Vinho Caro.

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Shouyou bateu na porta da casa de Kageyama Tobio naquela noite fria, apenas um dia depois da grande vitória da equipe. A casa de Tobio era imponente, uma mansão que ele agora podia chamar de lar graças ao seu sucesso como jogador de vôlei. Tocou a campainha, sentindo uma leve pontada de ansiedade ao conseguir ouvir passos do lado de dentro. Seu amigo era mesmo bem-sucedido.

A porta se abriu, uma luz amarela-fosca convidativa caiu sobre si, mais a sombra que Kageyama, que o deixou feliz ao aparecer com o sueter que o mesmo o dera de natal. Assim que o viu, não se conteve, abraçando-o com, rapidez e força. Tobio não hesitou em retribuir, deixando que os braços do ruivo o rodasse o tronco e retribuindo com carinho. Deixou-se beijar o topo da cabeça dele, demonstrando saudade e felicidade da sua presença.

— Já comeu? — O mais velho murmurou um "uhum" enquanto ainda tinha o rosto afundado no seu peito, porém teve que se afastar para poder o olhar no rosto, dando um sorriso cansado logo em seguida.

Juntos, eles se dirigiram à sala de estar. Tobio, buscando algo para saciar a sede, encontrou um vinho caro na geladeira. O ambiente da espaçosa sala de estar emanava conforto e sofisticação, com móveis elegantes dispostos de maneira aconchegante. As paredes decoradas com quadros abrigavam memórias de vitórias e momentos compartilhados entre amigos. A iluminação suave criava uma atmosfera acolhedora, convidando ao relaxamento e à conversa tranquila.

Enquanto Tobio se ocupava com a busca pelo vinho, Hinata se acomodou no amplo sofá, seus olhos fixos no amigo que vasculhava a geladeira em busca da bebida. O ruivo observava com um sorriso brincalhão, apreciando a familiaridade e a intimidade daquele momento compartilhado. A imagem da foto do casamento de Bokuto e Akaashi ainda pairava em sua mente, evocando sentimentos de nostalgia e reflexão sobre sua própria jornada pessoal.

Com um suspiro de contentamento, Hinata recostou-se no sofá, permitindo-se absorver a atmosfera tranquila e familiar da casa de Tobio. Seus pensamentos vagavam entre lembranças do passado e expectativas para o futuro, enquanto aguardava o retorno do amigo com o vinho que prometera a ele.

O moreno chegou com duas taças e uma garrafa grande de vidro verde-transparente, com um rótulo branco que havia alguns desenhos e fontes sofisticadas. Diz ele que ganhou da irmã depois da vitória. Se serviram, dando um gole em simultâneo enquanto desfrutavam daquele clima insatisfeito que sobrecaía em suas vidas.

Shouyou ligou o celular, abrindo o Instagram e vendo uma nova postagem de seu amigo Bokuto, que estava nos preparativos da cerimônia de casamento.

— Kage, olha. — Mostrou a foto, o fazendo sorrir.

— Espero que eles sejam felizes. — Shouyou sorriu, passando a foto alguns segundos depois desligando o celular.

A melancolia parou em si, o fazendo rir com decepção. Deu um gole na taça, recostando ainda mais nas costas do sofá. Um lembrete vívido da passagem do tempo e das mudanças que ocorriam ao seu redor. Com um suspiro resignado, ele começou:

— Parece que estou ficando para trás, não é? — Hinata comentou, seu tom tingido de melancolia enquanto encarava a foto. — Todos já estão formando família, enquanto eu estou aqui, só com dinheiro, sucesso e esse vinho caro. Parece até frase que o Tony Stark diria.

Seu sorriso era irônico mas, ainda assim, trazia o sentimento de atraso.

Tobio assentiu, compreendendo o sentimento de Hinata mais do que gostaria de admitir. Ele próprio nunca havia considerado profundamente sua situação, mas agora, diante das palavras do amigo, sentia a solidão pesar em seu peito.

— Nem me lembro há quanto tempo estou solteiro — Confessou Tobio, sua voz soando mais suave do que o habitual. — Nunca encontrei alguém que compartilhasse minha paixão pelo vôlei como você.

Um brinde à solidão pareceu uma ironia amarga, mas ambos levaram suas taças aos lábios, compartilhando o amargo sabor da realidade. O silêncio que se seguiu foi carregado de significado, até que Hinata quebrou-o com uma observação reconfortante.

— Pelo menos temos um ao outro, não é mesmo? — Sugeriu Hinata, um lampejo de esperança em seu olhar.

O sorriso sincero de Tobio irradiava calma e aceitação, um gesto que acalmava as inquietudes de Hinata e trazia uma sensação de paz ao ambiente. Com uma delicadeza tangível, Hinata entrelaçou seus dedos aos de Tobio, como se estivessem traçando um vínculo invisível entre eles. A sensação da pele se tocando, mesmo de maneira tão sutil, enviava arrepios de excitação por suas espinhas.

Tentaram manter suas mãos unidas, prolongando aquele instante de intimidade compartilhada, mas logo sucumbiram à brincadeira, permitindo que seus dedos se entrelaçassem de maneira mais livre e descontraída. Cada toque, cada movimento, parecia elevar a temperatura ao seu redor, transformando o espaço entre eles em um mundo à parte, onde apenas eles existiam.

O clima entre os dois tornou-se palpável, carregado de uma eletricidade pulsante que parecia envolver cada centímetro de suas peles. A aproximação lenta de seus corpos era quase inevitável, como se fossem dois ímās sendo puxados um em direção ao outro. Seus rostos se aproximavam gradualmente, os olhares fixos um no outro, capturando cada detalhe, cada centelha de emoção que brilhava em seus olhos.

As respirações se misturavam num ritmo hipnotizante, cada exalação uma confissão silenciosa do desejo que ardia entre eles. Hinata podia sentir o coração batendo acelerado no peito de Tobio, ecoando o seu próprio ritmo frenético. E então, quando seus lábios finalmente se encontraram, foi como se o mundo inteiro desaparecesse ao seu redor, deixando apenas a doce sensação da união de seus lábios.

O primeiro beijo foi sutil, um toque suave e hesitante que explorava a novidade daquela conexão recém-descoberta. Os lábios de Hinata encontraram os de Tobio num gesto tímido, como se estivessem testando as águas antes de se entregarem por completo.

Em seguida, veio o selinho, um breve encontro de lábios carregado de ternura e afeto, uma promessa silenciosa de amor e cuidado mútuo.

E finalmente, o beijo mais quente e apaixonado, onde todas as barreiras caíram e eles se entregaram ao calor do momento. Os lábios se moviam em perfeita sincronia, explorando cada canto e recanto, como se estivessem buscando se fundir em um só. O mundo ao seu redor desapareceu, deixando apenas a sensação avassaladora de estar perdido nos braços um do outro, em um oceano de paixão e desejo.

Nada acaba, apenas recomeça.

ESSE É O FIM DE CADA UM DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora