2° Gravação

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- Você pode ou não fazer os favores?

- Você poderia ter nos avisado antes, não? - resmungou. - Quais são eles?

- Diga pra Helena o porquê demorei e entre na fila para comprar as passagens. A balconista disse que logo isso ai estará cheio. Ainda mais que hoje é final de semana. Pode fazer isso?

- É, acho que consigo fazer isso. - ele revirou os olhos, bufando.

- É. Ok. Obrigado filhão. E pare de ficar bufando - e desligou.

Tu tu tu tu.

- Ótimo. Tudo que eu queria, esperar mais.

Click.

- Diário de viagem. 1° da 3° gravação. Já são 5:50. Nada do sol aparecer. O tempo pareceu esfriar um pouco mais, uma fraca garoa começou a cair e eu estou sem nenhum casaco. - ele gravou voltando para o lugar em que estava Helena, sua madrasta.

Click.

- Helena, papai disse que irá demorar um pouco mais. Ele esqueceu o dinheiro em casa e voltou para pegar. Pediu para que eu esperasse na fila, pra comprar as passagens.

- Ótimo. Como ele pôde esquecer o mais importante? - ela perguntou, mas pareceu ter sido retórica. - Eu dei o dinheiro na mão dele antes de entrar no carro. - sua voz parecia em raiva, mas era estranho enquanto ela foleava uma revista de moda. - Eu tenho falado para ele, ele não está bem da cabeça.

- Não sei. Saímos tão de repente, nem as malas fizemos direito. - Fernando respondeu, tentando defender seu pai. - Ele deve está preocupado com algo.

- Mãe, estou com fome. Tem algum dinheiro ai? - perguntou Marcela.

Helena pegou a carteira da bolsa e entregou uma nota de R$50,00 para filha.

- Tó. Vá com o Fernando e compre algo para vocês. - ela os dispensou com um aceno de mão.

- Tudo bem. Vamos Zé Mané. - Marcela o puxou."

- Quer fazer uma pausa? - perguntou o policial, interrompendo-o.

- Não. Está tudo bem. - Fernando respondeu.

- Tudo bem. Aguarde uns minutos, já volto.

Ele depositou o caderninho e a caneta sobre a mesa e saiu. Fernando esperou por alguns minutos.

- Pronto. - ele voltara. - Toma. Pode continuar?

Ele sentou-se à frente do garoto e empurrou uma lata de refrigerante para ele.

Ele pegou o refrigerante, em dúvida. O abriu e deu alguns goles.

- Ótimo. Continue então, precisamos saber de todos os detalhes. Prossiga.

"- Seu pai é outro Zé Mané. Como ele pôde esquecer o principal em casa? - Marcela disse.

- Não sei. Não sei. Vai ter que perguntar para ele quando ele chegar.

Ela riu.

- Vamos. Vamos comer e depois você vai pra fila.

Em frente a lanchonete ela perguntou a ele o que queria.

- Pode ser aquele sanduíche ali. - ele apontou. - E um suco.

- Ok.

Click.

- São 6:10 da manhã. Acho que o mundo acordou agora, algumas pessoas começam a chegar no aeroporto...

- Guarde isso, Fernando. Aqui não.

Click.

Ela o interrompeu mais uma vez.

- O aeroporto está enchendo. Achei que não iria. - ele disse, ao vento.

- É a primeira vez que você viaja de avião, né? Toma seu lanche.

- Sim. Obrigado.

- Quer voltar ou sentar em alguma mesa?

- Vamos sentar ali. Daqui a pouco tenho que ir pra fila. Espero que pelo menos ele tenha reservado.

- Não tem como ele ter feito isso. Quer que eu vá com você?

...

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