3° Gravação 1.0

170 46 98
                                    

– Não estava sozinho. Estava com a minha madrasta. – respondeu, revirando os olhos.

– Ela não estava do seu lado.

– Você quer ouvir a história, não quer? Quero ir embora. – ele resmungou.

Continuou.

"– Sai da frente pivete. – ela disse.

Fernando caiu no chão quando um homem alto e forte passou por ele. Então as coisas aconteceram rápido demais. Tudo que se pôde ouvir fora um tiro. De repente  o ar foi preenchido por gritos estéricos.

– Não quero ninguém correndo ou gritando. – um homem gritou. – Quem não quiser morrer, só começar a obedecer.

Fernando parecia paralisado, mas o medo o fez involuntariamente levar a mão ao bolso e apertar o botão de seu gravador.

Click."

– Por que foi a única coisa que conseguira fazer? – perguntou o policial, o interrompendo.

– Não sei. Sempre andei com meu gravador no bolso.

O policial fez algumas anotação no bloco de papel que segurava.

– Tudo bem, essa é a parte mais interessante. – o policial riu. – Tá tudo bem, garoto?

– Preciso ir ao banheiro. – respondeu

Ele levantou e chamou outro policial para o acompanhar até o banheiro.

– Está tudo bem agora? – o policial perguntou quando Fernando entrou na sala depois de alguns minutos.

Ele balançou a cabeça em positivo, sentou-se e continuei a história.

"– Marcelo, já dominei aqui. – o homem disse por um walk talkie.

Um bip depois ele ouviu a resposta.

– Fica no mesmo lugar, BR. Em hipótese alguma deixe alguém sair daí.

– Certo. Tem certeza que quer fazer isso? – perguntou BR depois de outro som de bip.

 – Quero vingança e vou conseguir! E você me deve e vai me ajudar. Ela era sua irmã. Faça o que tiver que fazer. – Marcelo respondeu através do walk talkie.

Um bip depois e BR não respondeu. Ele parecia tremer, parecia nervoso e desconfortável com a situação.

Ele chutou um pedestal de corda que separa filas com força e xingou alto. Nessa hora uma mulher levantou-se, nervosa, e no mesmo segundo, sem pensar e sem dizer nada, ele disparou. Ela caiu. Fernando levou as mãos à boca e a prendendo para não gritar. A mulher morta caíra ao seu lado, o medo tomava conta de seu corpo, seus olhos tremiam apavorados. O sangue da mulher escorria pelo chão. Fernando a olhou e percebeu que era a mulher que ele havia deixado passar à sua frente. Fechou os olhos com medo.

BR virou para o outro lado, com a mão na cabeça, murmurando e reclamando. Nessa hora Fernando tomou coragem e tentou se afastar do corpo morto.

Bip.

– O que aconteceu ai, BR? – o outro cara gritava pelo Walk Talkie.

Ele não respondeu.

– Caral*** Br, responde. O que tu tá fazendo aí?

Ele esperou. Seu olhar estava vidrado.

– Se mais alguém levantar, vou matar todo mundo. – ele gritou de repente.

Ele apertou o botão do walkie talkie e respondeu aos gritos o parceiro.

– Vou matar geral se mais alguém desobedecer. Tu tá ouvindo, Marcelo?

Silêncio.

Depois que BR, assustado, apontou a arma para todo mundo. Ele parou para ouvir o outro cara depois de um bip.

– Cara, tu dá doido? Se controla. Se tu matar geral nosso plano dá errado. Te controla e não pisa na bola."

– Tu foi corajoso, garoto. – o policial o elogiou. – É impressionante que se lembre de tudo.

Fernando sentiu o rosto esquentar.

...

Voo 186Onde histórias criam vida. Descubra agora