Maya e Luana são irmãs gêmeas que se perderam entre dimensões em busca do verdadeiro paradeiro de seus pais e de sua própria existência. Nessa aventura, elas descobrem um passado sombrio que envolve a única pessoa em quem confiam, e cabe a elas esco...
Estou em meu esconderijo, coberto de sangue que não é meu, mas de minha vítima — o culpado por terem tirado minha irmã de mim anos atrás. Olhando para a paisagem com minha arma em mãos, escuto minha vítima implorar mais uma vez por sua vida.
???: Por favor, não me mate! — implora em desespero um homem todo ensanguentado, preso à corrente. Eu juro, eu não estava com eles nisso!
???: Como você é chato pra caralho — digo, já perdendo a paciência, com um olhar frio, e continuo: é o seguinte, seu porra, não adianta negar. Eu vi você lá quando a matou.
???: C-co-como você...? — gagueja, já sem esperança de sair com vida, e grita: Você é aquela criança!!!
???: Infelizmente, nossa brincadeira acaba por aqui. Tenho que ir atrás dos seus amiguinhos. — disparo em sua cabeça antes que possa reagir.
Pronto para sair, abro um portal dimensional. Está na hora de ir atrás da minha décima vítima.
??? Off / Luana On
Acordei em um lugar diferente, cheio de areia. A primeira coisa que fiz foi procurar minha irmã. Levantei às pressas quando não a encontrei, mas logo a vi... enterrada na areia?
Luana: Tá viva, filhote do capeta? — pergunto, torcendo para que estivesse viva só para que eu mesma pudesse matá-la.
Maya: Ahhhh! — levanta-se, recuperando o fôlego, olha para as mãos e começa a procurar algo. Cadê? Para onde foi?
Luana: Para onde foi o quê, Maya? — pergunto, estranhando a pressa dela.
Maya: A foto! Eu tinha encontrado uma foto dos nossos pais. — diz, vasculhando a areia.
Uma foto dos nossos pais? Confesso que isso me deixou curiosa e com uma vontade enorme de encontrá-la, mas minha vontade de voltar pra casa é ainda maior do que descobrir sobre as pessoas que nos abandonaram. Começo a procurar, não pela foto, mas pelo cubo que abriu aquele portal. Finalmente o encontro, preso a uma folha. Aproximando-me, percebo que é a foto que Maya tanto procura. Pego a foto e começo a analisá-la quando escuto um grito.
Luana off / Maya On
Desisto de procurar a foto — minha única pista para saber quem são meus pais. Olho ao redor, e a única coisa que vejo é areia, mais e mais areia. Finalmente me levanto e olho para as duas luas no céu... Espera?
Maya: DUAS LUAS!!! — grito, surpresa por ver algo que não existia até alguns momentos atrás.
Luana: Maya? O que foi? — pergunta, correndo até mim com um cubo e um papel nas mãos.
Maya: Essa é a foto? — falo, com os olhos brilhando, esquecendo completamente o motivo do meu espanto.
Luana: Foco, Maya. — diz, me dando um peteleco na testa. Por que você estava gritando?
Maya: Ah, é mesmo. — aponto para o céu. Acho que não estamos mais em nossa dimensão.
Luana: Parece que é verdade. — responde, ainda olhando para o céu.
Agora fica a questão, como eu sei disso? Resposta: quando você tem uma irmã fanática por ruínas, viagens interdimensionais e guardiões, fica difícil não aprender como lidar com essas situações. Mas, infelizmente, não sabemos como resolver isso no momento.
Maya off / Ana On
Momento antes do portal
Estava olhando uma foto dos meus amigos. Nela, Yuna e Max estavam abraçados, Nathy segurava uma garrafa de Coca-Cola, Levi e Yue atacavam os salgadinhos, Emanuel e Sofia estavam de mãos dadas, e eu segurava meu amado champanhe. Sofia, na foto, estava grávida das gêmeas. Estávamos comemorando sua nova família, mas infelizmente essa foi uma foto tirada antes da grande tragédia, quando Emanuel e Sofia não sobreviveram, e os outros desapareceram. Sou tirada de minhas lembranças por um grito das meninas e descubro que minha casa quase pegou fogo pela vigésima vez em dois meses. Depois desse incidente, no qual perdi minha amada panela, saio para fazer a terceira compra do mês, pois Maya acabou com o resto da comida. Ah, como eu queria entender onde vai tanta comida para aquela menina. Ando um pouco até ver um rosto que não via há tantos anos e que sinceramente não queria ver.
Ana: Há quanto tempo, Yuna. — digo, me aproximando e vendo o casal que vai conversar com as minhas meninas. Eles acenam e somem da minha vista.
Yuna: Sinto muito que elas tenham que passar por isso, mas principalmente sinto muito por você. — diz, diminuindo suas lindas asas brancas que destacam sua espécie: Anjo da Guarda. Aliás, mencionei que Yuna é a princesa dos Anjos? Isso mesmo, pessoal! Eu, uma mera camponesa, sou amiga de princesas, príncipes, reis e rainhas.
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Yuna: Ana, você está me escutando? — pergunta, balançando os braços na minha frente, me tirando dos pensamentos.
Ana: Ah, sim, estou ouvindo perfeitamente. — desvio o olhar, me segurando para não perguntar o que ela tanto falou.
Yuna: Se me escutou tão bem quanto diz, por que ainda está parada aí? — diz, caminhando lentamente em direção à minha casa.
Ana: Foi mal, não era minha intenção te ignorar. — falo, a acompanhando.
Quem diria que esse dia chegaria? O dia em que elas vão descobrir a verdade e salvar as dimensões... ou destruí-las. Isso me lembra.
Ana: Yuna, você tem notícias dos outros?
Yuna: Tirando o Max, que está noivo de mim, infelizmente não tenho boas notícias dos outros. — diz, abaixando o olhar e parando de caminhar. Só encontrei sua localização hoje. Levi se tornou um anti-herói, Nathy está em algum reino, e Yue está desaparecida há mil anos. — olhando para o céu, ela continua com um olhar sereno. Mas sei que ela está bem e que um dia irá voltar.
Voltamos a caminhar, mas não deixo de reparar o carinho na voz de Yuna ao falar de Yue. É compreensível, elas são melhores amigas desde a infância. Entendo; minha relação com Sofia era igual, o que me levou a criar suas filhas após sua morte com Emanuel.
Yuna: Chegamos...
Eu estava tão dentro de meus próprios pensamentos que nem percebi que chegamos à minha casa. Olho para a janela do meu quarto e vejo uma luz azul... É isso, está feito. Elas entraram no portal que leva à dimensão de origem delas. Só espero, do fundo do coração, que fiquem bem... Boa sorte, minhas meninas.
