Os últimos pensamentos de uma desconhecida...

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Estou sentada no canto do quarto, cercada pelo silêncio sufocante que preenche o espaço. As cortinas estão fechadas, bloqueando a luz do dia e criando uma atmosfera de escuridão e solidão. Seguro uma pequena pilha de papéis nas mãos, meus dedos trêmulos percorrendo as bordas enquanto meus pensamentos vagam.

Meu coração bate de forma irregular, uma mistura de medo e alívio se instala dentro de mim. Pensei neste momento por tanto tempo, imaginando como seria finalmente tomar essa decisão. Agora que estou prestes a agir, a realidade me atinge com uma intensidade inesperada.

Penso nas pessoas que amo e em como elas reagirão à minha partida. As lágrimas ameaçam escorrer, mas me obrigo a manter o controle. É tarde demais para voltar atrás, e o peso de minhas escolhas me empurra para a frente.

Meus olhos pousam em uma fotografia antiga sobre a escrivaninha. Nela, estou com amigos, sorrindo despreocupadamente. Um tempo em que tudo parecia mais fácil, mais leve. Um tempo que não consigo mais alcançar.

Com um suspiro profundo, me levanto e começo a organizar os papéis, ordenando-os com cuidado. Sei que preciso deixar algo para trás, algo que possa explicar minha decisão. Há tanto a dizer, tantas coisas que ficaram presas em minha garganta ao longo dos anos.

Apago as luzes, tentando tornar a escuridão mais real, mais definitiva. O silêncio me envolve mais uma vez, uma presença quase palpável. Caminho até a mesa de cabeceira e pego a caneta, sabendo que essa será a última vez que escrevo algo.

Depois de terminar a carta, a deixo ao lado da fotografia na escrivaninha. Olho ao redor, absorvendo o ambiente pela última vez, e em seguida vou até a gaveta onde guardo uma garrafa de comprimidos.

Pego a garrafa com mãos trêmulas, as pílulas brilhando à luz fraca do quarto. Sei que não há volta agora. Abro a garrafa, derramando uma quantidade generosa de comprimidos na palma da mão.

Com um último suspiro, levo os comprimidos à boca, engolindo-os com um copo de água que está ao lado da garrafa. A sensação de engolir as pílulas me traz um alívio imediato, sabendo que a dor logo terminará.

Deito-me na cama, fechando os olhos enquanto a escuridão me envolve. Meus pensamentos se acalmam, e sinto que estou finalmente me libertando. Pouco a pouco, mergulho no sono, esperando nunca mais acordar.

A CARTA DE UM SUICIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora