Capítulo 1: Pov João

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Com raios de sol entrando pela janela do quarto, sou acordado aos berros pelo meu pai, o poderoso Dr. Carlos Balbino.

- João Vitor ACORDA! LEVANTA AGORA DESSA CAMA!

Levantei num pulo, movido pela adrenalina do susto de ter sido acordado aos gritos pelo meu pai. Ainda meio atordoado, sem nem ao menos imaginar o que me aguardava, com a expressão mais anjelica possível em meu rosto, disse ao Dr. Carlos.

-  Bom dia papai! O que houve? Porque me acordou aos gritos?  Quem morreu?

- Não se faça de sonso João Vitor, você sabe muito bem o que fez na noite passada, ou você achou que eu não iria descobrir sua fuga junto com 9 Renan para brincar de ser cantor num bar qualquer pela cidade?  Disse o Sr. Carlos me medindo de cima abaixo com os olhos queimando em raiva.

- Mas papai, eu meu son... Tentei dizer a ele mas fui interrompido por ele, que me fuzilou com os olhos e com a voz mais calma e serena disse. - Meu filho, quantas vezes terei que lhe dizer que cantar não dá dinheiro? Muito me admira um garoto como Renan que aspira ser um grande advogado te apoiar numa maluquice infantil dessas. Trabalhar com musica não vai te levar a lugar algum João Vitor, o que você precisa é se dedicar aos seus estudos, para tornar-se médico assim como eu, eu já estou ficando velho, logo você terá que assumir a clinica da família.  Nesse momento senti meus olhos se encherem de água e senti as lágrimas querendo rolar por meu rosto já ruborizado pela tristeza e pela raiva. Eu não poderia chorar, não ali, não na frente dele, não poderia demonstrar fraqueza na frente dele.

- Papai por que a Bela não pode assumir a clínica?  Ela ama a área hospitalar no geral, ela até já cursa medicina. Tentei argumentar com meu pai, mesmo sabendo que não adiantaria, pois Dr. Carlos é machista e jamais aceitaria que Bela assumisse sua amada clínica, por melhor médica que Bela fosse, era impossível fazer ele acreditar em seu potencial. Papai saiu do quarto sem me responder me deixando sozinho com meus pensamentos, e foi aí que me permiti chorar, e foi nesse momento que me lembrei de mamãe.

Sinto saudades da mamãe, ela é carinhosa e é a única além de Bela e Renan que apoiava meu sonho e incentivava que eu escrevesse minhas próprias músicas, pois ela acreditava que era um jeito lindo de expressar meus sentimentos. Mamãe sabia como era difícil para mim me expressar com toda a pressão que papai colocava sobre meus ombros.

Mamãe é uma mulher doce e muito amável que não ligava tanto para o dinheiro como papai, mamãe gostava das coisas simples da vida, talvez seja por isso que dona Catarina apoiava tanto o sonho de seus tesouros (como rla chamava seus filhos).  Sendo assim nem mamãe que é tão adorável suportou o impossível Dr. Carlos. Ela sabia que papai tinha condições de vida muito melhores que a dela, por isso, a alguns anos ela nos deixou, pois ela precisava voltar para si e se reencontrar novamente, e foi assim que mamãe se casou novamente, e me deu Gael, meu lindo irmãozinho de cabelos loiros e cacheados que parece um anjinho.

Cerca de alguns minutos depois ouço passos no corredor, rapidamente seco as lágrimas que olhavam meu rosto a tempo, antes que eu veja papai abrir a porta novamente. Sem entrar no quarto ele diz em voz alta. - João Vitor, por que voce ainda está de pijama?  Vista já seu uniforme, você já devia estar tomando seu café, você tem aula hoje se esqueceu?  Onde você está com a cabeça?

Assim que ele sai do quarto vou até meu banheiro e tomo um banho rápido, volto ao quarto procurando por meu uniforme, logo que encontro o visto rapidamente, era uma calça social cinza com riscas finas marrom e uma camisa branca com gravata das mesmas cores da calça. Sinceramente eu odeio esse uniforme. Vestido e com os cabelos arrumados, pego minha mochila e desço as escadas rumo a sala de jantar onde o café está servido.

Me servi um copo de suco de laranja e peguei alguns pãos de queijo para comer. Rapidamente tomei meu café da manhã, assim que engoli a última mordida de pão de queijo, apanhei minha mochila no chão e caminhei até a porta, onde Jefferson, nosso motorista me aguardava com o carro ligado. Jefferson era um velho amigo de minha mãe e me tratava como um filho. -  Bom dia garoto!  Pronto para o dia de hoje?  Disse Jefferson assim que me viu na porta.

Fomos o percurso até a escola conversando sobre assuntos agradáveis, ele me contando histórias sobre sua infância com minha mãe, e eu por muitas vezes rindo de suas palhaçadas. Assim que chegamos a escola Jefferson disse -  Chegamos, tenha um bom dia menino João, já sabe como me encontrar caso precise de mim garoto. Me deixando na porta da escola.

De fato eu odiava aquela escola, eu me sentia estranho lá, sempre ficava deslocado nas conversar, me sentia diferente de tudo e de todos, desde pequeno sempre me senti sozinho, mesmo com gente ao meu redor. A um ano Renam, Ana e Melissa se mudaram pra São Paulo, e vieram estudar comigo, se tornando meus únicos amigos nesse lugar.

Encontro meus amigos no portão e seguimos juntos para a sala de aula, já que éramos da mesma turma. Nossa primeira aula era de matemática, as horas demoravam uma eternidade para passar. Uma única coisa me deixava feliz no dia de hoje, eu iria me apresentar novamente essa noite em um barzinho conhecido na região da Paulista. Renan novamente iria me encobertar, pois havia mentido para o Dr. Carlos que tínhamos um trabalho para entregar, por isso iria dormir em sua casa.

Eu estava feliz, mamãe e Bela iriam me ver cantar hoje. As horas passaram saímos da escola e fomos todos para casa de Renan, nos arrumar e aguardar a hora do show.  As 20:00  horas fomos para o tal barzinho, montamos o equipamento de som (um microfone e caixa de som),  e então comecei o show, cantei Ainda Bem da Marisa Monte, Velha Infância do Tribalistas, Mania de Você da Rita Lee, Oceano do Djavan, Medo bobo, Infiel da Marília Mendonça, até que uma garota de cabelos longos me trouxe um guardanapo me pedindo que cantasse Tudo que Você Quiser do Luan Santana, que eu prontamente atendi ao seu pedido, e claro que não poderia faltar, cantei Exagerado do cazuza.

A noite estava perfeita, mas o que eu não esperava era que um amigo do meu pai aparecesse no bar onde eu estava cantando naquele dia. Assim que Renan e Melissa o viram, vieram correndo me avisar e me tirar dali, mas já não adiantaria, o velho já havia gravado um vídeo meu cantando e enviado ao Dr. Carlos, que agora entrava pela porta furioso, pronto para me levar para casa pelos cabelos, assim como faziam os homens da caverna. Nada que eu, Renan, Ana, Melissa, Bela, ou mamãe tentasse dizer conseguiria acalmar a raiva feroz que brilhava nos olhos de Dr. Carlos, não tinha jeito, eu seria castigado por meu pai.

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*Oi como vocês estão?
Essa é a primeira fic que escrevo, espero que gostem. Por favor comentem o que acharam do capítulo e o que acham que vai acontecer com João no próximo capítulo.
Quero ler as reações de vocês

Prometo que volto logo.

Na Cidade dos Anjos, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora