até chegar na cozinha.

A pior coisa do mundo é estar dentro da sua casa e sentir medo, melhor está na rua logo.

Faço o sanduíche rápido antes que alguém apareça e ao terminar começo a comer com um suco que peguei na geladeira.

Minutos depois e tinha acabado o sanduíche,  estava bastante delicioso. Lavo meu copo para não deixar vestígios e agradecendo por não ter visto meu pai.

Mas parece que agradeci cedo demais...

Ao me virar dou de cara com ele e seu semblante não é uma das melhores.

Engulo seco e começo a tremer,  me repreendo por mostrar o quão fraco fico na sua presença.

Ele entra na cozinha e senta na cadeira na minha frente não deixando de me olhar, confesso que isso me deixou apavorado, o que ele quer com isso?

-- Só de olhar pra você fico com nojo... e pensar que criei você com tanto carinho pra terminar nisso.

-- Pouco me importa o que vc sente quando me ver. E vamos ser sinceros pelo menos uma vez na vida, o senhor nunca cuidou de mim, nunca se importou comigo e muito menos com o meu irmão,  a única coisa que você se importava era com o seu trabalho , que por incrível que pareça continua o mesmo.

-- Não seja ingrato, eu nunca deixei faltar nada pra vocês.

-- É o que você se engana...

-- E o que merda eu deixei faltar,me diga? | Me interrompe, seu tom de voz com sinais de raiva.

-- Carinho, amor, atenção...

-- Pare de viadagem, eu dei pra vocês tudo o que meu pai deu pra mim, ainda fui generoso, se você convivesse com meu pai você não aguentaria um dia.

-- Não é viadagem , só queria que o senhor fosse mais presente, que fosse nos meus jogos de futebol, no campeonato musical, no torneio de karatê, nas reuniões de pais e nas festas dos dias dos pais.

-- Eu não estava vagabundeando por ai, estava trabalhando para por comida dentro de casa e dar tudo de bom pra você e pro seu irmão.

-- Deixa, você não entende mesmo.

-- Viado tem muito pantin mesmo... | Disse rindo e fez eu entender que para meu pai eu não passava disso, nunca vou ser aceito de verdade, e sinceramente não dou a mínima,  não quero ficar numa casa em que não sou aceito.

Ia saindo da cozinha quando escuto um carro parar em frente a nossa casa, buzinar e sair em disparada queimando pneu.

Vou olhar o que é e fico transtornado ao ver meu irmão deitado na rua.

-- Paiii. | Grito e vou até ele, olho o seu pulso e pelo que pude sentir estava muito fraco.

Meu pai vem correndo ao ver meu irmão no chão.

-- O que foi?

-- Eu não sei, só sei que ele está morrendo.


CONTINUA...

Meu Professor - Livro 1 da série "Meu"Onde histórias criam vida. Descubra agora