para um poeta.

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10 de dezembro, 11:11

E foi bem isso o que aconteceu, como um pesadelo. Ele estava atrás de mim, como um retrocesso ambulante. E bem, eu não consegui me livrar dele. Mas ninguém nunca havia conversado comigo sobre a maldição da dor, convenientemente, a maldição da memória. As lembranças que mantém os suspiros, e os suspiros que se tornam (ou modificam) lembranças. E talvez eu tenha me perdido nisso. Talvez eu tenha enterrado o corpo errado. Foi meu sangue que selou tudo, e foi vinho tinto que selou meu sangue. Então, então, então, eu acordei, eu estava exposto, nu. Ele nunca sequer havia arranhado a minha superfície. Minha sede, assim como ele, foram efêmeros, e brutalmente lindos. Então eu fiz daquele maldito começo um fim, e daquele fim, um começo. Pra sempre.


a. Paulo

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