Eu Tenho Orgulho É De Nós.

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Tsukishima se sentia mais fresco, o treino acabou mais cedo do que o esperado mas do mesmo jeito ainda teve que tomar uma ducha para tirar o excesso de suor do corpo. Era um fim de tarde frio, então pôs roupas adequadas. Enquanto saía do ginásio, foi surpreendido com uma voz chamando seu nome - na verdade, apelido.

— Tsukki! — Sorriu ao ver seu esverdeado ao lado do carro acenando para si, com aquela sua animação costumeira.

Quando se deram conta, encontraram-se no mirante vazio, uma extensão de concreto com vista para a cidade. O céu alaranjado refletia-se nas janelas dos prédios distantes, criando uma paisagem urbana impressionante. O mais alto ocupava um banco de madeira desgastado pelo tempo, enquanto Yamaguchi estava encostado na grade de ferro, absorto em seu celular.

Enquanto Tsukishima contemplava a vastidão da cidade abaixo, uma sensação de serenidade o envolvia. Era raro para ele se permitir momentos de quietude, mas a atmosfera tranquila do mirante e a presença calma de Tadashi o faziam relaxar. O vento soprava suavemente, balançando os galhos das árvores próximas e trazendo consigo o aroma suave de flores silvestres.

Do outro lado, Yamaguchi estava mergulhado em seu telefone, alheio ao cenário ao redor. Tsukishima observou-o brevemente, notando como a luz do sol poente destacava suas sardas e realçava a expressão concentrada em seu rosto. Ele se perguntou o que Yamaguchi estava fazendo no celular, mas decidiu não interrompê-lo, optando por apreciar o momento de silêncio entre eles.

O silêncio era reconfortante, apenas quebrado pelo som distante dos carros na rua lá embaixo e pelo ocasional ruído de pássaros voando para casa. Tsukishima refletiu sobre a longa jornada de amizade que compartilhava com Yamaguchi, desde os dias de escola até agora, onde dividiam momentos simples como este. Eles haviam enfrentado desafios juntos, celebrado vitórias e consolado um ao outro nas derrotas.

À medida que o sol se punha lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons de rosa e roxo, Tsukishima sentiu uma gratidão silenciosa por ter alguém como Yamaguchi ao seu lado. Eles podiam não trocar muitas palavras, mas a presença um do outro significava mais do que qualquer conversa.

Mas uns segundos se passaram, o esverdeado se virou para trás, sorrindo orgulhoso.

— Você viu? O Japão ganhou, Hinata e Kageyama estavam na seleção. — Sua voz era carregada de felicidade, mas com sua serenidade e seriedade de sempre.

Kei fingiu não ligar, revirando os olhos e se levantando, indo até seu encontro.

— E eu com isso?

— Ah, Tsukki! — Resmungou, empurrando levemente seu ombro. — Você não sente nem um pouquinho de orgulho dos nossos amigos? Hm?

Ele revirou os olhos novamente, desviando o olhar. Apesar de Tsukishima nunca admitir abertamente, era evidente para todos ao seu redor o orgulho que ele sentia pelos amigos. Por trás de sua fachada de desdém e indiferença, residia uma admiração silenciosa pelas habilidades e conquistas dos outros. No entanto, ele mantinha esses sentimentos cuidadosamente guardados, preferindo não revelar sua vulnerabilidade emocional.

Para Tsukishima, admitir seu orgulho significaria abrir mão de sua postura distante e sarcástica, algo que ele se recusava a fazer. Ele preferia manter uma imagem de desinteresse, mesmo que isso significasse esconder suas verdadeiras emoções, não apenas dos outros, mas também de si mesmo. Assim, Tsukishima mantinha sua máscara de indiferença, protegendo-se da exposição de seus sentimentos mais íntimos.

— Não fizeram mais que a obrigação deles. — Cuspiu, fazendo o outro rir. Sua risada era tão linda.

Assim, ele passou o braço por volta dos ombros dele, o trazendo para perto enquanto o mesmo parava de rir lentamente.

— Eu tenho orgulho é de nós.

Com essa frase, ele fez Yamaguchi corar, destacando ainda mais suas sardas, que se tornaram mais evidentes em seu rosto rosado. Tsukishima sentiu um calor reconfortante inundar seu peito ao ver a reação do mais velho, uma mistura adorável de constrangimento e ternura. Num gesto amoroso e íntimo, o esverdeado estendeu uma mão, delicadamente, levando-a até o rosto do amado.

Seu toque era suave como o sopro de uma brisa de verão, enquanto seu polegar acariciava suavemente a pele macia do loiro. Ele contemplou a beleza natural do companheiro, observando cada sarda e cada traço que adornava seu rosto. Nesse momento íntimo, Tsukishima sentiu-se conectado de uma maneira que palavras não poderiam expressar, uma profunda gratidão por ter alguém como Tadashi em sua vida. E, por um breve instante, deixou-se envolver pela suavidade do momento, permitindo-se mostrar um lado de si mesmo que raramente revelava ao mundo exterior.

— É, eu também. — Assim, selaram o momento com um beijo apaixonado e sútil, usufruindo e vivenciando o momento segundo por segundo.

ESSE É O FIM DE CADA UM DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora