capítulo um

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Haviam poucas coisas que conseguiam tirar a cabeça de Donghyuck do lugar.

Ele era um prodígio, de fato. Ex-capitão do time de quadribol da Sonserina, basicamente uma estrela no Clube de Duelos, sempre com tempo para ajudar os alunos mais novos da Sonserina em Poções, lider o grupo de estudos para História da Magia e professor particular de seus amigos em Transfiguração. Ele era um bom aluno nas outras matérias, nem sempre o melhor, mas estava certo de que conseguiria se sair bem nos N.I.E.M.s. em todas elas.

Ele era bom em tudo, e quando não era naturalmente bom, ele estudava para ser. As aulas de Defesa nunca foram um problema, ele tinha facilidade em Feitiços e era rápido por conta do quadribol, ou seja, ele conseguia se virar muito bem nas aulas do professor Potter. Porém, havia um único feitiço que ele não conseguia lançar com precisão.

O fato de estar quase na metade do sétimo ano e não conseguir conjurar um mísero patrono corpóreo era motivo o suficiente para Donghyuck sentir que estava falhando na escola.

E não foi por falta de tentativa. Donghyuck era dedicado, teimoso, obcecado por suas notas, e havia revirado a biblioteca atrás de instruções mais detalhadas sobre como conjurar um patrono. Mas nenhum livro conseguiu lhe fazer passar do escudo de fumaça prateada.

Era frustrante, de fato. Ele conseguia se sair bem em todas as outras matérias, mas não conseguia conjurar uma mísera sombra de seu patrono.

Ele havia pedido ajuda ao professor Potter após uma das aulas de DCAT, mas o homem apenas sorriu e lhe disse para ter paciência.

— O feitiço do patrono pode ser difícil até mesmo para o mais talentoso dos bruxos. Não seja duro consigo mesmo, senhor Lee.

Palavras doces, mas nada úteis.

Ele até mesmo ousou pedir ajuda ao professor Malfoy, que sorriu para si e perguntou sobre a redação de meio metro que ele havia pedido para a próxima semana. Uma vez sem resposta, o professor de Poções mandou-o se dedicar ao que realmente importava.

Outro conselho inútil.

Sem mais alternativas, Donghyuck cedeu aos conselhos de seus amigos.

E às quatro da tarde de uma terça-feira, ele parou de frente para a sala de monitoria de DCAT.

A pergunta que não queria calar era, se ele estava com tanta dificuldade, por que não foi direto para o reforço?

E, parado no meio de uma multidão com gravatas das quatro casas, estava sua resposta; o aluno responsável pela monitoria. Seu cabelo escuro estava repartido de lado, arrancando suspiros dos alunos mais novos quando ele, periodicamente, passava a mão por ele, jogando-o para trás e sorrindo charmosamente, mesmo que nem percebesse, para quem lhe chamava. Os olhos pretos eram grandes e brilhavam por trás de uma armação tosca, igual ao que o professor Potter usava, quando alguém finalmente conseguiu fazer o que tanto tinha dificuldade. Naquele momento, ele sorria para uma garotinha que havia acabado de desarmar um colega mais velho, dando-lhe os parabéns.

Mark Lee era outro prodígio e o maior protegido do professor Potter. Um bastardo grifinório bonito demais para seu próprio bem, capitão do time de quadribol da Grifinória, monitor-chefe e ex-namorado de Lee Donghyuck.

A humilhação de pisar naquela sala, sabendo que estaria dependendo de Mark para algo que estava desesperado para conseguir fazer, era algo que Donghyuck não desejava nem mesmo para seu pior inimigo. Os olhares de amigos e conhecidos diziam muito, e quase fez o sonserino deixar de lado sua determinação e esquecer a obsessão por seu patrono.

Mas ao pensar no sorriso presunçoso que receberia de Jaemin quando chegasse de mãos vazias no dormitório, como se soubesse que o senso de autopreservação, ou covardia, de Donghyuck fosse gritar mais alto do que sua competitividade acadêmica, o Lee de gravata verde caminhou confiantemente até o pequeno grupo, aguardando que Mark percebesse sua presença ali sem precisar se humilhar ainda mais.

my first and lastOnde histórias criam vida. Descubra agora